sexta-feira, 13 de março de 2020

Fungos, vírus e bactérias: qual a diferença?

Entenda quais são as características particulares de cada um desses organismos.

A Microbiologia é o ramo das ciências biológicas que estuda os microrganismos e, por isso, abrange todos os conhecimentos relacionados à sua identificação, forma, modo de vida, fisiologia e metabolismo, bem como sua relação com outras espécies e com os meios onde vivem. Entre os organismos que a microbiologia estuda, estão células eucariontes unicelulares e procariontes, como as bactérias, fungos e vírus. Aqui, explicamos as características de cada um desses organismos para que você aprenda sobre as suas particularidades. Acompanhe!

Bactérias

O Reino Monera é formado por bactérias, cianobactérias e arqueobactérias. Esses organismos são simples, formados apenas por uma célula (unicelulares) e extremamente pequenos - normalmente, seu tamanho é menor que 8 micrômetros. Devido à sua dimensão microscópica, as bactérias possuem apenas os quatro elementos biológicos essenciais às células: membrana plasmática, hialoplasma, ribossomos e cromatina.

Estrutura celular

As bactérias possuem uma parede celular rígida, formada por uma estrutura de peptídeos (proteínas) ligados a polissacarídeos (açúcares), que é capaz de envolver externamente a membrana plasmática. Externamente a ela, existe também uma parede celular, chamada membrana esquelética, estrutura cuja composição química é específica das bactérias e à base de mureína.
Em seu hialoplasma, há um único filamento de DNA, com formato circular. Essa estrutura recebe o nome de cromatina e contém todos os genes da bactéria. No entanto, não é incomum encontrar outras moléculas de DNA não ligadas ao cromossomo bacteriano e espalhadas pelo hialoplasma. Também estão dispersos no interior da célula os ribossomos e os grãos de glicogênio, utilizados como reservatórios de nutrientes.
Alguns tipos de bactérias possuem uma cápsula uniforme, espessa e viscosa ao seu redor, tornando-a especialmente resistente contra vírus bacteriófagos e glóbulos brancos, além de permitir uma melhor organização em forma de colônia. Essa estrutura transforma as bactérias em organismos extremamente perigosos, como acontece com a pneumococo, bactéria capaz de causar um tipo letal de pneumonia em seres humanos.

Espécies de bactérias e metabolismo

As bactérias apresentam uma grande variedade metabólica; portanto, é possível encontrar espécies heterótrofas e autótrofas. Entenda:
As bactérias heterótrofas não são capazes de produzir o seu próprio alimento. Dentre elas, destacam-se três tipos. Primeiro, as bactérias parasitas, que agridem outros seres vivos para obter matéria orgânica, mas causam diversas doenças. Já as bactérias decompositoras recorrem à decomposição de matéria orgânica e, assim, tornam-se imprescindíveis para a reciclagem de nutrientes do meio ambiente. Por fim, existem as bactérias simbiontes, que são aquelas que obtêm matéria orgânica de outros seres vivos sem prejudicá-los, como ocorre com as enzimas presentes no sistema digestivo de bois e cabras, responsáveis por auxiliar na digestão de celulose, por exemplo.
Por outro lado, as bactérias autótrofas são capazes de produzir seu próprio alimento através da fotossíntese - captação da energia solar - ou da quimiossíntese, uma reação biológica capaz de produzir energia química que, posteriormente, é convertida em compostos inorgânicos oxidados.  

Funções no ambiente

As bactérias são encontradas em ambientes considerados inóspitos para inúmeros seres vivos. Apesar de seu tamanho imperceptível, esses organismos são muito importantes para o meio ambiente, atuando diretamente na manutenção dos ciclos biogeoquímicos, na decomposição de matéria orgânica, e também fazendo parte do ciclo do nitrogênio, realizando a transformação desse composto presente na atmosfera para que ele seja apropriadamente absorvido pelas plantas.
Ainda, as bactérias são muito usadas em processos industriais para a produção de alimentos, como ocorre com a coalhada e outros tipos de alimentos à base de leite, como queijos e iogurtes. Áreas como a engenharia genética e a biotecnologia também recorrem a esses microrganismos para realizar a síntese de inúmeras substâncias importantes, como a insulina ou o hormônio do crescimento.
No entanto, é necessário cuidado, uma vez que as bactérias são agentes capazes de provocar doenças muito sérias nos seres humanos. Alguns exemplos são a cólera, a febre tifoide, a lepra e a meningite.

Fungos

O Reino Fungi é formado pelos fungos, organismos que podem ser microscópicos ou macroscópicos, unicelulares ou pluricelulares. Nesse reino, incluem-se os mofos, bolores, leveduras e cogumelos.
Curiosamente, a sua suposta proximidade com as plantas já causou inúmeras discussões, e no passado, as ciências biológicas os classificavam como parte desse mesmo reino. No entanto, ao estudar suas estruturas, a microbiologia percebeu que os fungos têm características muito particulares. Veja!

Características únicas

Assim como as da plantas, as paredes das células de um fungo também são muito rígidas. Porém, essa estrutura não é formada por celulose, mas sim por uma substância chamada de quitina, também muito encontrada na casca de alguns insetos.
Outra questão muito interessante sobre os fungos é que as suas espécies pluricelulares, como os cogumelos, possuem uma estrutura conhecida como hifa. As hifas são pequenos filamentos que formam uma rede chamada micélio, que fica escondida sob a terra ou cascas de árvore, estendendo-se até o alimento e absorvendo os seus nutrientes. Também são muito importantes por estarem diretamente relacionadas à disseminação de esporos para o meio ambiente e, consequentemente, com os processos reprodutivos desses organismos.

Metabolismo e produção de energia

Já diferentemente das plantas, os fungos são organismos que não possuem clorofila, portanto não são capazes de realizar a fotossíntese, o que os define como seres heterotótrofos. Por isso, absorvem os nutrientes necessários à sua alimentação de duas maneiras distintas. Os fungos decompositores retiram seu alimento dos restos de plantas e animais presentes na natureza, atuando diretamente na decomposição de matéria orgânica. Enquanto isso, os fungos parasitas vivem às custas de outros seres vivos e, como consequência, podem causar inúmeras doenças em seus hospedeiros.

Funções no ambiente

Atualmente, há mais de 1,5 milhão de fungos conhecidos. Eles estão presentes nos mais diversos tipos de habitat, e por isso podem ser encontrados no solo, na água, nos vegetais, nos animais, no organismo humano e até mesmo entre os mais variados detritos.
Ainda, alguns tipos de fungos, como os cogumelos, têm grande valor comercial para algumas culturas. Devido à sua alta taxa de proteínas, esses organismos são muito usados em receitas culinárias, principalmente os tipos shimeji, shiitake, portobello e Paris. No entanto, é necessário atenção: outros tipos de fungos estão diretamente associados a patologias, como micoses, sapinho e candidíase, por exemplo.

Vírus

Considerados seres de tamanho extremamente pequeno, os vírus são formados apenas por uma cápsula proteica que envolve o seu material genético, que pode ser DNA, RNA ou, mais raramente, ambos. A palavra “vírus” tem origem no latim, significa “fluído venenoso” ou “toxina”, e é utilizada para se referir às partículas que infectam células eucariontes. Já o termo “bacteriófago” é utilizado para descrever os vírus que afetam as células procariontes.
Os vírus são os únicos organismos acelulares que existem em nosso planeta e, dessa forma, só encontram as condições ideais para realizar as suas atividades vitais quando estão dentro de outra célula viva, sendo assim definidos como organismos intracelulares obrigatórios.  

Organismo acelular

A cápsula responsável por envolver o material genético de um vírus recebe o nome de capsídeo. O seu ácido nucléico pode ser um DNA ou um RNA, sendo um consenso que pouquíssimos tipos de vírus são capazes de possuir ambas as estruturas em seu interior. Em conjunto, o capsídeo e o ácido nucleico que ele envolve recebem o nome de nucleocapsídeo.
Outra característica muito importante dos vírus é que eles só conseguem se reproduzir quando invadem outra célula e controlam a atividade de todas as suas estruturas. Em razão dessa característica, os vírus não são definidos como seres vivos, mas sim como um sistema biológico, já que possuem ácidos nucleicos e sistemas de codificação genético.
Logo, para se reproduzir, o vírus infecta uma célula hospedeira e liga as suas proteínas virais às proteínas receptoras da célula. Na sequência, o material genético é multiplicado e os vírus tornam-se capazes de comandar a síntese de proteínas e ácidos nucleicos dentro daquela célula específica. Assim, essa célula inicial se multiplica naturalmente e origina novos vírus, todos extremamente semelhantes entre si, contaminando o organismo vivo no qual estão. Diante disso, alguns vírus são patogênicos e muito perigosos para o bem-estar humano, estando diretamente relacionados a doenças como gripe, sarampo, hepatite e AIDS.
Aprender as particularidades dos fungos, vírus e bactérias é essencial para compreender as diferenças entre cada um desses organismos. Atente sempre às suas características e não deixe de aprender também quais doenças e demais situações cotidianas estão relacionadas a cada um deles.
Urias Rocha - Via Journal of Agricultural Science - Canada 

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