segunda-feira, 21 de abril de 2025

Milhões de americanos tomam ruas dos EUA em protesto recorde contra Trump e políticas autoritárias. Por Urias Rocha BR

“Fora Trump”: protestos se espalham pelos EUA em defesa da democracia

Cerca de 5 milhões de americanos foram às ruas neste sábado (19) em mais de 700 cidades dos Estados Unidos para protestar contra o que consideram uma escalada autoritária do presidente Donald Trump.


De Nova York a Los Angeles, de Jacksonville à capital Washington, as manifestações expressam uma crescente insatisfação com as políticas de imigração, os ataques a minorias e os cortes federais promovidos pelo governo — muitos sob influência direta de Elon Musk, que vem atuando como czar de áreas estratégicas do governo.


“Vergonha!” era uma das palavras mais repetidas nos cartazes e discursos. Em frente à Biblioteca Pública de Nova York, manifestantes seguravam faixas com frases como “Resista ao Fascismo”, “Poder para o Povo, Não para Elon” e “Não em Nosso Nome”.

O grupo 50501, organizador das manifestações, afirma que o objetivo é “defender as liberdades civis e barrar ações antidemocráticas”. A onda de protestos ocorre duas semanas após atos massivos contra a nova composição do governo.

Em Washington, um dos alvos foi o caso de Kilmar Abrego Garcia, cidadão deportado injustamente. “Onde isso para?”, questionou Aaron Burk, que participou do protesto ao lado da filha trans. “Minha maior preocupação é a desumanização das minorias”.

No sul dos EUA, em Jacksonville, os protestos também criticaram os ataques à comunidade LGBTQIA+ e tentativas do governo de alterar leis ambientais, como a Lei de Espécies Ameaçadas de Extinção.

Em Concord, Massachusetts, durante a celebração do 250º aniversário da Revolução Americana, manifestantes aproveitaram o simbolismo histórico para protestar.

“Este evento celebra a luta contra o autoritarismo do Rei da Inglaterra. Hoje, enfrentamos nova tentativa de tirania”, disse Conan Walter, 65, com um cartaz que dizia “Pare o fascismo agora”.

A despeito das ameaças e retrocessos, o povo americano mostra que ainda sabe o caminho das ruas. O “Fora Trump” que ecoou neste 19 de abril não é apenas um grito de indignação — é também um alerta: a democracia, quando ameaçada, tem quem a defenda.

Em nota oficial, o grupo 50501 sintetizou o espírito do levante:

“Hoje nos unimos a mais de 5 milhões de pessoas em todo o país – o maior dia de mobilização desde a segunda posse de Donald Trump. De costa a costa, os americanos estão de pé para dizer: basta.

Estamos construindo uma rejeição nacional, massiva e visível a esta crise – e este protesto é a prova de que as pessoas – a maioria – estão tomando atitudes para impedir uma tomada hostil do governo.

Porque sejamos claros: não vivemos mais em uma democracia funcional. Trump e seus aliados bilionários desmontaram o nosso sistema de freios e contrapesos, empilharam os tribunais, silenciaram a dissidência e se colocaram acima da lei.

Ele está sumindo com pessoas, colocando universidades e a imprensa livre de joelhos, e destruindo as agências reguladoras que deveriam proteger a população – do meio ambiente aos direitos civis, passando pela saúde pública.

Isso não é política como de costume. É uma tomada de poder hostil, conduzida por bilionários, corporações e facilitadores autoritários.

E nós, o Povo, estamos IRRITADOS!

O caldo entornou até mesmo entre os republicanos. Em carta aberta assinada por mais de 200 ex-funcionários e figuras proeminentes do Partido Republicano, o presidente Donald Trump foi comparado a um “déspota real” por usar o poder do Estado para perseguir ex-aliados que o criticaram.

“Esse tipo de comportamento é mais esperado de um déspota real do que de um líder eleito de uma república constitucional”, escreveram os signatários. “Este é o caminho da autocracia, não da democracia.”

A crítica veio após Trump assinar dois decretos presidenciais revogando as autorizações de segurança de Chris Krebs — ex-chefe da Agência de Segurança Cibernética que desmentiu a farsa da fraude eleitoral em 2020 — e de Miles Taylor, ex-chefe de gabinete do Departamento de Segurança Interna que, sob anonimato, denunciou a “amoralidade desenfreada” do ex-presidente em artigo publicado no New York Times.

Mais grave: as ordens de Trump também atingiram instituições ligadas aos dois, e abriram investigações formais contra suas atuações no governo.

Os autores da carta — entre eles Ty Cobb, ex-advogado da Casa Branca, e John Mitnick, ex-conselheiro jurídico do DHS — classificaram os atos como uma “ruptura profundamente inconstitucional” e alertaram: nenhum presidente pode usar o aparato do Estado para vinganças pessoais.

O documento é organizado pelo State Democracy Defenders Fund, dirigido por Norm Eisen, jurista e ex-assessor do primeiro processo de impeachment de Trump em 2019. A própria Brookings Institution, à qual Eisen é ligado, fez questão de se desvincular oficialmente da carta, reforçando o caráter suprapartidário do apelo.

Que os ventos da resistência soprem também deste lado do Equador. A democracia, quando desafiada, responde com o rugido da maioria — nas urnas, nas ruas e nas redes.

Via CNN & France Press

Por Urias Rocha BR - Jornalista independente e Membro da ADESG.

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