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A ideia de paz que permeia o imaginário dos indivíduos e que, de certa forma, se tornou conceito quase absoluto é a ausência de guerra, conflito armado entre partes.
Trata-se de uma concepção simplista e ideologicamente sorrateira.
Paz pode até ser um estado de espírito, mas quando falamos de sujeito coletivo o entendimento é mais complexo
Como podemos falar de paz quando um exército armado invade corriqueiramente nossas casas e estupra nossas mulheres, nossas filhas e mata nossos maridos e nossos filhos?
Como podemos falar e até mesmo pensar em paz quando a comida não chega à nossa mesa e nossas crianças choram de fome?
Como podemos encontrar a paz quando nossos salários não nos permitem um só dia de lazer ou comprar aquele presente no dia do aniversário do nosso filho?
Vivemos em estado de massacre, esta é a verdade, e se um dia resolvermos reagir, nos chamarão de terroristas.
Se não nos matam com um tiro de fuzil, nos metralham com a agonia da fome, da miséria, do abandono e da exploração.
A paz que queremos não é a dos mortos.
Queremos que o lucro das grandes empresas não nos tire a dignidade, o direito de ir e vir, de comer e dançar nas noites de lua cheia.
O clamor da paz não pode servir de alento para a dor das nossas costas lanhadas pela chibata do capital.
Queremos a paz, mas sem a invasão dos nossos lares e a violentação das nossas mulheres; sem o assassinato das nossas crianças e adolescentes.
O colonizador e o capitalista explorador nunca nos trarão a paz. A colonização e a exploração são armas de guerra, que tiram vidas ou aprisionam nossas almas com a dizimação da nossa cultura.
Queremos o fim da guerra colonizatória e da escravização e assassinato dos nossos povos. Só assim teremos paz na terra aos seres humanos de boa vontade.
Lúcio Carril
Sociólogo
URIAS ROCHA BR
Jornalista
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