sábado, 7 de janeiro de 2023

DIFERENÇAS ENTRE PECUÁRIA INTENSIVA E EXTENSIVA

DIFERENÇAS ENTRE PECUÁRIA INTENSIVA E EXTENSIVA

pecuária intensiva e extensiva

6 minutos para ler

Nos últimos anos, o mundo viu o Brasil alavancar a sua produção de carne bovina, saindo da quinta posição em 1960 e alcançando a segunda colocação em meados da década de 1990, posição em que ainda se mantém. Embora estejamos atrás dos EUA na produção, somos os maiores exportadores do setor — e essa discrepância se deve às diferenças entre pecuária intensiva e extensiva.

O uso da tecnologia e a área explorada para a criação dos animais são os dois principais fatores que diferem um sistema produtivo de outro. Todo pecuarista deve conhecer as suas particularidades para que entender como cada estratégia aplicada impacta a produtividade do rebanho e, então, implementar algumas medidas de melhoria.

Afinal, quais são as características da pecuária intensiva e da extensiva? Quais as vantagens e as desvantagens de cada um desses tipos de pecuária? Continue conosco e entenda!

O que é a pecuária intensiva?

Este é um dos tipos de pecuária conhecido como sistema de confinamento e semiconfinamento, em que se cria um maior número de animais em uma menor área. As fazendas que desenvolvem suas atividades de modo intensivo aplicam largamente a tecnologia, incluindo o uso de inseminação artificial, de maquinários e de insumos e fertilizantes.

Devido ao confinamento e ao semiconfinamento, as estratégias nutricionais são bastante avançadas e se unem às demais técnicas para impulsionar a produtividade do rebanho. Da mesma forma, os métodos de preparo do solo e cultivo de forrageiras também são avançados, e a exploração desse recurso se dá por um tempo maior.

Vantagens

A principal vantagem da pecuária intensiva é, sem dúvidas, os elevados índices de produtividade alcançados em função das estratégias alimentares. Para um bom desempenho dos animais, deve-se investir em uma ração bem balanceada, silagem ou pasto de qualidade, melhorando o ganho de peso dos animais, bem como o rendimento da carcaça no período de terminação.

Este tipo de pecuária (semiconfinamento), portanto, melhora o uso da pastagem, bem como possibilita o alcance da taxa ótima de lotação com o melhor ganho de peso e a rentabilidade por hectare.

Também podemos citar, claro, a necessidade de espaços menores para o sistema e o maior controle sobre todas as etapas do ciclo produtivo. A redução da mão de obra também é tida como uma vantagem do sistema.

Desvantagens

A principal desvantagem apontada nesse sistema é o seu alto custo de implantação e produção. Para assegurar o bem-estar animal, as estruturas devem ter a ambiência ideal para os bovinos. Afinal, questões dessa natureza podem impactar severamente a produtividade do rebanho.

Animais estressados têm um rendimento de crescimento menor, tende a ter menor produtividade e qualidade de carne. Além disso, o consumo de ração e de pasto cultivado é maior devido ao número elevado de animais em uma área restrita. Como a pecuária intensiva utiliza métodos modernos de controle de produção, a mão de obra é reduzida, porém precisa ser especializada.

Outro ponto é o investimento constante em novas tecnologias trazidas para essa área. É claro que isso retorna posteriormente em lucratividade por gerar um produto com maior valor agregado. Contudo, a curto prazo, pode ser um tanto quanto pesado, principalmente para o pequeno produtor, que muitas vezes pode ter maior dificuldade de acompanhar esse processo.

Impactos da técnica na produção

A pecuária intensiva exige cuidados com o manejo dos animais, já que eles estarão confinados. Com isso, é preciso ter uma melhor gestão do bem-estar deles, utilizando o controle de questões como temperatura, espaço, qualidade da água e entre outros.

Contudo, este é um dos tipos de pecuária no qual os produtores têm maior controle sobre a produtividade do animal, avaliando o desenvolvimento e a produtividade de forma mais tranquila. Além disso, exige o uso de mais tecnologias no seu dia a dia, mas isso não inviabiliza os processos.

Outro ponto que representa um bom impacto é que, por exigir maior controle, ela tende a ser mais custosa. Mas lembre-se de que esse é um investimento que retorna no valor agregado do produto que você vai comercializar no futuro.

Indicação da pecuária intensiva

A pecuária intensiva, pelo seu maior controle dos animais, permite ter resultados de engorda mais controlados e, consequentemente, mais ágeis e de qualidade. Para o gado de corte, isso pode ser interessante, visto que há uma seleção mais apurada do animal.

Com isso, é possível garantir uma venda para mercados mais selecionados, os quais exigem carne de maior qualidade para comercialização.

O que é a pecuária extensiva?

A pecuária extensiva, por sua vez, consiste na criação do gado a pasto em grandes áreas, ocupando latifúndios e propriedades familiares. De modo geral, não há tantos investimentos quanto na pecuária intensiva.

A dieta, portanto, é majoritariamente pasto e suplemento mineral. Nas épocas de seca do ano em que há escassez de forrageiras, utiliza-se um suplemento mineral com ureia.

Vantagens

A principal vantagem deste tipo de pecuária é o baixo investimento que o sistema requer — mesmo que sejam necessárias a suplementação e a reposição mineral, já que as pastagens apresentam deficiência em um ou outro nutriente em diferentes épocas do ano.

Desvantagens

A grande desvantagem da pecuária extensiva é justamente a necessidade de ocupar amplas áreas de terra, o que acarreta impacto ambiental e degradação de biomas nativos. Além disso, há ineficiência no controle do desempenho de cada animal, já que o rebanho se espalha pela propriedade.

Também existe o risco de o gado apresentar carência de nutrientes devido à baixa produtividade das forrageiras. Entretanto, já podemos destacar que essas dificuldades são contornadas com estratégias alimentares, como a suplementação mineral.

Para um melhor entendimento da diferença entre a pecuária intensiva e extensiva, segue abaixo a demonstração de um plano nutricional para os diferentes sistemas de produção.

Cerca de 95% do rebanho brasileiro é criado solto, mas a implantação de estratégias tecnológicas e o cuidado em todas as etapas da cadeia têm impulsionado vertiginosamente a produção de carne bovina no país.


Por Urias Rocha BR

Jornalista e Corretor de Fazendas BR

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