A primeira intifada (levante) dos palestinos contra os israelenses ocorreu na Faixa de Gaza, em 1987. No mesmo ano, foi criado o grupo militante islâmico Hamas, que se estenderia posteriormente aos outros territórios ocupados.
Os Acordos de Oslo entre israelenses e palestinos, em 1993, criaram a Autoridade Nacional Palestina (ANP) e concederam autonomia limitada à Faixa de Gaza e partes da Cisjordânia ocupada.
Após uma segunda intifada, muito mais violenta que a primeira, Israel retirou suas tropas e cerca de 7 mil colonos da Faixa de Gaza em 2005.
Um ano depois, o Hamas venceu de forma clara as eleições palestinas. Este resultado gerou uma violenta luta de poder em 2007 entre o Hamas e o partido Fatah, liderado pelo presidente da ANP, Mahmoud Abbas.
O grupo militante saiu vitorioso na Faixa de Gaza. Desde então, o Hamas mantém o poder na região, tendo sobrevivido a três guerras e a um bloqueio de 16 anos.
O Hamas jurou destruir Israel e substituir o país por um Estado islâmico. E, nos últimos anos, o grupo realizou ataques mortais, lançando milhares de foguetes sobre o território israelense.
O Hamas – o grupo como um todo ou, em alguns casos, sua ala militar – é considerado um grupo terrorista por Israel, pelos Estados Unidos, pela União Europeia e pelo Reino Unido, entre outras potências. O grupo conta com o apoio do Irã, que fornece financiamento, armas e treinamento.
O bloqueio Após a chegada do Hamas ao poder, Israel e Egito impuseram um bloqueio terrestre, aéreo e marítimo sobre a Faixa de Gaza. E, apesar dos pedidos das Nações Unidas e dos grupos de direitos humanos, Israel mantém o bloqueio desde 2007.
Este bloqueio causou efeitos devastadores para os civis palestinos, que enfrentam severas restrições de movimentação.
Israel proíbe os palestinos de entrar ou sair da região, "exceto em casos extremamente raros, que incluem condições médicas urgentes que representem risco de vida e uma lista muito restrita de comerciantes", segundo o grupo israelense de direitos humanos B'Tselem.
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Legenda da foto, Israel investiu contra a Faixa de Gaza em represália aos ataques do Hamas em 7 de outubro A organização Human Rights Watch comparou as condições da Faixa de Gaza com "uma prisão ao ar livre", devido às restrições de movimentação impostas por Israel aos palestinos da região.
O bloqueio permite o controle das fronteiras de Gaza e também é exercido pelo Egito. Israel afirma que é uma ação necessária para proteger os cidadãos israelenses contra o Hamas.
Mas o Comitê Internacional da Cruz Vermelha considera o bloqueio ilegal, afirmando que ele infringe as Convenções de Genebra. As autoridades israelenses negam a acusação.
A ONU, diversos grupos de direitos humanos e juristas afirmam que o bloqueio faz com que Gaza permaneça sob ocupação militar por parte de Israel.
Para tentar vencer o bloqueio, o Hamas construiu uma rede de túneis para introduzir mercadorias e armamento na Faixa de Gaza. Os túneis também servem de centro de comando subterrâneo.
Israel considera que esses túneis são uma ameaça. Eles são alvos frequentes de ataques aéreos.
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Legenda da foto, O Hamas construiu uma rede de túneis para levar mercadorias para a Faixa de Gaza
No limiar da pobreza O bloqueio de Israel sobre a Faixa de Gaza já dura 16 anos. Limitando as importações e quase todas as exportações da região, ele levou a economia do território à beira do colapso.
A taxa de desemprego da Faixa de Gaza é de mais de 40%, segundo o Banco Mundial. E a ONU afirma que mais de 65% da população vive abaixo da linha da pobreza.
O Programa Mundial de Alimentos calcula que 63% da população da Faixa de Gaza vive em "insegurança alimentar".
A metade dos palestinos que vivem em Gaza tem menos de 19 anos de idade. Eles têm pouca ou nenhuma perspectiva de crescimento socioeconômico e seu acesso ao mundo exterior é limitado.
Existe também pouco apoio para uma geração de crianças que "vive sob os efeitos psicológicos de longo prazo da constante exposição à violência", segundo um relatório da ONU, que descreve o aumento dos problemas de saúde mental entre os jovens da Faixa de Gaza, incluindo a depressão.
"O fechamento de Gaza impede que profissionais talentosos, que têm muito a dar à sua sociedade, aproveitem oportunidades que pessoas de outros lugares têm como certas", afirmou a Human Rights Watch, em um relatório de 2021.
Para a organização, "impedir que os palestinos em Gaza se movimentem livremente dentro da sua terra natal dificulta a vida e destaca a cruel realidade do apartheid e da perseguição de milhões de palestinos".
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Legenda da foto, Apagões frequentes prejudicam quase todos os aspectos da vida diária na Faixa de Gaza Atualmente, 2,3 milhões de palestinos vivem em um território de cerca de 360 km². Eles fazem com que a Faixa de Gaza seja "um dos territórios mais densamente povoados do mundo", segundo a ONG israelense Gisha.
A ONU afirma que quase 600 mil refugiados vivem em oito acampamentos abarrotados no território.
Como base de comparação, Londres tem densidade populacional de cerca de 5,7 mil habitantes por quilômetro quadrado. Na capital de São Paulo, este índice é de cerca de 7,5 mil pessoas.
Na cidade de Gaza, moram mais de 9 mil pessoas por quilômetro quadrado.
Em 2014, Israel declarou uma zona de defesa ao longo da fronteira para se proteger dos ataques de foguetes e incursões dos militantes islâmicos. Essa delimitação reduziu a quantidade de terra disponível no território para moradias e fazendas.
E os cortes de eletricidade fazem parte do dia a dia na Faixa de Gaza. Segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), a maioria das casas do território só tem eletricidade três horas por dia.
A maior parte da eletricidade da Faixa de Gaza vem de Israel, exceto por uma única usina geradora local e uma pequena quantidade que chega do Egito.
Além da energia elétrica, a água é escassa para a maioria dos habitantes de Gaza e seu sistema público de saúde enfrenta situação precária.
A assistência médica nos territórios palestinos é de responsabilidade da Autoridade Nacional Palestina. Segundo a OCHA, o bloqueio de Israel e do Egito, aliado à redução dos investimentos da ANP no setor de saúde e aos conflitos políticos internos entre a ANP e o Hamas fizeram com que o território chegasse a esta situação.
A ONU colabora administrando 22 centros de saúde, mas diversos hospitais e clínicas já haviam sido danificados, ou mesmo destruídos, em combates anteriores com Israel.
E, agora, com os últimos ataques, as condições dos civis em Gaza e a infraestrutura do território certamente irão se deteriorar ainda mais.
Urias Fonseca Rocha
Brasil - Jornalista
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