CULTIVO DA SOJA: TUDO O QUE DEVE SER FEITO PARA A EXCELÊNCIA
O Brasil é um país com elevado potencial produtivo de soja, fruto das pesquisas realizadas no passado que levaram à adaptação da cultura a condições favoráveis para a sua produção.
Isso faz com que a soja tenha a maior área plantada entre os grãos e o Brasil seja o maior produtor da leguminosa atualmente.
Embora possua sistema de produção já estabelecido para soja no país, o produtor deve estar atento a todas as etapas de condução da lavoura para obter elevadas produtividades.
Por isso, abaixo produzimos um conteúdo completo sobre a cultura da soja, destacando as principais etapas para a melhor lucratividade na safra, desde antes do plantio até após a colheita. Confira!
Índice de Conteúdo (clique e vá direto ao assunto que procura)
- 1. Preparo e Manejo do Solo para o Plantio da Soja
- 2. Plantio de Soja
- 3. Nutrição e Adubação da Soja
- 4. Tratos Culturais da Soja
- 5. Calcular e Otimizar a Produtividade da Soja (PMS)
- 6. Colheita da Soja
- 7. Custo Agrícola em Fazendas de Soja
- 8. Tecnologias de Agricultura de Precisão na Soja
- Conclusão
- Falar com um analista CHBAGRO
PREPARO E MANEJO DO SOLO PARA O PLANTIO DA SOJA
O solo é o meio de crescimento, desenvolvimento e de sustentação física das plantas. Dele as plantas absorvem água e nutrientes para o seu suprimento através das raízes.
Consequentemente, a produtividade da lavoura está diretamente relacionada com o preparo e manejo do solo.
No plantio da soja algumas recomendações técnicas devem ser consideradas que irão influenciar ao longo de todo o ciclo da cultura.
Dentre elas, é necessário que o produtor esteja atento à densidade populacional e ao espaçamento entre linhas, à profundidade de plantio e à utilização de sementes de boa procedência e de boa sanidade.
As condições de temperatura e teor de água no solo devem ser adequadas para a germinação das sementes e emergência das plântulas.
O manejo do solo adequado a ser adotado deve levar em consideração as características físicas, químicas e biológicas de modo a garantir que o potencial genético da semente, ajustado as condições climáticas do local, seja eficaz.
O início das operações ocorre com a análise da propriedade e amostragem do solo.
Normalmente, a amostragem é feita da camada 0-20cm de profundidade e recomenda-se que a coleta e a análise do solo sejam feitas cerca de três meses antes do plantio.
Após, são feitas a interpretação dos resultados e as recomendações.
A correção e adubação do solo contribuem para o aumento no volume de raízes e, consequentemente, em maior absorção de água e nutrientes, que são fatores limitantes de produção, e promoção da fixação biológica de nitrogênio (FBN).
Com respeito às condições físicas do solo, o preparo e o manejo devem promover a armazenagem e disponibilidade de água assim como favorecer a infiltração e evitar que ocorra o processo erosivo.
A compactação do solo reduz o espaço poroso e a aeração, dificultado o desenvolvimento radicular, absorção de água, nutrientes e a FBN.
A utilização de máquinas e implementos agrícolas no plantio da soja deve estar de acordo com o espaçamento adotado para a cultura, com as características da propriedade e com manejo adotado.
Atualmente, o plantio da soja pode ser feito sob os manejos:
- Plantio convencional
- Cultivo mínimo
- Semeadura direta
Dentre as práticas que favorecem a ciclagem de nutrientes, aumento da matéria orgânica, manutenção do conteúdo de água, controle de temperatura e biodiversidade no solo tem-se a utilização de adubação verde em rotação ou sucessão de culturas.
É importante destacar que o planejamento do preparo do solo para o plantio da soja e o e manejo adotado devem ser bem ajustados às condições do local e do produtor.
O adequado preparo e manejo do solo para o plantio da soja são essenciais para o sucesso na produtividade, pois influenciam diretamente no desenvolvimento radicular das plantas e, consequentemente, na absorção de água e nutrientes.
PLANTIO DE SOJA
O plantio de soja é um dos processos essenciais para se ter uma boa lucratividade com a sua plantação.
Para isso, na plantação de soja deve ter um planejamento adequado para se iniciar a lavoura com perspectivas para uma boa produtividade.
É claro que ao longo da cultura outros favores são importantes como o clima, pragas, plantas daninhas e doenças, mas não podemos esquecer a importância de iniciar com excelência a plantação de soja.
Aproveitando que se aproxima a época do plantio da soja, este conteúdo irá te auxiliar a planejar a sua lavoura para ter uma excelente plantação de soja e com boas perspectivas de lucratividade.
Importância da Soja no Brasil
A soja é o grão mais produzido no país e vem ganhando cada vez mais espaço devido sua rentabilidade, sendo uma commodity agrícola de grande importância para o Brasil.
Na safra 2020/21 área com soja foi de 38,5 milhões de hectares e com produção recorde de 135,4 milhões de toneladas, representando incremento de 8,5% em comparação à safra passada, segundo a Conab.
Isso mostra o quanto esse grão é importante para a agricultura do país e é no plantio que se inicia o processo para se ter sucesso na colheita de soja. Melhorar o processo de plantio pode alavancar a produtividade.
Para te ajudar com a plantação de soja, conheça sobre a planta e o ciclo da cultura.
Plantação de Soja: Conheça sobre o Ciclo da Cultura
A soja é uma planta leguminosa, da subfamília Fabaceae, com ciclo anual.
A planta tem porte ereto, herbácea e possui flores que podem ser de coloração branca ou púrpura.
O ciclo da soja é dividido em fase vegetativa (V) e fase reprodutiva (R), sendo que seu ciclo pode variar em função das cultivares podendo ser de 100 a 150 dias.
A fase vegetativa abrange desde a germinação e emergência até o início do florescimento, já a fase reprodutiva se inicia com o florescimento e se estende até a maturação fisiológica dos grãos.
Lembrando que para classificar as plantas de soja em uma fase do ciclo da cultura, 50% ou mais das plantas devem estar neste estágio.
No esquema abaixo você pode entender melhor sobre o ciclo da soja:
Fonte: Fehr, Caviness (1977) em Tejo, Fernandes e Buratto
Operações, Máquinas e Implementos para o Plantio da Soja
O plantio é considerado um dos processos de maior importância na cultura da soja, pois é o início da lavoura, se você já não começa bem, as chances de ter uma boa produtividade e lucratividade diminuem, ou seja, as perdas serão contabilizadas na colheita.
A plantação de soja se inicia depois do vazio sanitário, que é um período em que não se pode plantar soja ou ter plantas voluntárias no campo, sendo esse período de no mínimo de 60 dias, podendo ter um período diferente nos estados que adotam o vazio sanitário.
Esse processo tem como objetivo reduzir a sobrevivência do fungo que causa a ferrugem asiática, considerada a principal doença da cultura.
Para definir as operações do plantio da soja, você deve verificar qual sistema de plantio será utilizado, o convencional ou o plantio direto.
A escolha do melhor sistema de plantio depende da sua propriedade e tecnologia, por isso realize uma análise desses pontos e planeje o melhor sistema de plantio para a sua fazenda.
As operações de plantio de soja que podem ser realizadas são: análise de solo, correção do solo, preparo do solo, semeadura e adubação, que irão depender do sistema de plantio empregado.
Um outro ponto a se analisar nesta etapa são as máquinas e os implementos que serão utilizados para o plantio de soja.
O produtor deve verificar a qualidade do maquinário que já dispõe em sua fazenda, estando com as manutenções em dia para que a qualidade da operação de plantio não seja prejudicada.
Se for o caso e a necessidade, para adquirir um equipamento é fundamental verificar qual será o mais adequado para o sistema de plantio escolhido e a área da fazenda, além, é claro, de verificar a disponibilidade financeira da empresa rural.
São muitas opções no mercado e várias as possibilidade para o sojicultor, por isso é necessário fazer uma boa pesquisa para escolher a melhor estratégia.
Dicas para se Ter uma Boa Plantação de Soja
Já discutimos o quanto o plantio é uma etapa essencial para ter um resultado positivo com a plantação de soja.
Para te ajudar a planejar nesta etapa seguem algumas dicas:
- Realize análise de solo e com os resultados da análise realize a correção do solo e adubação de acordo com a sua área. A análise deve ser realizada no mínimo 3 meses antes do plantio;
- Escolha sementes de qualidade;
- Escolha cultivares adequadas à sua região e época de semeadura;
- Verifique a necessidade de realizar o tratamento de sementes;
- Verifique a época ideal de plantio e as variedades de acordo com o ciclo, lembrando que deve-se realizar o planejamento pensando se irá realizar o plantio de milho safrinha após a colheita de soja;
- Na semeadura se atente a densidade de sementes (para cada cultivar existe uma recomendação de plantas/hectare), profundidade de plantio (normalmente, de 3 a 5 cm) e umidade do solo;
- Atenção nas previsões climáticas para realizar a semeadura no momento adequado;
- Verifique e realize manutenções nas máquinas e implementos agrícolas;
- Se atente à velocidade de plantio (4 a 6 km/hora), velocidades altas podem favorecer a ocorrência de falhas no estande da lavoura;
- Verifique a capacidade operacional dos maquinários da propriedade e a necessidade de máquinas alugadas;
- Se for optar pelo plantio direto, verifique quais as culturas irão utilizar para a rotação de culturas;
- Monitore as plantas daninhas na lavoura;
- Realize uma pesquisa e planejamento para a venda da soja na colheita;
- Realize o monitoramento de pragas e doenças já no início da lavoura;
- Utilize defensivos químicos que estejam registrados para a cultura da soja;
- Realize um bom planejamento agrícola e financeiro;
- Utilize softwares agrícolas para te ajudar no planejamento e monitoramento das atividades da cultura da soja.
Para te ajudar com o planejamento agrícola e financeiro você pode utilizar um único software agrícola que seja completo, integrado e específico para fazendas, como é o caso do CHBAGRO.
O CHBAGRO é um software de gestão agrícola específico para fazendas com um gerenciamento totalmente integrado, não deixe de conhecer e ter os dados da plantação de soja neste software para o gerenciamento da sua lavoura.
Além disso, procure um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) para te ajudar com a instalação da plantação de soja.
NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DA SOJA
A adubação consiste numa análise conjunta do sistema planta, solo e a interação dos fertilizantes com o solo.
No aspecto planta, a análise consiste no conhecimento das suas demandas tanto em quantidade e distinção de qual elemento, além do conhecimento do ciclo da mesma para que possamos predizer qual é a melhor época e local de aplicação.
Quanto ao solo, fonte basal para o desenvolvimento vegetal, deve-se ter conhecimento da sua situação quanto a elementos fazendo-se pelas análises química, foliar, visual e até mesmo pelo histórico da área.
E no que se trata da interação dos fertilizantes, deve-se contornar todo o sistema buscando a máxima eficiência no uso dos adubos chegando a um manejo químico eficiente.
Nas plantas, os nutrientes desempenham funções estruturais e metabólicas correlacionando diretamente com o rendimento de grãos, no caso da soja.
As desordens nutricionais ocasionam redução de produtividade e estão associadas a sintomas característicos da falta de cada nutriente.
Assim como os demais vegetais, para a nutrição das plantas de soja é crucial que haja em disponibilidade os macronutrientes orgânicos (carbono, hidrogênio e oxigênio) fornecidos pela atmosfera.
Além desses, para o pleno desenvolvimento da soja, alguns nutrientes devem ser fornecidos via solo tais como P, K, Ca, Mg, S, B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo, Co e Zn.
Um caso especial é o nitrogênio, que parte é fornecido pelo solo (manejo da matéria orgânica), sendo cerca de 15 a 35%, e a outra (65 a 85%) pela atmosfera por meio da atividade das bactérias simbióticas (Bradyrhizobium).
A etapa de maior exigência nutricional inicia-se por volta dos 30 dias e se mantém elevada até o início do enchimento dos grãos, quando a fixação de nitrogênio e a atividade fotossintética estão elevadas e produzem um desenvolvimento mais acelerado.
A seguir apresento a tabela de extração e exportação da cultura da soja:
Fonte: Adaptado de INPI. Exigências nutricionais para a produção de 1t de grãos de soja (EMBRAPA, 1993).
A absorção dos nutrientes pode ser influenciada por diversos fatores, dentre os quais:
- Diferenças de cultivares;
- Condições climáticas variadas (chuva e temperatura);
- Disponibilidade de nutrientes no solo;
- Diversidade de tratos culturais.
Além dessas grandes influências, podemos dar ênfase ao pH, um dos grandes aspectos que ditam a disponibilidade dos nutrientes no solo.
Com o objetivo da nutrição da soja sendo o suprimento das suas demandas, podemos ordenar a época e o modo de aplicação dos nutrientes da seguinte maneira:
- Pré-plantio : faz-se cálcio(Ca) e magnésio (Mg) via calagem, ainda é possível disponibilizar enxofre (S) via gessagem e, se requerido, pode-se realizar a fosfatagem (P) e potassagem (K).
- Semente: alguns produtores aplicam molibdênio (Mo) e cobalto (Co) junto da inoculação, mas existem relatos de diminuição na eficiência no que se trata da associação simbiótica devido ao pH.
- No plantio: aplicar fósforo (P), potássio (K), boro (B), cobre (Cu) e manganês (Mn). Caso queira também pode fazer a aplicação de Co e Mo.
- Na cobertura: aplica-se potássio (K) 30 dias após a emergência em solos arenosos e manganês via foliar em V4 ou em V4 e R1.
Tecnologias para Maximizar a Eficiência da Nutrição e Adubação da Soja
Atualmente, estamos rodeados por novas tecnologias que nos auxiliam em atividades e nas tomadas de decisões das ações em nossa propriedade rural.
De posse dessas tecnologias, destacamos algumas que nos ajudam a ter mais resultados nas aplicações de fertilizantes:
- Utilização do manejo georreferenciado e mapeamento da variabilidade, possibilitando a aplicação de doses variáveis de corretivos e fertilizantes, tomando como base a necessidade de cada gleba;
- Estudo do histórico das áreas por meio dos mapas de produtividade;
- Utilização de sensores e imagens para análises da situação da sua propriedade, podendo notar manchas de deficiência e/ou pragas e doenças;
- Testes Bioquímicos;
- Utilização de hormônios e bioestimulantes para estimular a potencialidade genética das cultivares.
TRATOS CULTURAIS DA SOJA
Os tratos culturais são práticas que proporcionam melhores condições para o crescimento e desenvolvimento da cultura.
Aqui é importante ter um planejamento desde o plantio até a colheita visando obter ganhos em produtividade e a oferta de um produto final de qualidade.
Esse planejamento deve incluir diversos tipos de tratos culturais, considerando as épocas adequadas para realizá-las e os meios necessários para isso.
A realização dos métodos e práticas visam garantir que todas as etapas sejam feitas de maneira correta e eficaz. É importante dar atenção à:
- Qualidade, densidade e época de semeadura;
- Práticas de conservação e manejo do solo;
- Rotação e sucessão de culturas;
- Manejo de daninhas, pragas e doenças;
- Otimização da produtividade da soja.
Embora os tratos culturais englobam todos os processos que têm relação com a produção, o manejo correto das plantas daninhas, bem como das pragas e doenças, vai influenciar diretamente na produtividade final da soja.
Controle de Daninhas, Doenças e Pragas na Soja
Dentre os tratos culturais na cultura da soja, está o controle de plantas invasoras, de doenças e pragas.
Somente os custos para controlar as daninhas chegam a R $4,2 bilhões e tendem a aumentar a cada ano, principalmente pelo uso excessivo e frequente de herbicidas, que vêm elevando a quantidade de plantas daninhas resistentes.
Além disso, casos de resistência múltipla a dois ou mais mecanismos têm ocorrido.
Plantas como buva e campim-amargoso, por exemplo, requerem um planejamento de manejo com práticas que vão além do controle químico.
Da mesma maneira, os controles de doenças e pragas na soja devem ser feitos considerando preceitos de manejo integrado com o objetivo de utilizar diversas táticas compatíveis no mesmo momento.
Tanto para controle de daninhas como para doenças e pragas, existem alguns tratos culturais que irão auxiliar em um bom manejo, como:
- Rotação de culturas;
- Rotação dos princípios ativos dos defensivos agrícolas (herbicida, fungicida e inseticida);
- Cobertura de solo na entressafra;
- Época ideal de cultivo e arranjo correto das plantas;
- Utilização de recursos biotecnológicos, como plantas transgênicas.
Sem contar que saber utilizar corretamente os defensivos agrícolas é de extrema importância visto que a cada safra mais problemas fitossanitários aparecem.
Ainda com relação às doenças, atualmente, a cultura enfrenta uma batalha contra a ferrugem asiática que é bastante severa e pode comprometer a lavoura numa escala de 10 a 90%, de acordo com a região em que ocorre.
E quando se trata do uso de tratos culturais para controle das pragas na soja, as lagartas e os percevejos devem ser bem observados durante todo o ciclo.
A biotecnologia tem contribuído muito para o controle das lagartas com o uso de variedades resistentes.
Entretanto, os percevejos devem ser muito bem monitorados, pois ainda não são controlados pela tecnologia.
Nos últimos anos, os percevejos têm sido observados com maior frequência. Acontece que o uso de variedades resistentes não dispensa o manejo das demais pragas e é o que ocasionou esses maiores surtos.
Por conta disso, novas variedades resistentes à percevejos e à ferrugem estão surgindo, com as tecnologias Shield e Block.
CALCULAR E OTIMIZAR A PRODUTIVIDADE DA SOJA (PMS)
A produtividade da cultura depende dos tratos culturais utilizados ao longo da safra por terem os componentes que influenciam diretamente no rendimento final.
Esses componentes podem ser calculados e previstos antes mesmo da produção final.
Por isso, ao saber exatamente o que deve ser feito, ficará mais fácil decidir quais tratos culturais vão beneficiar a produtividade e o rendimento.
A precisão para estimar a produtividade costuma ser mais certeira após o estágio de R5, quando começa o enchimento dos grãos.
Além disso, para realizar o cálculo, é importante considerar os quatro componentes de rendimento responsáveis pela produtividade, que são:
- o número de plantas por área;
- o número de vagens por planta;
- o número de grãos por vagem;
- o peso do grão (que é expresso em peso de mil grãos).
O passo a passo do cálculo você pode ver clicando aqui.
É importante fazer a otimização do ideal a ser alcançado com os tratos culturais de acordo com o manejo adotado no planejamento inicial.
Alguns fatores são essenciais para que esse planejamento fique de acordo com o que está sendo estimado. São eles:
- Escolher corretamente a cultivar para a região de cultivo;
- Utilizar sementes de boa qualidade e de procedência confiável;
- Fazer um bom manejo do solo, com o auxílio de um profissional para fazer adubação apropriada de acordo com a realidade da área;
- Utilizar espaçamento correto para plantio;
- Fazer um bom manejo de plantas daninhas, pragas e doenças;
- Adequar o plantio de acordo com a melhor época, confiando nas recomendações feitas.
Com toda essa estrutura e com a estimativa de produção em mãos, o caminho fica mais claro para que os possíveis erros sejam evitados ao máximo e o potencial de produção possa ser o mais fiel possível ao que é desejado.
COLHEITA DA SOJA
Todo produtor de soja tem uma preocupação bastante grande com o desenvolvimento da sua lavoura, desde a adubação, fertilização e controle de pragas, doenças e plantas daninhas.
Porém, um momento de extrema importância e que exige ainda mais cuidados é a colheita da soja.
Caso não seja realizada no momento adequado e com os maquinários devidamente regulados, a colheita incorreta poderá refletir em menor produtividade da lavoura, resultando em menor lucratividade ou até prejuízos.
Dessa forma é bastante importante que as operações de colheita sejam muito bem planejadas, desde a colheita da soja até o transporte de seus grãos.
Melhor Momento para Realizar a Colheita da Soja
Há a recomendação de que a colheita seja realizada logo após a maturidade fisiológica da soja, ou seja, quando o transporte de nutrientes para o grão cessa e ela chega ao acúmulo máximo de matéria seca, apresentando melhores condições fisiológicas.
Porém, nesse período, a soja costuma apresentar alta umidade, com a presença de ramos e folhas verdes que impossibilitam a colheita mecanizada.
Por isso, há a exigência de adotar o manejo da dessecação, quando necessário, para diminuir o período em que os grãos ficam no campo expostos às pragas, doenças e condições climáticas adversas.
Assim, a aplicação do dessecante deve ocorrer no estádio R7 da cultura, ou seja, após o ponto de maturidade fisiológica da planta.
Além disso, estudos recentes indicam que a colheita antecipada de grãos, em torno de 18% de umidade, proporciona maiores danos nos grãos. Por isso, a umidade recomendada para colheita da soja pode variar entre 13% a 15%.
Concomitantemente à definição do momento ideal da colheita da soja, é importante também considerar outros fatores de importância, tais como:
1. Planejamento: essencial para uma boa colheita da soja
Assim como ocorre com qualquer cultura, um bom planejamento é fator crucial para proporcionar melhor colheita da soja.
Esse planejamento deve se iniciar ainda no plantio da cultura, afinal um plantio bem planejado exercerá influencia na colheita, com ela podendo ocorrer no período ideal.
2. Muita atenção às condições climáticas durante a colheita da soja
Como vimos, a umidade exerce grande influência sobre a eficiência da colheita da soja. Assim, quando os grãos são colhidos com umidade abaixo do recomendado, a possibilidade de quebra da soja é grande.
Dessa forma, há a indicação de acompanhar as mudanças da umidade pelo menos duas semanas antes da data desejada para a colheita, além da previsão do tempo para iniciar e terminar esse manejo nas melhores condições possíveis.
Além disso, o melhor momento para realizar a colheita da soja é no período da manhã, onde a umidade é mais alta e há menos calor.
3. Priorize a regulagem da colhedora
No momento da colheita, grande parte das perdas são decorrentes da má regulagem das máquinas, por isso a regulagem da colhedora é primordial.
A regulagem da colhedora pode ser subdividida em:
- Barra de corte – Recomenda-se não utilizar a barra muito alta, evitando a debulha das vagens.
- Molinete – Deve ser ajustado quanto a sua velocidade de rotação e posição relacionada à altura da inserção da primeira vagem. De forma geral, a rotação do molinete deve ficar um pouco superior à velocidade da colhedora. Para ajustar essa rotação:
- Faça uma marca em um dos pontos de acoplamento dos travessões na lateral do molinete;
- Regule a rotação para cerca de 9,5 voltas em 20 segundos (molinetes com um a 1,2 metro de diâmetro) e em torno de 10,5 voltas em 20 segundos (molinetes com 90 cm de diâmetro), com velocidade da colhedora até 5,0 km/h.
- Cilindros – Muita atenção com a abertura do côncavo e ajuste da velocidade do cilindro para evitar a quebra de grãos.
- Peneiras – O diâmetro dos orifícios das peneiras merece atenção, sendo a peneira superior responsável pela separação de haste e vagens de maiores tamanhos e a inferior responsável pela limpeza final.
A velocidade correta da colheitadeira também merece total atenção, o ideal é que ela não exceda a 5 km/hora, isso permite que a máquina trabalhe com eficiência e menores perdas.
Ao tomar a decisão de aumentar ou diminuir a velocidade, é importante verificar se as perdas estão abaixo do nível tolerado de um saco de 60 kg/ha.
CUSTO AGRÍCOLA EM FAZENDAS DE SOJA
O desenvolvimento da agricultura tem relação direta com a qualidade da informação obtida em todo o manejo.
Assim, a produção na atividade agrícola, pelas suas particularidades, exige que as escolhas sejam mais racionais de acordo com os fatores produtivos. Isso reflete no seu custo total, que, por sua vez, impacta os resultados da atividade.
Diante disso, sabe-se que na agricultura atual as despesas com insumos (sementes, fertilizantes e defensivos) representam cerca de 50% do custo total da produção da soja, além de muitos outros custos exigidos.
Exatamente por isso o correto entendimento do custo agrícola na produção da soja é prioridade entre sojicultores.
Mas, com tantos insumos, contratempos e atividades envolvidos no sistema de produção, não é difícil que o produtor se perca entre tantos números.
Decidir quando plantar, que tecnologia utilizar, qual variedade, o que e quando aplicar são dúvidas recorrentes entre produtores.
Assim, ao ter as informações sobre os custos de diferentes manejos e talhões da sua propriedade, conseguimos nos planejar e tomar decisões muitos mais assertivas visando a máxima lucratividade possível.
Custo Agrícola da Produção de Soja
Na produção da soja, o custo da produção agrícola é parte essencial para a gestão do empreendimento rural, sendo também importante para a formulação, implementação e avaliação de políticas públicas por parte do estado.
Além disto, o custo de produção agrícola funciona como uma ferramenta de controle e gerenciamento das atividades produtivas, gerando importantes informações para subsidiar as tomadas de decisões.
Dessa forma, para administrar com eficiência uma lavoura, é imprescindível, dentre outras variáveis, ter domínio da tecnologia e do conhecimento dos gastos com os insumos e serviços em cada fase produtiva da lavoura.
Desta forma, é imprescindível ter melhor conhecimento da lógica dos custos e da produção, seus conceitos, funções e componentes.
Dentre as variáveis que compõem o custo de produção da soja, os insumos representam o maior gasto, com os fertilizantes ocupando o primeiro lugar, com cerca de 28% do total, que ainda representam grande parte do custo total, embora sofram variações.
Em seguida aparecem os agrotóxicos (18%), sementes (7%), operação com máquinas (9%) e depreciação de máquinas e equipamentos (6%).
Podemos observar na tabela abaixo:
Fonte: CONAB
Dessa forma, os custos agrícolas da produção de soja são compostos pela soma de todos os recursos e operações utilizados durante o processo produtivo.
Na produção da soja o critério mais utilizado para a classificação dos custos considera a variação quantitativa dos insumos de acordo com o volume produzido.
Nessa forma de classificação, os custos podem ser variáveis ou fixos, sendo o custo total a soma dos outros dois tipos de custos de produção.
- Custos fixos:
Não sofrem variação com a quantidade produzida. Enquadram-se nessa categoria terras, benfeitorias, máquinas, equipamentos, impostos e taxas fixas, sistematização e correção do solo, dentre os mais importantes.
Os principais itens que compõem o custo fixo são:
- Depreciação;
- Juros sobre o capital fixo;
- Capital investido em terras;
- Juros sobre o capital investido em outros ativos fixos;
- Seguro sobre o capital fixo;
- Mão-de-obra permanente;
- Taxas e impostos fixos.
- Custos variáveis:
Variam de acordo com a quantidade produzida, caso dos gastos com insumos (sementes, fertilizantes, defensivos, alimentos, medicamentos); serviços prestados por mão-de-obra temporária, serviços de máquinas e equipamentos executados, dentre outros.
Os principais itens que compõem o custo variável da produção agrícola são:
- Custo com conservação e reparos de máquinas, equipamentos e benfeitorias;
- Demais custos variáveis.
Dessa forma, na produção agrícola da soja, fatores como preços e as quantidades de insumos determinarão os custos totais e, em vista das diferentes possibilidades de utilização desses fatores, a combinação delas permite minimizar os custos de produção.
Com isto, a maximização dos resultados de um empreendimento rural ocorre pela realização de sua atividade produtiva, através da máxima produção possível em face da utilização de certa combinação de fatores.
Nessa combinação, cabe ao produtor conhecer o comportamento dos preços pagos a ele e dos custos das safras passadas.
De posse dessas informações do custo agrícola, o produtor poderá planejar as ações futuras, observando como os componentes do custo poderão ser manejados para aumentar sua lucratividade.
TECNOLOGIAS DE AGRICULTURA DE PRECISÃO NA SOJA
A cultura da soja está cada dia mais tecnológica, seja com ferramentas para redução de custos em campo como também em manejos diferenciados para incrementos em produtividade.
Tecnologias como mapeamento da produtividade auxiliam os produtores a aplicar os insumos em doses variadas no campo e, dessa forma, otimizar a utilização dos insumos nas áreas.
Máquinas com piloto automático, drones e satélites já estão sendo cada vez mais utilizadas no campo, uma vez que os produtores estão conseguindo tirar proveito destas tecnologias para redução de custos, ganhos em rendimentos operacionais e aumento da produtividade.
Mapas de Produtividade
Os mapas de produtividade são considerados por muitos pesquisadores como o primeiro passo para implantação de conceitos de agricultura de precisão nas fazendas.
Os mapas de produtividade mostram os valores colhidos de soja em cada metro quadrado da lavoura, o que auxilia aos produtores no correto entendimento de onde estão as manchas de variabilidade presentes em cada talhão.
Nada melhor do que a planta para nos mostrar se aquele ambiente ou região em que está semeada possui água, fertilidade, fatores físicos e químicos adequados para seu desenvolvimento.
O mapa de produtividade pode ser confeccionado com o auxílio de sensores acoplados à colhedora.
Basicamente são necessários: um GPS (para georreferenciamento dos dados), um monitor ou data logger (para armazenamento dos dados) e sensores auxiliares (sensor de umidade, placa de impacto, sensor de plataforma, entre outros).
O mapa de produtividade é uma mapa de pontos, que deve ser filtrado, interpolado e pós processado em um software SIG (sistema de informação geográfica) para análise das manchas de variabilidade dentro da lavoura.
Fonte: Leonardo F.Maldaner, Marcelo C. F. Wei, José P. Molin
Com o auxílio dos mapas de produtividade é possível saber quais regiões exportaram mais nutrientes com a colheita da soja e realizar as aplicações com base na fertilidade do solo e nos valores exportados pela colheita.
Dessa forma, é possível entender melhor as variabilidades das áreas, calcular corretamente os insumos a serem inseridos no campo e tomar decisões mais assertivas para redução de custos e ganhos em produtividade.
Piloto Automático na Cultura da Soja
Os sistemas de direcionamento automático, mais conhecidos como piloto automático, também podem ser utilizados para aumentar a produtividade das lavouras de soja.
Ferramentas como piloto automático permitem que o paralelismo da linhas seja respeitado durante as passadas da semeadora, o que propicia melhor aproveitamento de toda área útil no plantio, além de assegurar um estande mais homogêneo.
Com um maior número de plantas por hectare no espaçamento correto, geralmente temos incrementos em produtividade.
O uso do piloto automático permite que os operadores se atentem à outras atividades que ocorrem simultaneamente durante o plantio com a semeadora, a deposição de sementes no campo, embuchamento da máquina, deposição correta do adubo, entre outras, reduzindo possíveis erros operacionais.
Fonte: John Deere
O uso do piloto automático em períodos noturnos também assegura melhores eficiências da semeadora ou colhedora, uma vez que propiciam aos operadores um maior conforto na realização da atividade durante as passadas da máquina.
Além da utilização do piloto automático na semeadora, todas as operações na soja também podem se beneficiar dessa tecnologia.
Piloto automático nas pulverizações garante menor amassamento da cultura pela máquina, uma vez que ela irá trafegar sempre no mesmo rastro.
Além de reduzir o amassamento da soja, essa tecnologia evita erros operacionais como pulverizações em locais onde já foram pulverizados ou deixar de pulverizar alguma região da lavoura.
Drones e Satélites
Os drones e satélites podem ser utilizados na cultura da soja para identificação de pragas, doenças, nematóides e outros agentes. Estão sendo muito úteis no monitoramento da safra em campo.
Fonte: Horus Aeronaves
Mapas de drones e satélite mostram aos produtores:
- Déficit hídrico;
- Pragas, doenças e daninhas;
- Dessecação mal feita;
- Altimetria;
- Locais com dificuldade de mecanização;
- Modelos digitais de terreno;
- Modelos digitais de elevação;
- Entre outros.
Com ferramentas como drones e satélites é possível analisar se a fazenda em questão pode ser mecanizável para a cultura da soja ou não, além de ser possível planejar os talhões, estradas e carreadores de forma otimizada para aumentar os rendimentos operacionais do maquinário em campo.
Telemetria
A telemetria permite um acompanhamento remoto de todas as máquinas que estão operando na fazenda.
Por meio da telemetria é possível corrigir erros operacionais em tempo real em campo, desde que tenhamos cobertura de sinal de internet na propriedade.
Com a telemetria é possível criar relatórios operacionais de cada equipamento e cada operador.
Dessa forma, é possível analisar quais são as máquinas que apresentam os maiores custos operacionais, bem como rendimento operacional, e realizar manutenções em máquinas que estejam desreguladas.
A telemetria auxilia na otimização e redução de custos com máquinas nas operações agrícolas e um exemplo disso é a Usina São Manoel.
A Usina São Manoel aumentou a moagem de cana em 30% sem a necessidade de aumento da frota de maquinários em campo, apenas usando sistemas de telemetria em toda a frota agrícola da usina.
Sistemas mais modernos de telemetria permitem que milhares de máquinas sejam cadastradas em uma única central, facilitando as análises dos gestores e, ainda por cima, a central pode estar localizada fora da fazenda.
Com relatórios em mãos é mais simples analisar quais são os melhores equipamentos para cada operação em campo e tomar decisões com objetivos específicos como redução de custos e otimizações dos rendimentos operacionais.
Monitoramento climático e manejo de irrigação
Atualmente o monitoramento climático auxilia muitas fazendas de soja a semear e realizar as atividades agrícolas dentro das janelas corretas.
Já existem softwares e aplicativos que são gratuitos e permitem que os agricultores acompanhem a previsão do tempo de localidades no Brasil todo.
Estes monitoramentos climáticos fornecem a previsão do tempo para 15 dias e, além disso, é possível analisar dados como:
- Temperatura;
- Chuva;
- Acumulado de chuva;
- Pressão;
- Umidade relativa do ar;
- Vento;
- Imagens de satélite;
- Chuva agora.
Estes aplicativos fornecem a temperatura do momento e a sensação térmica na tela principal, podendo ser configuradas cidades favoritas e ainda contam com uma base de mais de 5.500 municípios cadastrados.
Outra opção para realizar o monitoramento climático dentro da fazenda é a instalação de estações meteorológicas na propriedade.
Atualmente existem estações que conseguem transmitir os dados via wi-fi ou pela internet, custando menos de mil reais, que fornecem dados ainda mais precisos do clima específico da fazenda.
Mapas de tipos de solos, argilosos ou arenosos, e sensores instalados em campo também auxiliam no manejo da irrigação nas fazendas.
A água e energia elétrica podem ser otimizadas com a instalação destes sensores em campo e ganhos em produtividade podem ser alcançados.
CONCLUSÃO
No conteúdo acima foi possível compreender o processo completo da cultura da soja, conhecendo todas as importantes etapas que devem ser implementadas para a melhor produtividade.
Em primeiro lugar, o preparo do solo vai garantir as melhores condições para a plantação, respeitando a época de vazio sanitário que irá depender de cada localização.
No plantio é importante se atentar ao planejamento da área, amostragem do solo, escolha de sementes de qualidade, épocas de semeadura, densidade das sementes, espaçamento, entre outros.
Entre o plantio e a colheita é preciso assegurar que a soja está conseguindo obter os nutrientes necessários para um crescimento saudável e, se necessário, regular esse processo com a adubação.
Algumas estratégias são utilizadas para saber o momento ideal da colheita, onde demos os passos necessários para que ela seja realizada com qualidade e eficiência.
Todos esses processos serão mais eficientes se utilizar algumas tecnologias que visam auxiliar o produtor rural na plantação de soja, como o piloto automático, drones, satélites, telemetria, mapas de produtividade, monitoramento climático e manejo de irrigação.
Finalizando, os resultados da plantação de soja terão um melhor aproveitamento com um bom sistema de gestão agrícola, que seja específico para fazendas, integrado com outros departamentos e outras ferramentas, sendo uma solução única para o produtor.
Por Urias Rocha BR - Jornalista e Corretor de Fazendas BR
Contato: 55 67 99232 1636 - Mato Grosso do sul
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Via - Embrapa/Empaer/ Gov.br
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