Ex-juiz se queixou de ‘showzinho da defesa’ e sugeriu nota à acusação, diz site em novo vazamento
Em trecho do diálogo entre Moro e o então procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, o ex-juiz chegou a citar o que chamou de “showzinho” da defesa de Lula após o depoimento do ex-presidente no caso do triplex do Guarujá.
O episódio ocorreu, segundo o site, em 10 de maio de 2017, na época em que Moro já presidia o processo. Às 22h04, o ex-juiz digitou a Santos Lima: “O que achou?”, em referência ao depoimento de Lula no processo, um acontecimento de grande repercussão naquele período.
O procurador teria dito que “achou bom”, e, minutos depois, Moro sugeriu: “Talvez vocês devessem amanhã editar uma nota esclarecendo as contradições do depoimento com o resto das provas ou com o depoimento anterior dele / Por que a Defesa já fez o showzinho dela”. Prontamente, Santos Lima teria aceitado a sugestão e dito que conversaria com “o pessoal”.
A reportagem do The Intercept Brasil aponta contradição com o discurso de Moro durante o julgamento de Lula. Se, antes da audiência, caçoava da defesa do réu e sugeria notas à parte da acusação, diante de Lula, ele dizia que não tinha nenhuma desavença pessoal contra o senhor ex-presidente” e deixava claro que “quem faz a acusação nesse processo é o Ministério Público, e não o juiz”.
Conselho dado e acatado
Em outra conversa, o procurador Deltan Dallagnol aparece parabenizando Moro por ter “mantido controle da audiência de modo sereno e respeitoso”. Além disso, diz que a emissora GloboNews teria exibido contradições de Lula e que seguiria acompanhando a repercussão na imprensa. Moro, então, aconselhou: “Beleza. Também tenho minhas dúvidas da pertinência de manifestação, mas é de se pensar pelas sutilezas envolvidas”.
Os procuradores, então, na esteira da proposta do então juiz, distribuíram uma nota à imprensa, que foi noticiada pelos principais veículos e agências do país.
Procurada pelo Intercept, a assessoria do ministro Sérgio Moro declarou, nesta sexta, que Moro não comentará “supostas mensagens de autoridades públicas colhidas por meio de invasão criminosa de hackers”. O posicionamento também considera que o conteúdo pode ter sido adulterado. O Ministério Público Federal do Paraná não respondeu ao veículo.
Hoje, o ministro da Justiça confirmou que trocou informações com o procurador Deltan Dallagnol e classificou o ato como um “descuido”.
Por Urias Rocha - Via Carta Capital
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