BYD, a “Tesla chinesa”, passou a fabricar 5 milhões de máscaras de saúde por dia
Após converter uma de suas fábricas de veículos elétricos para produzir artigos de saúde, a BYD tornou-se a maior fabricante de máscaras descartáveis do planeta
A BYD é a maior fabricante de carros elétricos do mundo. A empresa chinesa, inclusive, supera a Tesla em quantidade de veículos vendidos. Em 2019, a BYD vendeu 460 mil carros, diante de 367 mil da concorrente norte-americana. Na sexta-feira (13), porém, a companhia oriental anunciou que alcançou a liderança global em um setor bem diferente do que costuma atuar: a produção de máscaras de saúde descartáveis, visando minimizar o contágio do coronavírus.
Em meados de fevereiro, a BYD recebeu permissão do governo chinês para converter uma de suas fábricas, em Shenzhen, para a produção de máscaras descartáveis e garrafas de gel antisséptico. Mais de 100 linhas de montagem foram voltadas a estes produtos 24 horas por dia. No anúncio, a companhia afirma fabricar 5 milhões de máscaras por dia, além de 300 mil garrafas de álcool em gel.
Segundo a BYD, os artigos são vendidos a preço de custo para o governo chinês. Este, por sua vez, repassa a mercadoria para seis varejistas parceiros da região de Shenzhen. As máscaras são vendidas a preço tabelado de RMB 2,50 (R$ 1,79). Os produtos começaram a ser vendidos nesta segunda-feira (16), com uma entrega de 15 milhões de máscaras descartáveis no total.
A BYD se tornou a maior fabricante de máscaras de saúde na China, mas não foi a pioneira entre empresas do setor automobilístico. As autoridades chinesas divulgaram um pedido para que montadoras do país dedicassem parte de suas fábricas para este fim e receberam respostas favoráveis da General Motors, SAIC e GAC Group.
Execução e gestão de risco na China
Todo o processo de conversão de uma fábrica de automóveis para a produção de artigos de saúde até estes itens estarem nas mãos dos varejistas demorou menos de um mês. Este case exemplifica a alta velocidade de execução chinesa, em uma iniciativa que une poder público e setor privado para resolver um problema específico e urgente.
Outro exemplo, nesse sentido, foi a construção de dois hospitais na região de Wuhan, epicentro do coronavírus na China. Os edifícios ficaram prontos em apenas dez dias após o início da operação,
utilizando técnicas inovadoras de construção civil. Hoje, com o surto já controlado no país, os hospitais temporários já foram fechados para o público.
Em entrevista exclusiva à StartSe, In Hsieh, especialista em inovação na China, afirma que a alta velocidade de execução no país é relacionada à cultura de disciplina e à competitividade do mercado. “Quando a gente fala de dois hospitais construídos em tão pouco tempo, estes fatores entram diretamente”, diz In Hsieh. “Eles foram feitos sob medida para as necessidades do momento”.
Urias Rocha - Brasil
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