domingo, 2 de dezembro de 2018

Brasil nanico do pós golpe tem passagem invisível no G20.

Presidente brasileiro se despede das cúpulas internacionais com uma defesa do multilateralismo, contrária à postura de seu sucessor Bolsonaro, que defende a quebra do acordo de Paris. 

O presidente Michel Temer, o princípe da Arábia Saudita Mohammed bin Salman e o presidente dos EUA Donald Trump.
O presidente Michel Temer, o princípe da Arábia Saudita Mohammed bin Salman e o presidente dos EUA Donald Trump.
Na foto de família dos líderes do G20Michel Temer ficou isolado numa das laterais, justo debaixo do questionado príncipe herdeiro saudita Mohamed Bin Salman. O presidente brasileiro, em fim de mandato, teve uma presença apagada na reunião, ao contrário do protagonismo desempenhado pelo gigante sul-americano em cúpulas prévias. Embora o Brasil seja o maior parceiro comercial da Argentina, Temer não se reuniu com Mauricio Macri, anfitrião do encontro. Sua agenda foi uma das mais reduzidas e só incluiu duas reuniões bilaterais, com a Austrália e Singapura.
A passagem silenciosa de Temer pela cúpula mundial se explica sobretudo porque está perto de abandonar a Presidência que assumiu em 2016, depois do impeachment de Dilma Rousseff. Em 1.o de janeiro, seu lugar será ocupado pelo ultradireitista Jair Bolsonaro, vencedor da eleição presidencial. A crise política e institucional do Brasil e o recorde de impopularidade do mandatário, que chegou a alcançar 90%, também contribuíram para sua presença discreta no evento.
O interesse pelo Brasil teria sido muito maior caso Bolsonaro tivesse comparecido. Ele foi convidado pelo G20, mas não pôde viajar por causa das complicações de saúde que o acometem desde que foi esfaqueado num ato de campanha.
Bolsonaro e Temer têm mantido uma relação cordial, mas que ficou mais tensa nos últimos dias com declarações de ambas as partes. Na capital argentina, o presidente brasileiro se alinhou com a China e os demais BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em defesa do multilateralismo, uma postura que Bolsonaro rejeita. “Reafirmamos nosso respaldo à Organização Mundial do Comércio (OMC) e ao seu mecanismo de resolução de controvérsias. Estamos dispostos a dar nosso aporte a debates que tenham lugar na própria OMC sobre o futuro de uma organização que queremos mais forte e mais atuante”, afirmou Temer em seu encontro com os BRICS.
Em meio à guerra comercial entre Estados Unidos e China, o mandatário se mostrou mais próximo do país asiático. O mundo “deve rejeitar as aparentes vantagens do protecionismo e do isolacionismo”, advertiu em seu pronunciamento. Sua mensagem se opõe à postura pública de Bolsonaro, que defende a promoção de acordos bilaterais, como Trump, e considerada agora o principal obstáculo para a assinatura do postergado acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
O último desencontro entre Temer e Bolsonaro foi em torno da reforma da Previdência proposta pelo primeiro. O líder ultradireitista tomou distância do projeto de lei, afirmando que “não podemos querer salvar o Brasil matando o idoso”. Em coletiva com jornalistas brasileiros durante o G20, Temer se mostrou surpreso com as palavras de seu sucessor e afirmou que muitos dos que criticam a reforma “não a leram” já que, em sua opinião, é muito branda.
Buenos Aires será a última cúpula mundial de Temer, mas ele será um dos primeiros a abandonar a capital argentina. Quando os líderes das principais economias mundiais assinarem a declaração conjunta, ele planeja se dirigir ao Aeroporto de Ezeiza e embarcar no avião que o levará de volta para casa.
Urias Rocha - Mato Grosso do Sul - Brasil
Fontes: El Pais - Aljazeera 

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