*A Anistia Fiscal para Quem Ganha Até 5 Mil Reais Compromete a Isonomia e a Cidadania e não deixa de ser uma medida macro econômica populista**
**Por Urias Rocha**
*Ex-Professor de Geografia, Jornalista e Membro da ADESG BR*
*Introdução**
A discussão sobre a isenção de impostos para quem ganha até R$ 5.000,00 tem ganhado força no debate público, muitas vezes sob o argumento de "aliviar" a carga tributária dos mais pobres. No entanto, como socialista e defensor de um Estado justo e eficiente, entendo que essa proposta é equivocada. A anistia fiscal para essa faixa de renda não apenas fere o **princípio da isonomia**, como também contribui para a **irresponsabilidade fiscal** e o **afastamento do cidadão da coisa pública**.
*O Princípio da Isonomia e a Justiça Tributária**
O artigo 150 da Constituição Federal estabelece que **todos são iguais perante a lei**, inclusive no pagamento de impostos. Criar uma classe inteira de brasileiros isentos de contribuir, mesmo que simbolicamente, gera uma distorção: enquanto uns sustentam o Estado, outros são tratados como meros beneficiários passivos.
A verdadeira justiça social não está em **isentar**, mas em **cobrar de forma progressiva**, garantindo que os mais ricos paguem proporcionalmente mais. Países desenvolvidos, como os do **Norte Global**, não isentam os pobres de impostos, mas aplicam alíquotas mínimas e justas, criando uma **cultura de responsabilidade fiscal**.
*O Perigo da Isenção e a Irresponsabilidade Cívica**
Quando o Estado diz a uma parcela da população que ela **não precisa contribuir**, cria-se uma mentalidade de que os serviços públicos são um **favor**, e não um direito financiado por todos. Isso enfraquece o senso de **cidadania ativa** e a noção de que saúde, educação e segurança são conquistas coletivas mantidas por impostos.
Além disso, a isenção generalizada pode levar a um **rombo fiscal futuro**, já que uma grande parte da população deixaria de financiar o Estado, sobrecarregando ainda mais a classe média e os mais ricos – o que, no longo prazo, pode inviabilizar políticas sociais.
*Minha Proposta: Um Imposto de Renda Escalonado e Justo**
Sou a favor de **todos pagarem impostos**, mesmo que de forma simbólica, para fortalecer o vínculo entre cidadão e Estado. Minha proposta de escalonamento do IR seria:
- **Até R$ 5.000,00:** **2%**
- **R$ 5.001 a R$ 11.000,00:** **7,5%**
- **R$ 11.001 a R$ 19.000,00:** **12,5%**
- **R$ 19.001 a R$ 25.000,00:** **17,5%**
- **R$ 25.001 a R$ 99.000,00:** **27,5%**
- **R$ 100.000 a R$ 1.000.000,00:** **32,5%**
- **Acima de R$ 1.000.000,00:** **35%**
Essa estrutura garante que **todos contribuam**, mas de forma justa, com os mais ricos arcando com uma carga maior. Além disso, defendo a **taxação de grandes fortunas**, seguindo o exemplo de nações desenvolvidas, onde os ultra-ricos pagam mais para manter uma sociedade equilibrada.
*Conclusão: Todos Devem Contribuir, Cada Um na Sua Medida**
A verdadeira **justiça social** não se faz com isenções, mas com um sistema tributário **progressivo e responsável**. Se queremos um país onde os serviços públicos sejam de qualidade e a desigualdade seja reduzida, **todos devem ter participação**, mesmo que mínima, no financiamento do Estado.
A isenção para quem ganha até R$ 5.000,00 pode parecer "benéfica" no curto prazo, mas no longo prazo, **enfraquece a cidadania, sobrecarrega os contribuintes médios e perpetua a ideia de que o Estado é um provedor, e não uma construção coletiva**.
Como socialista, defendo que **todos paguem**, porque só assim construiremos uma sociedade verdadeiramente justa e responsável.
**Urias Rocha**
*Jornalista, Ex-Professor de Geografia e Membro da ADESG BR*
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