quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

As Perseguições Contra Manifestações Artísticas: Um Culto à Ditadura de 1964 e o Fascismo Intrínseco na Sociedade Brasileira

 As Perseguições Contra Manifestações Artísticas: Um Culto à Ditadura de 1964 e o Fascismo Intrínseco na Sociedade Brasileira

Por Urias Rocha BR - Jornalista progressista independente

O fantasma da Censura volta a assustar a cultura e a arte no pós ditadura. 


A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi um reflexo da sociedade, um espelho que revela contradições, questiona normas e desafia o status quo. No Brasil, no entanto, esse espelho tem sido repetidamente quebrado por ações autoritárias que buscam silenciar vozes dissonantes e impor uma visão única de cultura. Recentemente, casos como o do artista Oruam, que teve sua música proibida por uma câmara municipal, e outras ações semelhantes de censura a manifestações culturais, reacendem um debate crucial: estamos diante de um culto à herança da ditadura militar de 1964, que criou mecanismos específicos para controlar a arte, ou de um fascismo intrínseco que persiste em uma sociedade seletiva e preconceituosa?


A ditadura militar brasileira (1964-1985) foi marcada por uma sistemática perseguição à liberdade de expressão. O regime criou, inclusive, uma pasta exclusiva para censurar músicas, peças teatrais, filmes e outras formas de arte que não se alinhavam aos seus interesses. Artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil foram alvos diretos dessa máquina de repressão, que via na arte um inimigo a ser combatido. A censura não era apenas uma ferramenta de controle, mas uma forma de impor uma narrativa única, apagando diversidades e pluralidades.


Hoje, décadas após o fim da ditadura, assistimos a um fenômeno perturbadoramente semelhante. Câmaras municipais e outros órgãos públicos têm se arvorado no direito de decidir o que pode ou não ser expresso artisticamente. O caso de Oruam, cuja música foi proibida sob alegações de "conteúdo inadequado", é emblemático. Não se trata de uma ação isolada, mas de uma tendência que se repete em diversas partes do país, onde manifestações culturais são cerceadas sob o pretexto de "preservar a moral e os bons costumes".


Essa constante interferência na cultura não é apenas um resquício do autoritarismo do passado; é a manifestação de um fascismo intrínseco que ainda habita o imaginário social. Uma sociedade que se diz democrática, mas que é extremamente seletiva e preconceituosa, acaba por reproduzir práticas que deveriam estar relegadas aos porões da história. A proibição de manifestações artísticas é, acima de tudo, uma forma de controle social, uma tentativa de manter as estruturas de poder intactas e silenciar aqueles que ousam questioná-las.


O fascismo não se resume a regimes políticos específicos; ele se manifesta em práticas cotidianas que buscam anular a diversidade e impor uma visão única de mundo. Quando uma câmara municipal proíbe uma música ou um grupo artístico é impedido de se apresentar, não estamos apenas diante de um ato de censura, mas de uma negação da própria democracia. A arte, por sua natureza, é plural e inclusiva. Ao censurá-la, estamos reforçando uma lógica excludente e autoritária.


É urgente que a sociedade brasileira enfrente esse legado autoritário e reconheça a importância da liberdade artística como pilar fundamental de uma democracia verdadeira. A luta contra a censura não é apenas uma luta dos artistas, mas de todos aqueles que acreditam em um mundo mais justo e plural. A ditadura de 1964 pode ter acabado, mas suas sombras ainda nos assombram. Cabe a nós, como sociedade, garantir que essas sombras não se tornem, mais uma vez, nossa realidade.


A arte resiste. E é na resistência que ela encontra sua força. Que possamos, como sociedade, aprender com ela e construir um futuro onde a diversidade seja celebrada, não temida.


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