segunda-feira, 14 de abril de 2025

Acordo pode elevar salário de Adriane Lopes em 66% enquanto servidores seguem há três anos sem reajuste. Pôr Urias Rocha BR



Acordo pode elevar salário de Adriane Lopes em 66% enquanto servidores seguem há três anos sem reajuste.

Prefeita Adriane Lopes - Campo Grande MS 

Reajuste para prefeita e altos cargos será votado em regime de urgência durante o feriadão; servidores enfrentam cortes e defasagem salarial desde 2022

Por Urias Rocha BR – Jornalista independente e Membro da ADESG

Um acordo silencioso, articulado longe dos holofotes e da participação popular, poderá elevar em 66% o salário da prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), ao passo que os mais de 30 mil servidores municipais continuam sem qualquer reajuste há três anos. A proposta prevê que o subsídio da prefeita passe de R$ 21.263,62 para R$ 35.462,27 já a partir de 1º de abril, segundo revelou o jornal Correio do Estado.

O reajuste beneficiará também os 446 servidores com os maiores salários da administração pública municipal, enquanto a grande maioria dos trabalhadores enfrenta congelamento salarial, cortes em gratificações e a perda de adicionais por local de difícil acesso, especialmente guardas municipais e profissionais da saúde. Alguns destes viram seus vencimentos serem reduzidos em até 60%.

Congelamento e retrocessos

Desde 2022, não há reajuste linear — aquele que repõe ao menos a inflação — concedido à categoria, o que afronta a Constituição Federal. O último aumento, ainda na gestão de Marquinhos Trad (PDT), foi de 10%, dividido em duas etapas. Com a chegada de Adriane Lopes ao Executivo, o funcionalismo viu o poder de compra despencar.

Manobras jurídicas e falta de transparência

Em fevereiro de 2023, a Câmara aprovou projetos que previam aumentos salariais de até 96,7% para a prefeita. A Justiça suspendeu a medida, por considerá-la inconstitucional, já que reajustes para cargos como o de prefeito só são permitidos para vigorar no mandato seguinte. Ainda assim, uma nova articulação judicial e política permitiu, segundo o jornal Correio do Estado, um reajuste de 66% no salário da chefe do Executivo, respaldado por um acordo com representantes do Ministério Público Estadual e do Tribunal de Justiça.

O novo projeto, que também reajusta os subsídios da vice-prefeita Camilla Nascimento (de R$ 15.947,03 para R$ 31.915,80 – 100% de aumento) e dos secretários municipais (de R$ 11.619,70 para R$ 30.142,70 – 159% de aumento), deverá ser votado em regime de urgência nesta terça-feira (22), no meio do feriadão da Semana Santa, prática comum em votações polêmicas e impopulares.

O presidente da Câmara, Epaminondas Neto, o Papy (PSDB), confirmou ao Correio do Estado que a proposta será analisada já na próxima sessão, aproveitando o momento em que a cidade estará esvaziada de atenção pública.

Indignação crescente

Enquanto isso, servidores acumulam perdas salariais e enfrentam desvalorização. O sentimento é de frustração e revolta diante do que consideram um privilégio institucionalizado, realizado sem debate público, sem respaldo constitucional e em total desrespeito ao princípio da moralidade administrativa.

A movimentação, caso concretizada, deve provocar novos protestos, ações judiciais e uma crise ainda maior entre o Executivo e o funcionalismo municial.


Por Urias Rocha BR 

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