Qual a diferenças entre crédito e neutralização de carbono.

 “Diferenças entre crédito e neutralização de carbono”

As pautas ambientais têm sido cada vez mais discutidas. Uma preocupação impulsionada principalmente pela sociedade civil e organizações mundiais, como a ONU (Organização das Nações Unidas), que pressionam a criação de modelos de desenvolvimento sustentáveis.

Inclusive, foram através de conferências organizadas pela ONU (chamadas Conferências das Partes) que foram criados diferentes planos de ação nas últimas décadas, para que os países reduzissem seu impacto ambiental. No contexto destas discussões internacionais, surgiu a ideia dos créditos de carbono.

Mas o que são os créditos de carbono? E como eles se diferem de outra proposta bastante conhecida, a neutralização de carbono?

Os créditos de carbono

Créditos de carbono podem ser entendidos como uma espécie de “moeda ambiental” utilizada em um mercado internacional. Dessa forma, empresas e países podem se manter dentro dos limites estipulados, nacional e internacionalmente, para suas emissões através de uma lógica compensatória.

Por exemplo, imagine que determinada empresa A tenha emitido mais gás carbônico do que a sua cota permitida pela legislação. E que, em contrapartida, outra empresa B (mais bem sucedida ambientalmente) tenha emitido menos do que o seu limite. Essa diferença poderia ser comprada pela empresa A, na forma de créditos de carbono. Logo, apesar de ter emitido acima de seu limite, o excedente desta emissão está sendo compensado pela margem não emitida pela empresa B.

Da mesma forma, essa lógica se aplica entre países, garantindo que estes respeitem os valores acordados internacionalmente para suas emissões. Assim, com esse novo mercado de carbono, se garante que as emissões não ultrapassem um total pré-estabelecido a nível mundial

Naturalmente, uma pergunta que surge após se entender a ideia geral dos créditos de carbono é como eles são quantificados.

A quantificação e o mercado de carbono

Existem empresas, no mundo todo, especializadas em quantificar e determinar esses créditos que estão associados a medidas que reduzem as emissões gasosas. Por exemplo, uma tonelada de gás carbônico corresponde a um crédito de carbono, segundo a BM&FBovespa. Esses cálculos são feitos baseados nos órgãos e diretrizes técnicas da ONU.

Há uma relativa versatilidade nas operações de troca destes créditos. Uma das possibilidades é tratar o mercado de carbono como um mercado de ações, onde países ou empresas (com as devidas permissões legais) podem comprar e vender os certificados dos créditos de carbono em leilões ou bolsas. Outra maneira, consiste basicamente em uma relação mais direta entre os países e/ou empresas. Nesta segunda, a compra pode ser feita de forma direta dos créditos ou através de investimentos. 

Imagine o exemplo das mesmas empresas A e B, dado anteriormente. A empresa A poderia investir capital na empresa B para financiar projetos de implantação de energia solar ou eólica, por exemplo.

Ou seja, uma das formas de compra e venda dos créditos de carbono é através do investimento em projetos de desenvolvimento mais sustentável. Dentro do escopo de possibilidades destes projetos, está a neutralização de carbono.

Mas como funciona a neutralização de carbono?

A neutralização de carbono é uma das medidas pelas quais organizações podem diminuir o potencial poluidor adotando práticas mais sustentáveis. Consequentemente, a aplicação desta prática pode ser utilizada para conversão de créditos de carbono.

Em linhas gerais ela funciona de maneira bastante simples: para determinada atividade, seja ela um processo produtivo empresarial ou um evento, faz-se um levantamento de toda a emissão de carbono decorrente daquela atividade. Neste levantamento, se leva em conta a emissão decorrente do uso de energia elétrica, resíduos gerados e combustíveis gastos para locomoção, por exemplo.

Uma vez que este balanço de emissões é feito, pode-se optar por uma ampla gama de possibilidades de neutralizar o carbono que é emitido. A mais comum, atualmente, é através do plantio de mudas que absorvem o gás carbônico em sua biomassa à medida que se desenvolvem. Existem empresas que tem a neutralização de carbono como um de seus serviços. Elas são responsáveis pela realização desde o balanço das emissões até a determinação de quantas mudas devem ser plantadas, através de um cálculo de conversão.

Portanto, créditos de carbono são uma medida legal que empresas e países podem se utilizar para se enquadrar nas novas demandas ambientais. É um processo de alta complexidade. Em contrapartida, a neutralização de carbono é uma técnica de reduzir o potencial poluidor de alguma atividade, podendo ser usada para se conseguir créditos de carbono.

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Urias Rocha - Mato Grosso do Sul