Esse mapa é uma grande síntese das condições físicas do território brasileiro. Permite observar a distribuição dos domínios naturais, que contêm informações sobre o clima, a vegetação e o relevo. Nos climogramas, pode-se observar o comportamento das temperaturas médias e o total das chuvas nos principais domínios. É importante ressaltar que em um mesmo tipo de clima podem ocorrer diferentes tipos de vegetação, devido às variações de relevo e solo.
De acordo com Aziz Ab’Saber, delimitam-se os domínios morfoclimáticos brasileiros em seis regiões, além das áreas de transição: Amazônico, Cerrado, Mares de Morros, Caatinga, Araucária e Pradarias. Nesta aula, estudaremos também sobre o Pantanal Mato-grossense e a Vegetação Litorânea.
De maneira geral, o elemento mais característico do domínio morfoclimático é a vegetação, pois é determinada pelo relevo e clima. A vasta extensão territorial do Brasil, além de sua diversidade climática e morfológica, explica a extraordinária riqueza vegetal do país.
Apesar de muito devastada – vítima da prática indiscriminada do extrativismo vegetal – a vegetação natural é um elemento marcante da paisagem geográfica do Brasil. O país concentra quase um terço de todas as espécies vegetais do mundo e é produtor e exportador de produtos vegetais como madeira, óleo, cera, fibras, etc. O extrativismo vegetal de produtos como o látex (borracha), a castanha-do-pará, o guaraná e o babaçu ocorre predominantemente nas regiões Norte e Nordeste, sendo a madeira o produto extrativo vegetal de maior valor.
No Brasil, é sistemática a destruição de florestas nativas e paisagens vegetais. Florestas são frequentemente transformadas em áreas de cultivo e pastagens. As formações vegetais das regiões mais industrializadas ou de ocupação antiga foram muito devastadas. A Mata Atlântica e a Mata dos Pinhais são exemplos disso.
Os domínios morfoclimáticos
O domínio amazônico
Compreendendo 40% de nosso território, é uma mata heterogênea, com grande diversidade biológica - flora e fauna exuberantes. Dominam campos ideais para a criação e florestas de seringueiras e grandes florestas do tipo tropical e pluvial. Na maior parte desse domínio, predominam terras baixas, de estrutura geológica sedimentar e relevo plano.
Principais características:
- É perene (sempre verde).
- É densa e intrincada.
- As árvores chegam a atingir 60 metros de altura.
- Encontra-se em processo de devastação.
Nessa região de clima equatorial dominada pela Floresta Amazônica, as médias térmicas são elevadas e as chuvas, abundantes. A diferença de insolação entre o dia mais longo do ano e o mais curto é muito pequena. A amplitude térmica anual é, portanto, pequena. As chuvas são abundantes devido ao sistema de evapotranspiração. As árvores transferem a água para a atmosfera, na forma de vapor, graças à energia solar. O índice de precipitação pluvial mantém-se elevado, com pelo menos 1500mm/ano. A umidade relativa, na altura do chão, varia em torno de 80% na maior parte do ano.
Dominam grandes florestas do tipo tropical e pluvial. A Floresta Amazônica costuma ser dividida em três tipos de matas, de acordo com sua proximidade em relação aos rios.
- Mata do Igapó: ao longo dos rios e permanentemente inundada pelas cheias dos rios. Suas plantas são higrófilas, possuindo espécies comuns como a vitória-régia, as orquídeas, os musgos, as bromélias e outras.
- Mata de várzea: sujeita às inundações periódicas ao longo dos rios, destacando-se a seringueira.
- Mata de terra firme: corresponde a cerca de 90% da Amazônia, ocupando as parte mais elevadas. São áreas não afetadas pelas inundações dos rios. Nela encontramos a castanheira, o caucho, o guaraná entre outras espécies.
Vitória-régia
A floresta abriga 2.500 espécies de árvores e 30 mil espécies de plantas além de uma enorme variedade de espécies animais. As florestas são densas, portanto estimulam a exploração madeireira. Sua ampla flora é uma fonte rica de elementos naturais, com amplas perspectivas medicinais. O subsolo é rico em minerais como a bauxita, ouro, ferro e manganês.
A floresta apresenta um imenso potencial hidráulico para navegação e energia. A bacia amazônica, que é a maior bacia hidrográfica do mundo, possui 1.100 afluentes e cobre uma extensão de cerca de seis milhões de quilômetros quadrados. Seu principal rio é o Amazonas, que corta a região e desagua no Oceano Atlântico, lançando no mar, a cada segundo, cerca de 175 milhões de litros de água.
Cerca de 15% da área original da floresta já foi desmatada devido à colonização, ao avanço da fronteira agrícola, à construção de rodovias, às atividades mineradoras e à exploração madeireira. Estimativas oficiais preveem que até 2020, a Amazônia terá perdido 25% de sua cobertura nativa (fonte WWF).
É importante ressaltar que apesar de toda a riqueza, o ecossistema local é frágil. Isso se deve ao fato de a floresta viver de seu próprio material orgânico em meio a um ambiente úmido em que as chuvas são abundantes. A menor imprudência pode danificar de forma irreversível seu delicado equilíbrio.
É o bioma brasileiro que possui a maior porcentagem de área em Unidades de Conservação (10%).
O domínio das caatingas
Característica do Nordeste seco, abrange os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, sul e leste do Piauí e norte de Minas Gerais. Representa cera de 10% do território nacional.
A maior parte desse domínio é uma depressão - área mais baixa que as terras ao redor - localizada entre planaltos e com presença de chapadas. O solo é raso e pedregoso, embora relativamente fértil e a biodiversidades é alta. O clima é semiárido, com chuvas escassas e mal distribuídas ao longo do ano, o que provoca a existência de rios temporários, ou seja, que secam. O índice pluviométrico anual é de 300 a 800 milímetros.
Mesmo quando há chuva, o solo pedregoso não é capaz de armazenar a água que cai. Além disso, a temperatura elevada –a média é de 25 a 29 graus centigrados – prova intensa evaporação.
A vegetação da caatinga apresenta plantas com espinhos e aparecem cactos, o que caracteriza uma formação xerófila (adaptada à escassez de água). Aparecem também arbustos e pequenas árvores, tais como o juazeiro, a aroeira e a baúna.
Apresentam plantas xerofíticas com duas floras características. Uma apresenta-se periodicamente ( apenas após a chuva ) e a outra permanece sempre. Na primeira destacamos as leguminosas. Na segunda, a carnaubeira, linda palmeira chamada a árvore da previdência, donde tudo se tira, nada se perde. Aparecem, ainda cactáceas, caroá, macambira, icó, etc.
A caatinga desenvolve-se no Sertão nordestino. Cerca de 80% de sua área já foi devastada pela implantação de atividades agrícolas e pecuárias. Seus principais problemas ambientais são a salinização do solo e a desertificação.
Na Caatinga, encontram-se também “ilhas de umidade”, chamadas de brejos. Estas constituem exceções no contexto morfoclimático semiárido da caatinga, pois apresentam solos férteis onde é possível colher quase todos os tipos de alimentos tropicais. A ocorrência desses enclaves depende da altitude, de menores taxas de evapotranspiração e do maior volume pluviométrico anual.
Os rios São Francisco e Parnaíba cruzam a Caatinga.
Urias Rocha®
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixem seus comentários, com responsabilidade e cidadania.