A ciência política é o campo das ciências sociais que estuda as estruturas que moldam as regras de convívio entre as pessoas em agrupamentos. A ciência política dedica-se a entender e moldar as noções de Estado, governo e organização política, e pode estudar também outras instituições que interferem direta ou indiretamente na organização política, como ONGs, Igreja, empresas etc. Alguns teóricos restringem o objeto de estudo da ciência política ao Estado, outros defendem que o seu objeto é mais amplo, sendo o poder, em geral, aquilo que deve ser estudado por essa área.
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O que é ciência política?
Existe uma grande área de estudos dentro das ciências humanas denominada ciências sociais. As ciências sociais são compostas pela sociologia, antropologia, psicologia social, economia e ciência política. A ciência política é a parte das ciências sociais que se dedica a tentar entender, exclusivamente, as formações políticas estruturais que o ser humano criou para garantir o convívio pacífico em grandes sociedades.
A ciência política é responsável por entender e moldar as questões relativas ao poder na sociedade, estabelecendo normas e preceitos para o pleno funcionamento das instituições sociais, da economia, do Estado e do sistema jurídico. Fica a cargo da ciência política a provisão intelectual e teórica de meios de ação do ser humano e das instituições que beneficiem a vida coletiva.
História da ciência política
Desde a Antiguidade clássica, o ser humano criou mecanismos de poder para garantir alguma estrutura de organização social. Apesar de ainda não existir uma ciência política na Grécia ou Roma antigas, textos de legisladores, governantes e filósofos, como Platão e Aristóteles, demonstram esforços intelectuais para entender e organizar o meio político.
Durante o Renascimento, o filósofo e teórico político Nicolau Maquiavel desenvolveu estudos sobre o modo como um governante deve agir, expondo suas teorias no livro O príncipe, que é uma fonte bibliográfica fundamental para os estudos de ciência política. No século XVI, o jurista e teórico político francês Jean Bodin deu significativas contribuições para o entendimento dos mecanismos absolutistas.
No século XVII, notamos a importância das teorias do filósofo e teórico político Thomas Hobbes, também em defesa das estruturas políticas absolutistas. Ainda no século XVII, é o filósofo inglês John Locke quem imprime um grande salto nos estudos de teoria política, defendendo um liberalismo político necessário para permitir a evolução econômica da sociedade. Esse liberalismo não era compatível com a antiga política absolutista.
No século XVIII, os teóricos do iluminismo francês, filósofos como Montesquieu e Voltaire, foram responsáveis por uma renovação nas teorias políticas, defendendo uma noção de Estado mais justa, que expandisse a cidadania a um maior número de pessoas. São dessa época a defesa das liberdades individuais e a noção de tripartição do poder político dentro de um Estado democrático (ideia criada por Montesquieu).
No entanto, a delimitação da ciência política como campo autônomo e sistematicamente organizado somente ocorreu na segunda metade do século XIX, no contexto do nascimento das ciências sociais, em especial da sociologia e da antropologia. Até então, o que os teóricos políticos haviam feito pendia mais para especulações filosóficas do que para uma ciência.
Foi o filósofo francês Auguste Comte quem postulou a necessidade de uma ciência humana capaz de estudar rigorosamente a sociedade a fim de estabelecer mecanismos de progresso social. Com a evolução dos métodos relativos a essa ciência, que se deram com os estudos do filósofo, sociólogo e economista alemão Karl Marx e do filósofo e sociólogo francês Émile Durkheim, outros pensadores começaram a buscar novas delimitações que saíssem do eixo específico da sociologia e aprofundassem-se em temas semelhantes, mas específicos de suas áreas.
Essas novas subdivisões eram a antropologia, que surge, pela primeira vez, dos estudos de teóricos como os ingleses Edward Burnet Tylor e Herbert Spencer, e a ciência política, termo criado pelo historiador estadunidense Herbert Baxter Adams, em 1880.
Desde então, a ciência política estabeleceu-se como campo autônomo de estudo, tendo se fixado primeiro nos Estados Unidos e se desenvolvido bastante na França e na Alemanha. No Brasil, a ciência política somente passou a ser sistematicamente estudada e praticada autonomamente, sem estar formalmente vinculada ao estudo de sociologia, a partir da segunda metade do século XX.
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A importância da ciência política
A ciência política é de extrema importância para o avanço do estudo dos mecanismos de poder. A atuação de políticos, sejam do poder Executivo, sejam do poder Legislativo, de juristas e de economistas ou pessoas ligadas ao grande mercado financeiro está diretamente ligada ao poder. Entender o poder é necessário para que haja avanço nas instituições políticas e para que se evitem os abusos de poder perpetrados pelo Estado, por governos ou por instituições financeiras. Para que os avanços nesse campo sejam efetivos, existem quatro conceitos básicos:
Cidade: são as primeiras instituições políticas que agruparam seres humanos por meio de uma estrutura jurídica bem definida. Com o nascimento da pólis (cidade-estado), na Grécia Antiga, surge a preocupação com a política.
Cidadania: é de extrema importância, enquanto noção, para a ciência política, e ela existe em qualquer formação política, variando apenas a abrangência do poder permitido por esse dispositivo. Na aristocracia, a cidadania é garantida a uma minoria escolhida supostamente por suas qualidades; na oligarquia, a um grupo maior que o aristocrático, escolhido pelo poder financeiro. No absolutismo, a cidadania restringe-se à figura do monarca. Na democracia, ela é distribuída entre todos que podem participar do sistema político.
Direitos: (civis e políticos) são objetos de estudos da ciência política em conjunto com a ciência jurídica (direito).
Estado: uma das mais importantes noções da ciência política, pois é ela que tenta entender as formas e estruturas políticas mais notáveis do tratamento político social.
Todos esses conceitos estão diretamente ligados à noção fundamental da ciência política de poder.
O curso de Ciência Política
Dentro dos cursos superiores de ciências sociais, existem as habilitações que concedem o bacharelado em Ciência Política. Também existem os cursos superiores em Ciência Política autônomos, ou seja, que não estão ligados diretamente a um instituto de Ciências Sociais.
A grade básica do curso compreende disciplinas como teorias políticas, estruturas políticas, teorias de Estado, tipos de governo, entre outras. Também compõem a grade básica dos cursos matérias relacionadas ao direito, à economia, à sociologia, à filosofia e uma grande parte de estudos vinculados à história.
Urias Rocha BR
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