terça-feira, 5 de outubro de 2021

"BOLSONARISTAS " explicam o "Black out" nas redes do CEO: Mark Zuckerberg. Veja os absurdos!


De vingança de Trump ao grande reset: como as redes "bolsonaristas" e terraplanistas  explicaram 'apagão do zap'.


A pane nos servidores do WhatsApp, Facebook e Instagram levou a uma proliferação de teorias conspiratórias nas redes bolsonaristas. Concentrados nas listas e grupos do Telegram, os seguidores do presidente oscilaram entre o pânico de ficar sem um canal de comunicação e as "explicações" mais mirabolantes para o apagão. 

Desde uma ação orquestrada da China até uma vingança pessoal do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump contra Mark Zuckerberg, passando por uma estratégia de dominação comandada pela Pfizer e a AstraZeneca, teve de tudo. Houve até quem cogitasse estar começando o Grande Reset, teoria conspiratória que prevê uma "reinicialização" do mundo por uma autocracia comunista. 

O que prevaleceu, contudo, foi o temor de que a máquina de propaganda do governo Bolsonaro nesses aplicativos estivesse sob ataque deliberado. Muitos viram uma “prévia” de uma eventual censura das redes para as eleições de 2022. Outros suspeitaram que o objetivo seria provocar uma queda expressiva de seguidores de Bolsonaro após o apagão. 

“O motivo dos aplicativos não estarem funcionando é justamente um teste que vêm fazendo para as eleições do ano que vem. Portanto, já era de se esperar que a esquerda tentará prejudicar milhões de brasileiros que usam as redes sociais. A esquerda sabe que a cada dia vem crescendo a popularidade do presidente Jair Bolsonaro. Precisamos ficar atentos e juntos iremos derrotar essa maldita esquerda podre e eliminar a sua existência”, escreveu um militante.

Bolsonaristas também dispararam ironias contra o STF e o TSE

Em um grupo de 35 mil membros no Telegram, gerenciado por um suposto coronel da Aeronáutica, o clima era de pavor. “Coronel, tem algo muito importante acontecendo com as redes sociais. Não consigo entrar no chat e nem formar um grupo no Telegram. Face, insta e zap estão fora do ar. Use a influência do senhor para maiores informações”, implorou um dos integrantes do grupo ao moderador. 

Outra apreensão comum era a de que o Telegram também saísse do ar. Ao longo da tarde, membros do mesmo grupo faziam uma espécie de “censo” do apagão, relatando quais cidades reportavam o problema – o que era inútil, já que a falha foi global. 

Também houve apelos para que os apoiadores do governo migrassem para aplicativos como o Gettr, criado por um ex-assessor de Donald Trump para direitistas, e o Signal. 

No auge da agitação, um dos bolsonaristas ainda avisou: “parece que derrubaram a página do Bolsonaro no Facebook”. O perfil continua no ar. 

Quem não estava em pânico aproveitou para ironizar o Tribunal Superior Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal. “Zap Zap caiu, Instagram caiu, Foicebook (sic) caiu. Mas só a urna eletrônica é 100% confiável”, escreveu um bolsonarista. 

“Nada disso estaria acontecendo se Mark Zuckerberg conversasse com o Barroso e colocasse em suas empresas a SEGURANÇA do TSE”, escreveu o blogueiro Allan dos Santos em uma mensagem replicada em vários grupos no Telegram. “O STF já deu 24 horas pro Bolsonaro explicar o motivo da queda das redes sociais?”, debochou outro apoiador de Jair Bolsonaro.

No quesito teorias conspiratórias, teve um pouco de tudo. Numa tese reverberada com requintes hollywoodianos, Pequim era o grande culpado. “É a China mostrando que está no controle do mundo”, arriscou um bolsonarista. “A China já está agindo. Período difícil se aproxima”, respondeu outro.

Para outros, a quem estava por trás do bug nas redes sociais eram Pfizer e a AstraZeneca. “Seria esse o motivo das grandes Big Techs (WhatsApp, Facebook, Instagram) caírem??? Clive Palmer (um político australiano) expôs o papel corrupto das grandes empresas farmacêuticas Pfizer e AstraZeneca por trás do frenético impulso de Gladys Berejiklian (outra política australiana) para vacinas. A mídia e os principais partidos estão em pânico, tentando encobrir o crescente escândalo". 

Um elemento que se intitula "PÁTRIA LIVRE", mas, já apelidado de "BUNDA LIVRE", faz acusações diretas a China e aos comunistas que queriam com esse bloqueio prejudicar Bolsonaro que depende frequentemente das redes sociais. 

Apoiadores de Bolsonaro também fizeram piada com a pane do WhatsApp, Facebook e Instagram

A Organização Mundial de Saúde também teve sua cota de "responsabilidade", segundo alguns bolsonaristas. “Ao mesmo tempo em que Facebook, Zap e Instagram caem, o diretor-geral da OMS declara a existência de um novo vírus mundial, mais mortal que a peste chinesa”, disse um deles, apesar de Tedros Adhanom não ter feito qualquer alerta nesse sentido.

PodcastCarta de Bolsonaro afasta risco de impeachment por enquanto, diz Gilberto Kassab

Para além do peculiar interesse de bolsonaristas pela política da Austrália, a tônica conspiracionista manteve um padrão das redes que dão suporte ao presidente: a obsessão em ver sempre um grande plano orquestrado por trás dos eventos mundiais, pronto a se voltar contra Bolsonaro.

Nessa linha, uma teoria de bastante sucesso entre os seguidores do presidente, a do "grande reset", também se espalhou na tarde e no início da noite de segunda-feira. Muito difundida na extrema-direita, a teoria do "grande reset" alerta para um suposto expurgo da internet como conhecemos para restabelecer a ordem “globalista” e extinguir o papel moeda. 

E aindaApós choque inicial, redes passam a defender 'recuo' de Bolsonaro como 'golpe de mestre'

“Tudo que está acontecendo é apenas um "aquecimento" para o evento principal. Ah, você quer saber qual é o evento principal? Leia sobre Cyber Polygon, Neo. Estejam alertas”, publicou uma lista chamada “Gays com Bolsonaro".  O Cyber Polygon é um exercício organizado pelo Fórum Econômico Mundial para simular grandes ataques cibernéticos e encontrar vulnerabilidades na rede mundial de internet. 

Em meio a todas essas teorias, uma bem popular foi a que concluía que a falha das empresas de Mark Zuckerberg era uma vingança de Trump, banido dessas mesmas redes sociais após incitar apoiadores a invadirem o Capitólio americano em janeiro e disseminar acusações falsas sobre fraudes eleitorais. Ninguém explicou, contudo, como o ex-presidente americano teria sido capaz de provocar as anomalias das redes sociais, que acumularam prejuízos bilionários às empresas.

Urias Rocha BR





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixem seus comentários, com responsabilidade e cidadania.