IMUNIZAÇÃO DE REBANHO E EUGENIA
Muitas decisões tomadas ao longo da atual administração não são compreensíveis, dado que fugidias à lógica da governança, e a léguas de boa versão da administração da coisa pública.
Há razão para estranheza, quando não perplexidade perante a substância do que a realidade política nos impõe em fronteira que cotidianamente transpõe sem resguardo nem rubor o mundo literário da mais aguda ficção.
Uma das últimas decisões da Presidência capazes de petrificar-nos foi a de vetar o uso obrigatório de máscaras no Brasil.
A explicação para decisão presidencial não é possível sem remissão a consideração de questões de fundo, e proponho fazê-lo através de metáfora do mundo animal.
Deste último os controladores do poder mal conseguem emular a simpatia enquanto máscara quer em matilha ou bando, enquanto no genocídio expressa a sua face real organizando extermínio do rebanho.
Do mundo animal real tivemos recente notícia oriunda da planície do Planalto.
Dali a notícia da aparição de certo Augusto, homônimo de alguns famosos, mas ele mesmo possuidor de estilo e atributo singular relativamente aos demais, a saber, a simpatia.
Logo saberíamos que este simpático espécime, Augusto, havia sido vítima de sequestro, alvo de celerados, diuturnamente dedicados a malfeitos vários, ilícitos, transgressões, múltiplos crimes, vilipêndios e ofensas sem par, enfim, uma turma da pesada.
Agem como quadrilha ansiosa por locupletar-se no momento do incêndio de imóvel à base do oportunismo.
Não têm especialização, avançando em todos os potes, embora a predileção por tráfico, assim, genericamente falando, com conexões aéreas e pretensões marítimas.
Os detentores do poder revelam similaridade com as preferências do velho General Figueiredo de turva lembrança ética, que preferia o cheiro dos cavalos ao do povo.
A demofobia parece ser cultura alimentada nas cocheiras fardadas.
Os controladores do poder que detêm a minoria expressiva de apoiadores no bojo da sociedade brasileira se sustentam no duplo braço militar-financeiro, apreciadores de hordas (de seguidores) e desprezadores dos humanos, sob o tratamento primitivamente reservado aos animais, de livre descarte.
É neste contexto que os controladores do poder aplicam a teoria da imunização de rebanho.
Este é o assunto que precisamos tratar aqui atentamente em sua conexão com a eugenia de que é vítima o povo brasileiro.
Sob a crise da pandemia do Covid-19 não ocorre aos homens que controlam o poder nada mais do que empregar a teoria da imunização de rebanho que traduz expressamente o desprezo pelo humano.
A imunização de rebanho supõe que padrão de estabilização de contágio quando atinja algo em torno a 60% e 80% da população.
Os problemas centrais que derivam da aplicação desta teoria é que gera a (a) morte de grandes grupos humanos sem qualquer tentativa de evitá-las, (b) que as vidas expostas ao risco são justamente as mais frágeis, (c) que em caso de países com as características e a estrutura administrativa e o perfil das autoridades políticas brasileiras atuais, o índice de mortalidade tende a ser ainda mais alto em face do descuido com quaisquer medidas de cuidado do povo.
Uma vez implementada esta teoria do rebanho a conclusão é de que o vírus tenderia a circular em mais baixa intensidade, gerando a partir de então baixas numericamente mais modestas.
O pressuposto inaceitável desta teoria da imunização de rebanho é que as vidas não valem mais do que os recursos econômicos e materiais existentes e que podem ser aplicados para evitar a proliferação massiva de mortes.
Esta opção caracteriza esta teoria como genocida.
A teoria da imunização do rebanho pode encontrar boa acolhida entre os detentores do poder.
Os círculos do poder não sentem incômodo com perdas de vidas, sejam elas massivas ou não, quando em seu contraponto manejam taxas de evolução de lucros e benefícios econômicos de todo gênero.
Não deixa de ser curioso recordar como os césares que transitaram pelo poder em Roma possuíam leões e os açulavam contra o povo, ocupando espaços públicos para fazê-los comer gente, enquanto o passar dos séculos facilita observar como seus falsos homólogos contemporâneos emulam-nos através de vírus oportunistas.
Monarcas medievais e selvagens autoritários de todos os tempos pretenderam dispor e fazer parecer deter as virtudes de força e a valentia para desestimular inimigos a enfrentá-los.
Rigorosamente, a aplicação da teoria da imunização de rebanho é suprema covardia aliada à estultice econômica que presumem não ter, pois ao passo em que consomem corpos indistintamente, mutilam o futuro privando a humanidade de talentos e inteligências singulares.
Nos dias correntes agremiações de empresários há que encarnam o espírito leonino, devoradores de vidas que classificam como indignas de ser vividas, segundo a mais fidedigna filiação nazista.
São colocados nesta posição de alvo os trabalhadores, os homens do povo, expostos a trituração por homens cuja alma é habitada pela disposição em colocar granadas no bolso daqueles incautos de boa-fé a quem abraçam.
A covardia superlativa destes homens é tamanha que correm ao traiçoeiro afeto traduzido no abraço para introduzir a explosiva pólvora no bolso daqueles que lhes depositam confiança.
Quantos leitores(as) lembraram de Paulo Guedes?
Quantos Guedes o Brasil conheceu em sua história?
Quantos deles ainda precisará o Brasil evitar?
Admiráveis mesmo são os animais que enfrentam à peito aberto os seus contrincantes, embora possam ser surpreendidos por humanos que agem à sorrelfa, vitimando simpáticos espíritos libertários como Zeus (Augusto) que correm livres na planície para satisfazer os seus instintos sexuais até terminar sequestrados por gente de (estes sim) baixos instintos e ser levados ao cativeiro no Planalto juntamente com o povo brasileiro.
*Professor universitário. Doutor em Filosofia do Direito (UFPR). Mestre em Filosofia (Universidade Federal do Ceará / UFC). Especialista em Direito Constitucional e Ciência Política (Centro de Estudios Políticos y Constitucionales / Madrid). Professor Colaborador do Programa de Pós-Graduação em Direito (UnB) (2016-2019). Pós-Doutor em Filosofia do Direito e Teoria do Estado (UNIVEM).
Urias Rocha - Mato Grosso do Sul
Via Roberto Boeno
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