Por Urias Rocha - Campo Grande - Mato Grosso do Sul - Brasil
No lançamento da Frente em Defesa da Soberania Nacional, Rita Serrano lembrou que das 10 maiores empresas do mundo em ativos, seis são estatais dos EUA, China e Europa; presidenta da Contraf-CUT enfatizou calendário de luta em defesa dos bancos públicos
“Tudo que é público tem corrupção, e no setor privado não tem. Lá a governança funciona que é uma maravilha.” A ironia partiu da representante eleita pelos empregados para o Conselho de Administração da Caixa, Maria Rita Serrano, durante o seminário que marcou o lançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Soberania Nacional, na tarde desta quarta-feira 4, em Brasília.
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“Talvez a grande diferença é que o privado olha para o consumidor e o público tem que olhar o cidadão. Essa é a diferença fundamental”, continuou Maria Rita, que também é coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas.
“O modelo para muitos no Brasil são os Estados Unidos. E lá tem sete mil estatais. Dados do ano passado do instituto Forbes, que é um instituto liberal, revela que das 10 maiores empresas em ativos do mundo, seis são estatais dos Estados Unidos, da China e da Europa”, ressaltou Maria Rita.
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Ela destacou que entre 2000 e 2017, ao menos 884 serviços foram reestatizados no mundo, segundo o TNI (Transnational Institute), centro de estudos em democracia e sustentabilidade sediado na Holanda.
As reestatizações ocorreram em países centrais do capitalismo, como EUA e Alemanha. Isso por que, segundo o TNI, as empresas privadas priorizavam o lucro e os serviços eram ineficientes e caros.
“Por que a Alemanha tem 20% do controle acionário da Volkswagen? Por que a França tem 15% do controle acionário da Citroën e da Renault?”, questionou Rita. “Porque esses países têm noção da importância da soberania. Eles sabem que se não tiver alguma inserção nesse processo, as empresas simplesmente vão embora e o país perde empregos, perde qualidade de vida. Oitenta por cento do controle do petróleo é público. A saúde na Inglaterra é publica. Nós estamos na contramão do que o mundo está fazendo. O que a gente vive são grandes mentiras que, repetidas várias vezes, vão se tornando verdadeiras.”
Defesa dos bancos públicos
Maria Rita enfatizou a importância de discutir essas informações com a população e lembrou que, desde 2015, foram realizadas mais de 150 audiências públicas em câmaras municipais e assembleias legislativas pelo país para debater a importância dos bancos públicos.
“Temos de reproduzir esse debate com a população, temos de falar com empresários, com produtores rurais, sobre a importância dos bancos públicos e das empresas públicas.”
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Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT e bancária do Bradesco, reforçou: “É importante dizer para a população que sem os bancos públicos não tem saneamento básico, porque parte dos investimentos vem dos bancos públicos. Não tem financiamento da agricultura familiar, e o alimento vai chegar mais caro na mesa do trabalhador se for financiado pelos bancos privados. Desmontar a Caixa significa moradia mais cara, significa aumentar o déficit habitacional”.
Ela também ressaltou que os bancos públicos estão enfrentando um processo intenso de sucateamento desde que o governo Temer tomou o poder, em 2016, política que continua no governo atual.
“Esse desmonte não é feito só vendendo a empresa ou vendendo uma subsidiária, é feito desmontando no dia a dia. Desde o golpe, com o governo Temer e agora com Bolsonaro, já são mais de 20 mil trabalhadores desligados nos bancos públicos. É um desmonte de áreas e setores estratégicos.”
Calendário de lutas
Juvandia ressaltou que foi definido um calendário com uma série de ações, atividades e audiências públicas em todo o Brasil para debater a importância da defesa das empresas públicas. “Já fizemos muitas atividades e continuaremos fazendo. Temos audiências marcadas nos municípios, assembleias legislativas, nas câmaras de vereadores, no Brasil inteiro dialogando com a população sobre a importância dos bancos públicos na vida das pessoas.”
Por Urias Rocha
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