quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

HIDROGRAFIA DO BRASIL

O vapor d’água contido na atmosfera, ao condensar-se, precipita. Ao contato com a superfície, a água possui três caminhos: evapora, infiltra-se no solo ou escorre. Caso haja evaporação a água retorna à atmosfera na forma de vapor; a água que se infiltra e a que escorre, pela lei da gravidade, dirigem-se às depressões ou parte mais baixas do relevo - é justamente aí que surgem os lagos e os rios, que possuem como destino, ou nível de base, no Brasil, o oceano.
A hidrografia é um elemento natural muito marcante no território brasileiro. O Brasil reúne as maiores bacias hidrográficas do planeta: há abundância de águas de superfície e subterrâneas nas áreas banhadas por essas bacias. A rede hidrográfica brasileira é alimentada por chuvas equatoriais e tropicais, que alimentam os cursos de água de forma regular e abundante. O regimes de chuva abundante exerce intensa atividade erosiva, principalmente em áreas elevadas do relevo.
País de grande extensão territorial e boas condições de pluviosidade, o Brasil dispõe de uma vasta e rica rede fluvial, cujas características são:
  •  Rios na maior parte de planalto, o que explica o enorme potencial hidráulico existente no país.
  •  Existência de importantes redes fluviais de planície e navegáveis como a Amazônica e Paraguaia.
  •  Rios, na maioria perenes, embora existam também rios temporários no Sertão nordestino semiárido.
  •  Drenagem essencialmente exorreica, isto é, voltada para o mar.
  •  Regime dos rios essencialmente pluvial, isto é, dependente das chuvas e, como o clima predominante é o tropical, a maioria dos rios tem cheias durante o verão e vazante no inverno.
O transporte hidroviário apresenta baixos custos de transporte, implantação e manutenção e possui grande capacidade de carga. As vezes é necessário a construção de barragens, canais, etc, elevando o custo e causando danos ao meio ambiente. Os rios brasileiros são subaproveitados como meio de transporte, pois apenas uma pequena parte do deslocamento de cargas ocorre por meio de hidrovias. 
Regime dos rios brasileiros
Regime Tropical - vazantes de inverno e cheias de verão. Exemplos: bacias dos rios Paraná e São Francisco.
Regime Complexo Amazônico - sem vazantes e cheias definidas, dependentes das chuvas de verão boreal e verão austral na cabeceiras dos afluentes, situados nos dois hemisférios. A fusão de neves na Cordilheira dos Andes também ocasiona cheias, cujos reflexos são evidentes na bacia.
Regime dos rios do Sul do Brasil - também não apresentam vazantes e cheias definidas porque as chuvas são bem distribuídas durante o ano.
Os rios brasileiros costumam ser agrupados em cinco bacias hidrográficas.
Principais Bacias Hidrográficas do Brasil
Bacia
Autônomas
Área
(Km2 )
% da Área do País
1 - Amazonas3.984.46748
2 - Paraná891.30910
3 - Tocantins-Araguaia809.2509
4 - São Francisco631.1337
5 - Paraguai345.7014
6 - Uruguai178.2552
Bacias 
Agrupadas
Área
(Km2 )
% da Área 
do País
7 - Nordeste884.83510
8 - Leste569.3107
9 - Sudeste222.6883
Bacia Amazônica
É a maior do mundo. Abrange, na América do Sul, uma área de cerca de 6,5 milhões de km², dos quais 60% estão situados no território brasileiro e o restante distribuído por outros sete países do continente: Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Peru, Equador e Bolívia. Também abrange a Guiana Francesa (departamento ultramar da França).
A Bacia Amazônica funciona como um enorme “coletor” das chuvas que ocorrem na região de clima equatorial, na porção norte da América do Sul. Seus afluentes provêm dos hemisférios norte e sul, o que provoca duplo período de cheias em seu curso médio.
O Amazonas é um típico rio de planície, já que nos 3.165 km que percorre em território brasileiro sofre um desnível suave e progressivo, de apenas 82 metros, sem a ocorrência de quedas-d’água. Isto significa que é excelente para a navegação, podendo mesmo receber navios transatlânticos desde sua foz, onde se localiza a cidade de Belém, até Manaus (próximo ao local onde o rio Negro deságua no Amazonas, a cerca de 1.700 km do litoral), ou navios oceânicos de porte médio até Iquitos (no Peru, a 3.700 km do litoral).
Rio Amazonas
Rio Amazonas
Bacia do Tocantins-Araguaia
Com 813.674 km² de área, é a maior bacia totalmente brasileira. Oferece aproximadamente 3 mil quilômetros navegáveis. Atravessa regiões pouco povoadas e é um importante meio de transporte para as populações locais.
Tanto o Tocantins quanto o Araguaia são rios que nascem no Planalto Central. Destaca-se, no baixo Tocantins, a hidrelétrica de Tucuruí. A hidrelétrica de Tucuruí fornece energia elétrica para os projetos minerais e industriais da região, como, por exemplo, para o complexo mineral de Carajás.
Bacia do São Francisco
Com 645.067 km2, a Bacia do São Francisco é a segunda maior bacia hidrográfica totalmente brasileira. Ocupa o quarto lugar em área e potencial hidroelétrico.
O rio São Francisco nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e deságua no Atlântico – entre Alagoas e Sergipe – depois de atravessar o sertão nordestino. A importância do rio decorre do fato de ser o único rio perene que atravessa o Sertão semiárido nordestino, ligando as duas regiões mais populosas: Nordeste e Sudeste. O São Francisco é um rio de planalto. Por apresentar muitas quedas d’água, possui potencial hidroelétrico, mas ainda com 2 mil quilômetros de trechos navegáveis. Fornece água às populações e possibilita a prática da agricultura em suas margens e em áreas mais distantes, através de canais de irrigação.
A Transposição do Rio São Francisco
O projeto de transposição do Rio São Francisco é um projeto de combate às secas e tem como objetivo levar água aos principais vales do interior do Nordeste através da construção de canais. Estima-se que 600 quilômetros de canais seriam construídos para captar as águas do rio e levá-las para oito açudes que abasteceriam os rios intermitentes nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Seria necessário também o bombeamento das águas, elevando-as em até 300 metros, de onde passariam a correr devido à força da gravidade. Algumas consequências do projeto são os impactos negativos ao meio ambiente e a migração forçada da população ribeirinha.
Açudes 
Devido ao problema da escassez de recursos hídricos, dezenas de açudes foram construídos no Nordeste. As grandes obras de açudagem foram realizadas pelo poder público e visam a abastecer a população sertaneja e a irrigar terras.
O projeto de transposição do Rio São Francisco pode beneficiar milhões de pessoas: haverá um aumento na oferta de água e, consequentemente, uma redução do êxodo rural causado pela seca resultando na geração de empregos e renda. Porém, prevê-se que reduzirá a capacidade hidroelétrica do rio em aproximadamente 2% e que provocará desmatamento e perda de áreas com vegetação nativa.
Esse projeto, que visa a abastecer cidades e lavouras, tem como objetivo “assegurar oferta de água para 12 milhões de habitantes de 390 municípios do Agreste e do Sertão dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte”. Esse projeto tem causado polêmica, devido a atrasos, custos elevados e impactos ambientais. Em 2013, o projeto ainda não havia sido concluído.
Urias Rocha
Professor Urias Rocha
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