Esse ódio é induzido pela mídia sionista e conservadora e por aqueles que, na eleição, não respeitaram o rito democrático: ou se ganha, ou se perde. Os derrotados procuram por todos os modos deslegitimar a vitória e garantir uma reviravolta política que atenda seu projeto, rejeitado pela maioria dos eleitores.
Para entender, nada melhor que visitar o notório historiador José Honório Rodrigues, em seu clássico “Conciliação e Reforma no Brasil” (1965): “Os liberais no Império, derrotados nas urnas e afastados do poder, foram se tornando, além de indignados, intolerantes” (p. 11).
Esses grupos prolongam as velhas elites que, do Brasil Colônia até hoje, nunca mudaram seu ethos, abominando o povo. Só o aceitam fantasiado no Carnaval.
Lamentavelmente, não lhes passa pela cabeça que as maiores construções são fruto popular: a mestiçagem racial, a mestiçagem cultural, as tolerâncias racial e religiosa, a expansão territorial, a integração psicossocial, a integridade territorial, a unidade de língua e, finalmente, a opulência e a riqueza do Brasil, que são fruto do trabalho do povo. E o que fez a liderança colonial (e posterior)? Não deu ao povo sequer os benefícios da saúde e da educação.
A que vêm essas citações? Elas reforçam um fato histórico inegável: com o PT, os que eram considerados carvão no processo produtivo conseguiram, numa penosa trajetória, se organizar como poder social, que se transformou em poder político, e conquistar o Estado com seus aparelhos. Apearam do poder as classes dominantes. Não ocorreu simplesmente uma alternância de poder, mas uma troca de classe social, base para um outro tipo de política. Tal saga equivale a uma autêntica revolução social.
Isso é intolerável para as classes poderosas, que se acostumaram a fazer do Estado seu lugar natural de se apropriar privadamente dos bens públicos pelo famoso patrimonialismo.
Por todos os modos e artimanhas querem, ainda hoje, voltar a ocupar esse lugar que julgam de direito seu. Seguramente, começam a dar-se conta de que, talvez, nunca mais terão condições históricas de refazer seu projeto de dominação/conciliação. Para eles, o caminho das urnas se tornou inseguro pelo nível crítico alcançado por amplos estratos do povo, que rejeitou seu projeto político de alinhamento neoliberal ao processo de globalização, como sócios dependentes e agregados. O caminho militar será hoje impossível, dado o quadro mundial mudado.
Cogitam a esdrúxula possibilidade da judicialização da política, contando com aliados na Corte Suprema que nutrem semelhante ódio ao PT e sentem o mesmo desdém pelo povo. Por meio desse expediente, poderiam lograr um “impeachment” da primeira mandatária da nação. É um caminho conflituoso, pois a articulação nacional dos movimentos sociais tornaria arriscado e até inviabilizável esse intento.
O ódio contra o PT é menos contra o PT do que contra o povo pobre, que, por causa do PT e de suas políticas sociais de inclusão, foi tirado do inferno da pobreza e da fome e está ocupando os lugares antes reservados às elites abastadas.
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