Por Urias Rocha Br
O mundo testemunha uma escalada sem precedentes no conflito entre a Rússia e a OTAN, com a recente autorização de uso e fornecimento de mísseis de longo alcance pelos EUA, França e Inglaterra contra a Rússia. Esse movimento, que muitos ainda subestimam, pode ser interpretado como o marco inicial de uma Terceira Guerra Mundial, com consequências devastadoras para a ordem global.
A Rússia, profundamente ligada a seus territórios históricos, jamais aceitará perder áreas que considera essenciais à sua identidade e segurança. A Ucrânia, palco desse confronto, é um território complexo. Milhões de russos vivem em seu solo, especialmente nas regiões de Donetsk, Lugansk, Crimeia e outras áreas que têm fortes laços históricos e culturais com Moscou. Dados demográficos mostram que a presença de russos é significativa em partes da Ucrânia, mas afirmar que 90% da população ucraniana é russa não condiz com as estatísticas oficiais.
A guerra, que começou com a anexação da Crimeia em 2014 e escalou em 2022 com a invasão russa, é uma disputa multifacetada. Desde o início, a Ucrânia recebeu apoio militar e logístico de países da OTAN, enquanto mercenários estrangeiros se juntaram ao conflito. Estima-se que mais de 20 mil combatentes estrangeiros tenham lutado contra as forças russas, destacando a internacionalização desse conflito. Do outro lado, a Rússia agora conta com o apoio formal de militares da Coreia do Norte, ampliando o alcance global da guerra.
A Geopolítica das Nações
A história mostra que fronteiras e estados-nações sempre foram moldados por guerras e decisões políticas. O Estado de Israel, por exemplo, foi criado em 1948 por decisão da ONU, após décadas de disputas territoriais e religiosas. No entanto, sua fundação resultou no deslocamento e na morte de milhares de palestinos, gerando tensões que persistem até hoje.
De forma semelhante, o assalto ao petróleo do Iraque nas guerras lideradas pelos EUA reflete um padrão de intervenção em nome de interesses econômicos e estratégicos. Essas ações frequentemente desestabilizam regiões inteiras, deixando um rastro de destruição e sofrimento.
No caso da América Latina, o Esequibo, disputado entre a Venezuela e a Guiana, e as Ilhas Malvinas, ainda sob domínio britânico, são exemplos de conflitos territoriais não resolvidos, em que potências estrangeiras mantêm o controle sobre recursos estratégicos.
O Sistema Financeiro Global e os Desafios Econômicos
Outro ponto crítico é o sistema financeiro global. A Rússia e a Venezuela tiveram bilhões de dólares em reservas congeladas, como parte de sanções econômicas impostas por potências ocidentais. Essas sanções são frequentemente vistas como ferramentas de dominação econômica, controladas por instituições como o SWIFT e sistemas bancários internacionais.
O dólar, sem um lastro fixo desde o fim do padrão-ouro em 1971, opera como uma moeda global, imprimida em volumes exorbitantes pelos EUA. Atualmente, o PIB dos EUA gira em torno de 28 trilhões de dólares, enquanto sua dívida ultrapassa os 44 trilhões, com uma emissão de moeda que supera os 100 trilhões. Essa situação é insustentável e contribui para um sistema econômico global injusto.
O Papel do BRICS e uma Nova Ordem Mundial
Diante desse cenário, o BRICS surge como uma alternativa viável à hegemonia do dólar e ao controle econômico das potências ocidentais. Composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o grupo busca criar uma nova moeda internacional que não dependa de interesses privados ou bancários centralizados. Essa iniciativa tem o potencial de inaugurar uma nova ordem mundial, mais equilibrada e justa, promovendo maior integração entre nações soberanas.
Reflexões Finais
A guerra na Ucrânia é um microcosmo das disputas geopolíticas que moldam nosso mundo. Para entender os eventos atuais, é essencial revisitar a história e questionar as narrativas dominantes, frequentemente influenciadas por interesses de elites globais. Somente com conhecimento e consciência histórica poderemos construir um futuro mais justo e integrado para todas as nações.
Urias Rocha BR
Jornalista MS
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