quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

CONFLITOS E CRISES ATUAIS

CONFLITOS E CRISES ATUAIS

ESTADO, PAÍS E NAÇÃO - CONFLITOS REGIONAIS

Antes de se iniciar o estudo da Geopolítica, é necessário compreender a diferença entre Estado e nação.
Um estado é constituído por três elementos fundamentais: um território, uma população e um governo soberano. Onde há um território geograficamente delimitado, uma população que nele habita e um governo soberano que o governa, há um Estado.
Uma nação, por outro lado, é um grupo social cujos membros compartilham do mesmo idioma, das mesmas raízes culturais, do mesmo padrão básico de costumes e do mesmo passado histórico. Uma nação pode ou não compartilhar da mesma religião. É importante ressaltar que uma nação se define culturalmente – não racialmente. Exemplificando: os brasileiros formam uma nação mesmo que as origens étnicas do povo brasileiro sejam múltiplas: italiana, portuguesa, espanhola, japonesa, africana, etc.
O conceito de estado não deve ser confundido com o de nação. Estado significa unidade política, não necessariamente cultural. Há nações que não possuem seu próprio estado. Por outro lado, há países constituídos por várias nações. Isso significa que estado e nação nem sempre coincidem geograficamente.  É possível que uma única nação viva em mais de um estado. Um exemplo disso é a nação coreana, que habita dois países: Coreia do Norte e Coreia do Sul. Há também nações que não possuem seu próprio estado: por exemplo, os 21 milhões de curdos que vivem no Iraque, na Turquia, no Irã, na Síria e na Armênia. Os curdos são a maior nação do mundo sem estado próprio. Sofrem constantes perseguições e massacres. Foram massacrados pelo ex-ditador iraquiano, Saddam Hussein. No presente, estão sendo atacados pelo Estado Islâmico (EI). 
Atualmente a maioria dos Estados contém várias nações, com a grande maioria da população pertencendo à mesma nação. Isso pode ser visto no caso do Brasil que tem como minoria às nações indígenas.
Inúmeros conflitos mundiais derivam do fato que nações estão sobe o domínio político de outra nação. Estudaremos, nesta aula, conflitos derivados de minorias dentro de um Estado, Estados com duas nações predominantes e nações sem Estados.
Conflitos regionais
Um mapa cartográfico mostra o mundo com suas divisões políticas; linhas imaginárias desenhadas para representar as fronteiras de cada país.  Essas linhas são muitas vezes redesenhadas como vemos no caso da antiga Iugoslávia que originou as novas repúblicas da Bósnia-Herzegóvina, Croácia, Eslovênia e Macedônia. Alguns países também adotaram novos nomes desde sua independência como colônia, como é o caso da Rodésia que passou a se chamar Zimbabué. Vemos através dos conflitos que as fronteiras nacionais são móveis e são determinadas pela capacidade político-militar de ampliá-las e de as manter.
Em guerras e conflitos regionais, presenciam-se violações de direitos humanos. No dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou a Declaração Universal dos Direitos do Homem, que compreende trinta artigos que enumeram os direitos humanos, entre eles, o reconhecimento da igualdade, dignidades e liberdade de todos os seres humanos, sem distinção de raça, cor, sexo, nacionalidade, condição financeira, etc. A Declaração proíbe escravizar, torturar ou prender alguém aleatoriamente. Declara que todos são iguais perante a lei e têm direito de uma audiência justa e pública em um tribunal independente e imparcial.

Esperava-se que o estatuto fosse seguido por todos os países, mesmo em situações de guerra. Infelizmente, a Declaração Universal dos Diretos do Homem é constantemente violada.
Problema Africano
Conflitos na África
O continente africano sofre por ter fronteiras arbitrárias que dividem os países. As fronteiras das atuais nações africanas foram fixadas pelos colonizadores europeus segundo seus exclusivos interesses. Em primeiro lugar, isso gerou a presença, no interior de um mesmo país africano, de formações tribais culturalmente diferenciadas e, quase sempre, inimigas umas das outras. Lamentavelmente, quando do processo de descolonização, a Organização da Unidade Africana (OUA) manteve essas fronteiras, temendo, em caso de alterações, que o caos  reinasse sobre o continente. Além disso, os atuais limites são responsáveis por uma enorme fragmentação do espaço territorial, que, na maioria das vezes, impede a emergência de estruturas econômicas mais modernas e eficientes.
O conceito de Estado nacional (Estado-nação), próprio da formação política europeia, é totalmente estranho à mentalidade africana, cujos povos conheciam organizações sociais muito mais simples se comparadas com as do Ocidente. De fato, pouco há em comum entre a tribo africana e o Estado nacional. Essa foi uma imposição europeia às sociedades africanas. Ora, tais Estados artificiais enfrentam inúmeros problemas: etnias distintas agrupadas sob uma mesma organização política e a quase total ausência de uma consciência nacional, que somente atingiu um estágio embrionário durante o período das lutas anticoloniais. Em suma, os atuais países da África Negra são vítimas da ação de duas forças absolutamente opostas: de um lado, um aparelho de Estado "transplantado", de cunho modernizador e centralizador; de outro, uma estrutura tribal arcaica e particularista.
Dissolução da Iugoslávia
Acompanhando a onda do colapso do comunismo no leste europeu em fins da década de 80, nas primeiras eleições livres, realizadas em abril de 1990, os nacionalistas bateram os comunistas em todas as repúblicas, exceto na Sérvia e Montenegro. Em 1991, a Eslovênia e a Croácia procuraram a sua independência em relação à Belgrado. Quase imediatamente, o Exército Federal Iugoslavo, dominado pelos sérvios, atacou a Eslovênia. Como não havia minoria sérvia na região, os combates duraram apenas algumas semanas e os militares sérvios se retiraram. Em seguida foi a vez da Croácia onde 17% da população era de origem sérvia. Aí os conflitos foram  sangrentos, com atrocidades de ambos os lados. Nesse primeiro momento da guerra servo-croata ocorreu a divisão do território croata em República da Croácia e República Sérvia de Kragina. Em 1992, ocorreu a catástrofe. Na Bósnia-Herzegóvina, a população estava dividida em muçulmanos (44%), sérvios (32%) e croatas (16%). Embora culturalmente diferentes, essas comunidades, durante décadas, pareciam conviver bem. De repente, os sérvios iniciam a "limpeza étnica" (o uso do terror, de assassinatos e estupros para expulsar os habitantes não sérvios da região). Sarajevo foi cercada pelos sérvios e praticamente arrasada. As cenas de brutalidade e violência eram mostradas em todas as televisões do mundo, provocando indignação na opinião pública internacional. "Forças de paz" da Organização das Nações Unidas (ONU) foram inutilmente mandadas para a região. Em agosto de 1995, os croatas eliminaram a presença Sérvia em Kragina. Nesse mesmo ano, os Estados Unidos da América, diante da incompetência europeia para resolver a questão, promoveram o Acordo de Dayton, pacificando a Bósnia pelo envio de tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Dois anos depois, albaneses - população majoritária de Kosovo - passaram a ser vítimas da "limpeza étnica" sérvia – sofrendo um verdadeiro genocídio. Mais uma vez, o mundo assiste indignado à violência que se abatia sobre aquela província. Em março de 1999, as forças aéreas ocidentais atacam as tropas sérvias presentes em Kosovo, obrigando-as à retirada. Hoje, a Iugoslávia se limita a duas repúblicas: Sérvia Montenegro.
Genocídio – exterminação física de uma etnia.

Etnocídio – eliminação da cultura de um povo, e não de sua existência física. O etnocídio nem sempre ocorre propositalmente. Ocorre quando um povo não respeita a cultura do outro e quer mudá-la.
Conflito na Irlanda
Há duas Irlandas: a República Irlanda (Eire)  e a Irlanda do Norte (Ulster), esta pertencente ao Reino Unido. A partir de 1968, aumentaram as ações terroristas do Exército Republicano Irlandês (IRA), forçando a intervenção britânica e, complicando a situação, deu-se a criação de grupos paramilitares protestantes.  Na Irlanda do Norte (Ulster), teve início uma guerra civil.  Os antagonistas são: de um lado, a maioria protestante que quer continuar vinculada ao Reino Unido e de outro, a minoria católica que deseja a integração com a Irlanda do Sul (Eire).
Em 1985, a Grã-Bretanha e a República da Irlanda assinaram um acordo que concedeu à República da Irlanda uma certa representação nos assuntos da Irlanda do Norte. Os dois governos esperavam que esse acordo, conhecido como o Tratado Anglo-Irlandês, viesse a assegurar os direitos da minoria católica na Irlanda do Norte. Contudo, extremistas de ambos os lados denunciaram o pacto e os grupos protestantes na Irlanda do Norte juraram nunca aceitá-lo.
O acordo de paz, o Acordo da Sexta-Feira Santa (Good Friday Agreement), foi assinado em 1998. É considerado um grande passo em direção à paz. O acordo determinou a criação de uma Assembleia da Irlanda do Norte, a libertação de presos políticos e a deposição de armas pelos grupos paramilitares. Pela primeira vez, há no Ulster um governo misto, constituído por católicos e protestantes.
Embora o IRA tenha renunciado ao terror e entregue parte de seu arsenal, grupos católicos dissidentes e radicais unionistas continuam a atuar e a ameaçar o processo de paz.

FOME NO MUNDO

Segundo a Organização das Nações Unidas, a fome representa o maior risco para a saúde do mundo. A fome mata mais pessoas anualmente do que a AIDS, a malária e a tuberculose juntas. Segundo a UNICEF, a desnutrição é responsável por um-terço da morte de crianças com menos de cinco anos de idade em países em desenvolvimento.
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que em 2017, 815 milhões de pessoas passaram fome. A maioria delas vive em países em desenvolvimento: uma pequena fração, 15.7%, vive em países desenvolvidos. Isso significa que uma entre oito pessoas não obtém alimentos o suficiente.
Segundo a FAO, o mundo produz quantidade suficiente de alimentos para conseguir alimentar toda a população mundial, mesmo que haja aumento constante de demanda por alimentos. Contudo, um-terço dos alimentos produzidos é desperdiçado.
Desde o início da década de 1990, apenas a América Latina e o Caribe conseguiram diminuir a fome em seus países. A região do mundo com o maior número de pessoas que passam fome é a África subsaariana: 24,8% da população.

A fome: o maior problema mundial
Aumento do preço da comida
Em 2012, o preço médio dos alimentos estava 50% acima do que era no final do século passado (dados da FAO).
Vários fatores climáticos e econômicos contribuem para o aumento no preço dos alimentos. Nos últimos anos, o mundo sofreu os impactos negativos do aquecimento global. Ocorreram tsunamis, secas extremas, geadas, grandes incêndios, inundações, tufões e outros incidentes naturais. As grandes variações climáticas e os incidentes naturais destroem plantações e restringem a produção de alimentos em certas regiões.
A alta no preço dos alimentos é também causada pelo aumento do cultivo de produtos voltados àprodução dos biocombustíveis. Evidenciamos isso no Brasil. Em vez de plantar alimentos, grandes produtores no Brasil escolhem plantar cana-de-açúcar, soja e milho, cuja produção é convertida em biocombustível. Consequentemente, os preços da terra e da água sobem e certas lavouras se tornam economicamente desvantajosas. O preço do milho, alimento básico, subiu graças ao aumento na demanda por seu uso como biodiesel.
preço do petróleo também contribui para inflacionar o custo da produção de alimentos, pois resulta no aumento dos custos de fertilizantes. A escassez da água potável também encarece os preços de alimentos.
Guerras entre países, guerras civis, conflitos violentos e a atuação de grupos terroristas também contribuem para a instabilidade que prejudica a produção de alimentos. Consequentemente, constituem fatores que geram e perpetuam a fome.
Os governos buscam a autossuficiência na produção de alimentos ao impor barreiras tarifarias e até restrições à exportação de alimentos. Alguns principais importadores chegam a adquirir grãos a qualquer preço para manter o abastecimento interno.
Os altos preços de alimentos têm consequências devastadoras para as populações mais pobres do mundo. Países e pessoas mais pobres gastam uma fração significativa de sua renda para adquirir alimentos. Em países desenvolvidos, o gasto com alimentação representa, em média, 10% do orçamento doméstico. Já em certos países da África, pode chegar a 60%. Em países mais pobres, a população costuma ser jovem, devido às altas taxas de fecundidade, e são as crianças as mais atingidas pela fome e desnutrição.
O alimento é, evidentemente, uma necessidade essencial. Não surpreende, portanto, que o aumento no preço de alimentos fomenta revoltas. De fato, um dos estopins da Primavera Árabe foi o aumento no preço de alimentos. Se a carestia se espalhar pelo mundo, outras revoltas políticas ocorrerão.
O fome no Brasil
Na última década, o Brasil conseguiu retirar 36 milhões de brasileiros da extrema pobreza. Um relatório divulgado em 2013 pela FAO revela que nos últimos 20 anos, a fome no Brasil foi reduzida em 54,3%. Os dados demonstram que nesse período, houve uma redução de brasileiros subnutridos: de 15% para 6,9%. Esse progresso fez com o Brasil passasse a ser incluído na lista países que alcançaram antecipadamente a meta dos Objetivos do Milênio da ONU de, até 2015, reduzir pela metade o número de pessoas que passam fome.
Contudo, é importante ressaltar que 30% dos lares brasileiros ainda sofrem certo grau de insegurança alimentar.
A FAO atribui o progresso do Brasil no combate à fome a vários fatores: a implementação de políticas de proteção social (o Bolsa Família, por exemplo), as ações do Plano Brasil Sem Miséria, a inclusão na Constituição Federal do direito à alimentação, a criação do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e o fortalecimento da agricultura familiar.

CONFLITOS NA ÁFRICA

Em 1885, na conferência de Berlim, quando as nações ocidentais partilharam os territórios do Continente Africano, a divisão foi feita segundo os interesses dos europeus, ignorando e violentando as realidades tribais. Criando países artificiais, que agrupavam em seu interior tribos culturalmente diferentes e, quase sempre, antagônicas, os europeus gestaram os conflitos que até hoje assolam a África Negra. O Ocidente abortou a linearidade do processo histórico africano, dando à luz um pavoroso feto eivado de ódio, ressentimento e, paradoxalmente, admirador do que existe de pior entre nós, um malfadado “clone” do Ocidente. O Sudão e o Ruanda servem como exemplos das consequências trágicas causadas pelo colonialismo europeu.

O colonialismo europeu criou estados frágeis e artificiais. Os conflitos e guerras que assolam o continente africano são consequência disso. Sete das 14 operações de paz da ONU em todo o mundo ocorrem na África: no Saara Ocidental, na Libéria, na Costa do Marfim, na República Democrática do Congo (RDC), no Sudão do Sul e no Sudão (há duas operações de paz no Sudão, uma delas em Darfur).
Os grupos armados atravessam fronteiras e perturbam a estabilidade política e regional dos países africanos. As redes terroristas já fazem parte da realidade do continente africano.
As riquezas minerais da África, em vez de contribuir para o desenvolvimento do continente, são utilizadas para financiar grupos armados. A extração de diamantes e de outras pedras preciosas e o comércio de armas ajudam a financiar grupos rivais envolvidos nas guerras civis, guerrilhas e grupos terroristas. Em Angola, Serra Leoa e República Democrática do Congo, a exploração de reservas, denominadas "diamantes de sangue", é usada para o sustento de conflitos armados no interior desses países.
Sudão
O Sudão é um país africano, limitado a norte pelo Egito, a leste pelo Mar Vermelho, onde faz fronteira com a Arábia Saudita, Eritreia e Etiópia, ao sul pelo Quênia, Uganda e República Democrática do Congo e a oeste pela República Centro-Africana, Chade e Líbia. A capital do Sudão é Cartum.
O Sudão, chamado na antiguidade de Núbia, foi conquistado pelos árabes durante a expansão islâmica ocorrida no século VII. Entre 1820 e 1822, o Sudão foi conquistado pelo Egito e, posteriormente, pelo Reino Unido. Em 1881, é iniciada uma revolta nacionalista liderada por Muhammad Ahmed bin Abdallah. Esse líder religioso, conhecido como Mahdi, expulsou os ingleses do Sudão em 1885. Mas ele faleceu logo depois e os britânicos voltaram a conquistar o país em 1898. O Sudão obteve autonomia limitada apenas em 1953. A independência total do país ocorreu em 1956.
O Sudão, antes de sua divisão, era o maior país da África. O Sudão é rico em petróleo, ouro e terras cultiváveis, mas esteve em estado de guerra civil durante décadas. O conflito ocorre entre o governo muçulmano e guerrilheiros cristãos e animistas, localizados no sul do país. A guerra civil e as secas prolongadas resultaram na morte de 1,5 milhão de pessoas. O Sudão adotou um regime islâmico radical e a introdução da Sharia, a lei islâmica, que proíbe o consumo de bebidas alcoólicas e prevê punições por enforcamento ou mutilação, o que resultou no exílio de 350 mil sudaneses, que fugiram para países vizinhos.
A história do país nas últimas décadas do século XX foi marcada por guerras. A primeira guerra civil no Sudão terminou em 1972, mas o conflito foi reiniciado em 1983. Milhões de pessoas foram mortas e exiladas. Negociações de paz ocorreram durante os anos 2002-2004. Um acordo de paz foi finalmente assinado em janeiro de 2005, e concedeu um período de seis anos de autonomia aos rebeldes do sul. Terminado esse prazo, em 2011, essa região se tornou um país independente, o Sudão do Sul – o país mais jovem do mundo. Ainda persistem conflitos entre o governo do Sudão e os rebeldes que visam a reanexar o Sudão do Sul, onde se encontram três-quartos das reservas de petróleo. Em dezembro de 2013, os rebeldes entraram no Sudão do Sul e tomaram a capital de uma região produtora de petróleo.  Cresce o medo de uma guerra civil no Sudão do Sul.
Além de guerras civis e de surtos de fome que vitimaram o país, o Sudão enfrenta também um problema de imigração: um número enorme de refugiados, fugindo de países vizinhos, principalmente da Etiópia e do Chade, buscam refúgio no Sudão. Não é tarefa fácil ajudar o povo sudanês, pois, infelizmente, há conflitos armados, uma precária rede de transportes e uma falta de estrutura governamental, que obstruem o envio de ajuda humanitária para as vítimas desse país africano.
Darfur
O conflito de Darfur, também conhecido como Genocídio de Darfur, é um conflito armado que ocorre naquela região, a oeste do Sudão. O conflito envolve os janjauids – milícia recrutada entre as tribos baggara (árabes) e os povos não baggara da região. O governo sudanês apoia os janjauids ao fornecer-lhes armas e assistência.
O conflito de Darfur, que se iniciou em fevereiro de 2003, já resultou na morte de aproximadamente 400.000 pessoas. Dois grupos armados da região rebelaram-se contra o governo central sudanês, pró-árabe deflagrando a luta. O Movimento de Justiça e Igualdade e o Exército de Liberação Sudanesa acusaram o governo de oprimir os não árabes e de negligenciar a região. O governo sudanês reagiu ao lançar uma campanha de bombardeios aéreos para apoiar ataques por terra perpetrados pelas milícias dos janjauids.
O conflito de Darfur é um caso de “limpeza étnica” e de genocídio. Os janjauids são acusados de cometer terríveis violações dos direitos humanos, inclusive assassinatos em massa, saques e o estupro sistemático da população não árabe de Darfur. Os janjauids também incendiaram vilarejos inteiros, forçando os sobreviventes a fugir para campos de refugiados. Mais de 2 milhões de pessoas haviam fugido, forçadas a abandonar seus lares, provocando uma grande crise humanitária.
Genocídio - eliminação física de uma etnia por parte de outra.
Etnocídio – eliminação da cultura de um povo, e não de sua presença física. O etnocídio não é sempre proposital. Pode ocorrer quando um povo não respeita a cultura do outro e quer mudá-lo.
Na área, atuam forças militares da Organização das Nações Unidas (ONU) e da União Africana (UA), que tentam prevenir os ataques e as ameaças contra a população civil. Em 31 de julho de 2007, o Conselho de Segurança das Nações Unidas votou unanimemente a resolução 1769, que aprovou a constituição de uma força militar conjunta da ONU e da União Africana (UA) para Darfur. A resolução autorizou a formação de uma força denominada Unamid, constituída por 26 mil soldados e policiais. 
O conflito já dura uma década. As tentativas de mediação internacional e as negociações de paz foram prejudicadas pelas lutas e divisões rebeldes. A violência ainda continua, mesmo que tenha diminuído desde 2003-2004.
É importante ressaltar que, ao contrário da segunda guerra civil do Líbano, que foi travada entre o Norte muçulmano e o Sul cristão e animista, a maioria dos residentes de Darfur é muçulmana.
Ruanda
Ruanda é um pequeno país montanhoso da África cuja capital é Kigali.
Depois da Primeira Guerra Mundial, a Liga das Nações entregou o protetorado de Ruanda, controlado desde 1880 pelos alemães, à Bélgica.Os belgas praticaram métodos draconianos para controlar Ruanda: utilizaram a igreja católica para manipular a classe alta dos tutsis para reprimir o resto da população e impuseram impostos e trabalhos forçados.
Depois da Segunda Guerra Mundial, Ruanda tornou-se um território “protegido pelas Nações Unidas”, mas continuava a ser administrado pela Bélgica. Com o passar do tempo, os hutus adquiriram mais poder e, em 1962, quando o país se tornou independente, esses se tornaram os políticos dominantes. Em 25 de setembro de 1960, a ONU organizou um referendo no qual Ruanda se tornou uma república. Logo após as primeiras eleições do país, foi declarada a República de Ruanda. O primeiro-ministro eleito foi Grégoire Kayibanda.
Ruanda sofreu vários anos de instabilidade e seu governo perseguia os tutsis. Em 5 de julho de 1973, o ministro da Defesa, major general Juvénal Habyarimana, derrubou o governo do primeiro-ministro Grégoire Kayibanda, dissolveu a Assembleia Nacional e aboliu todas as atividades políticas. Em dezembro de 1978, ocorreram novas eleições. Uma nova Constituição foi aprovada e Habyarimana foi confirmado como presidente. Concorrendo como candidato único, foi reeleito em 1983 e em 1988. Porém, devido a pressões por reformas políticas, o presidente anunciou em julho de 1990 que transformaria Ruanda numa democracia multipartidária. Nesse mesmo ano, porém, o país sofreu conflitos internos e a Frente Patriótica Ruandesa (RPF), dominada por tutsis que haviam se refugiado em países vizinhos, lançou ataques militares contra o governo hutu. O governo de Juvénal Habyarimana retaliou ao lançar uma campanha genocida contra os tutsis. Em 1992, foi assinado um acordo de cessar-fogo entre o governo e a RPF.
Em 6 de abril de 1994, o presidente Habyarimana foi assassinado. Durante os três meses seguintes, militares e milicianos mataram cerca de 800 mil tutsis e hutus, naquilo que foi chamado de o Genocídio de Ruanda. Os rebeldes tutsis derrotaram o regime Hutu e encerraram a matança em julho de 1994, mas aproximadamente 2 milhões de refugiados hutus – muitos deles temendo uma retaliação Tutsi – fugiram para os países vizinhos como Burundi, Tanzânia, Uganda e o ex-Zaire.
Em 4 de julho, Paul Kagame, que comandava a RPF, entrou no capital do país, Kigali, enquanto tropas francesas de “manutenção de paz” ocupavam a região sudoeste, durante a “Opération Turquoise”.
Paul Kagame tornou-se vice-presidente e Pasteur Bizimungu, presidente. No ano de 2000, porém, ambos entraram em conflito. Bizimungu renunciou e Kagame assumiu a presidência do país. Em 2003, Kagame foi eleito presidente no que foram consideradas as primeiras eleições democráticas legítimas desde o genocídio. Entretanto, aproximadamente 2 milhões de hutus se refugiaram na República Democrática do Congo, pois temiam que os tutsis iriam se vingar deles. Muitos regressam ao país, mas ainda há milícias envolvidas numa guerra civil que continua a vitimar Ruanda.
Apesar de receber ajuda internacional e apesar das reformas políticas ocorridas no país, Ruanda ainda tem dificuldade em atrair mais investimentos e ampliar sua agricultura. A reconciliação étnica é complicada pelo domínio político dos tutsis e pela tradição de violência no país. Extremistas hutus continuam a provocar inquietação nas fronteiras do país.
Ruanda continua sendo um país rural e pobre. Quase 90% de sua população trabalha na agricultura, a maioria sobrevive com a agricultura de subsistência. Ruanda é o país mais densamente populado na África; não tem passagem para o mar, poucos recursos naturais e uma indústria praticamente insignificante. O país obtém um mínimo de recursos ao exportar café e chá.
genocídio ocorrido no país em 1994 dizimou a economia nacional, empobreceu ainda mais a população, e prejudicou a capacidade do país de atrair investimentos privados e externos. Ruanda tem feito um progresso substancial ao estabilizar e reabilitar sua economia. Mesmo assim, o nível de pobreza do país continua extremamente alto.

A DISSOLUÇÃO DA IUGOSLÁVIA

A Antiga Iugoslávia
O nome Iugoslávia significa "país dos eslavos do sul".
Após sucessivas invasões, os sérvios, derrotados na batalha de Kosovo (1389), caíram sob domínio do Império Turco-Otomano. No início dos tempos modernos, a área foi dividida: a Sérvia, a Bósnia, a Herzegóvina, Monte Negro e Macedônia continuaram sob domínio turco; a Croácia, a Eslovênia, parte da Dalmácia e o território de Voivodina foram entregues aos Habsburgos e alguns territórios costeiros, onde se localiza a bela e histórica cidade de Dubrovnik, foram anexados pela República de Veneza. A religião absolutamente majoritária na Sérvia é a cristã ortodoxa, também dominante na Rússia. Era inevitável uma aproximação cultural e política entre as duas nações.
No século XIX, após sucessivos levantes, a Sérvia tornava-se um principado independente no interior do Império Otomano. Em 1882, a Sérvia proclamava sua plena independência, passando a ser a potência regional da Península Balcânica. No início do século XX, mais exatamente em 1912, a Sérvia, liderando a Liga Balcânica, agrupou Monte Negro, Grécia, Romênia e Bulgária para lutarem contra  o Império Otomano. No ano seguinte, naquilo que foi chamado de a Segunda Guerra Balcânica, aquelas nações lutaram entre si para o controle da região.
Ao longo de todo esse tempo, em Belgrado (capital da Sérvia) nascia um sonho: o da "Grande Sérvia", que consistiria em  agrupar todos os sérvios, dispersos entre Sérvia, Croácia e Bósnia-Herzegóvina, sob domínio sérvio. O principal obstáculo a esse projeto era o fato da Áustria ter anexado a Bósnia-Herzegóvina. Como de hábito, a Rússia apoiava os sérvios,  com quem tinham acordos militares secretos.  Em junho de 1914, quando em visita a Sarajevo (capital da Bósnia), o herdeiro da coroa austríaca - o Arquiduque Francisco Ferdinando - foi assassinado por um jovem estudante de origem sérvia, Gavrilo Prinzip. Esse atentado foi o "estopim"da Primeira Guerra Mundial. Terminada essa, em 1918, nascia a Iugoslávia sob regime monárquico, abrangendo:
PAÍSES PERTENCENTES À ANTIGA IUGOSLÁVIA
PAÍS
CAPITAL
Sérvia
Belgrado
Croácia
Zagreb
Eslovênia
Liubliana
Bósnia-Herzegóvina
Sarajevo
Macedônia
Skopje
O controle sérvio sobre os outros eslavos balcânicos gerou ódio aos sérvios, principalmente por parte dos croatas. Simultaneamente, crescia o nacionalismo étnico sérvio. Durante a Segunda Guerra Mundial, em 1941, a Alemanha invadiu a Iugoslávia, dando independência à Croácia onde simpatizantes do nazismo fundaram o movimento dos Oustachis, sob a liderança de Ante Pavelic, cuja crueldade contra os sérvios deixou cicatrizes profundas. A comunidade sérvia, para enfrentar os nazistas, dividiu-se em dois grupos políticos antagônicos de resistência: os "partisans" comunistas encabeçados por Josip Broz, apelidado de Tito e os "chetniks", nacionalistas monarquistas chefiados por Draza Mihaijlovic. Após sangrentos combates, Tito derrotou os "chetniks"e os alemães, tornando-se o único líder de um país ocupado por forças nazistas a expulsá-las sem ajuda direta de qualquer outra nação.Em novembro de 1945, foi abolida a monarquia e, sob a liderança da Liga Comunista da Iugoslávia, foi proclamada a República Popular Federal da Iugoslávia, compreendendo as seguintes áreas: EslovêniaSérviaCroáciaMontenegroMacedônia e Bósnia-Herzegóvina, além das províncias autônomas de Kosovo e Voivodina. O prestígio de Tito manteve a Iugoslávia unida, apesar dos ódios étnicos aí existentes. Com a morte do líder em 1980, agravaram-se os antagonismos étnicos.
No final dos anos 80, quando teve início o colapso do comunismo nos países do leste europeu, floresceram ainda mais os movimentos de grupos separatistas na Península Balcânica. Em 1989, o líder comunista Slobodan Milosevic, agora transformado em nacionalista radical, é eleito Presidente. Pouco depois, eleições na Croácia e na Eslovênia colocam nacionalistas no poder. Estavam abertas as portas para o conflito. Em 1991, o exército iugoslavo, de maioria Sérvia, invade a Eslovênia, rapidamente recuando em função das pressões da Comunidade Europeia. Além disso, a Eslovênia não possui minorias sérvias, o que desestimulou a continuação dos esforços militares. No mesmo ano tem início a guerra contra a Croácia. Após sangrentos combates, o governo de Zagreb obtém a independência, mas se vê obrigado a permitir, em seu território, a República de Krajina, região de maioria Sérvia. Em 1992, a Bósnia-Herzegóvina, por meio de plebiscito, declara-se separada da Iugoslávia. A região, contudo, conhecia maioria muçulmana e numerosos contingentes de sérvios e croatas. Tem início a guerra civil entre os muçulmanos e milícias sérvias e croatas: terríveis atrocidades são cometidas. Embora a Iugoslávia não tenha participado diretamente do conflito, o governo de Belgrado apoiou financeira e militarmente os milicianos sérvios na Bósnia. Em 1965, sob pressão dos EUA, é assinado o Acordo de Dayton, que pôs fim à guerra bosníaca. Em 1999, após uma tentativa de "limpeza étnica" na Província de Kosovo, pertencente à Iugoslávia mas de maioria albanesa, as forças aéreas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) expulsaram as tropas sérvias da região.
Todas essas derrotas e os sacrifícios econômicos delas decorrentes de impostos aos sérvios provocaram o desgaste político de Milosevic, derrotado nas eleições de 2000 pelo líder Vojislav Kostunica. Atualmente, a Iugoslávia, reduzida à Sérvia e a Montenegro, vive um processo de democratização.
Em 1 de abril de 2001, o governo sérvio prendeu Milosevic. Em 28 de junho de 2001, ele foi levado ao Tribunal Internacional de Justiça das Nações Unidas, localizado em Haia, na Holanda, para ser julgado por crimes de guerra. O julgamento de Milosevic começou em fevereiro de 2002. Porém, ele morreu, aos 64 anos de idade, no dia 11 de março de 2006. Ele veio a falecer alguns meses antes do fim do julgamento que provavelmente o teria condenado por crimes contra a humanidade.
A Fragmentação da Iugoslávia
Acompanhando a onda do colapso do comunismo no leste europeu em fins da década de 80, nas primeiras eleições livres, realizadas em abril de 1990, os nacionalistas bateram os comunistas em todas as repúblicas, exceto na Sérvia e Montenegro. Em 1991, a Eslovênia e a Croácia procuraram a sua independência em relação a Belgrado. Quase imediatamente, o Exército Federal Iugoslavo, dominado pelos sérvios, atacou a Eslovênia. Como não havia minoria sérvia na região, os combates duraram apenas algumas semanas e os militares sérvios se retiraram. Em seguida foi a vez da Croácia onde 17% da população era de origem Sérvia. Aí os conflitos foram  sangrentos, com atrocidades de ambos os lados. Nesse primeiro momento da guerra servo-croata ocorreu a divisão do território croata em República da Croácia e República Sérvia de Kragina. Em 1992, ocorreu a catástrofe. Na Bósnia-Herzegóvina, a população estava dividida em Muçulmanos (44%), Sérvios (32%) e Croatas (16%). Embora culturalmente diferentes, essas comunidades, durante décadas, pareciam conviver bem. De repente, os sérvios iniciam a "limpeza étnica" (o uso do terror, de assassinatos e estupros para expulsar os habitantes não sérvios da região). Sarajevo foi cercada pelos sérvios e praticamente arrasada. As cenas de brutalidade e violência eram mostradas em todas as televisões do mundo, provocando indignação na opinião pública internacional. "Forças de paz" da Organização das Nações Unidas (ONU) foram inutilmente mandadas para a região. Em agosto de 1995, os croatas eliminaram a presença Sérvia em Kragina. Nesse mesmo ano, os Estados Unidos da América, diante da incompetência europeia para resolver a questão, promoveram o Acordo de Dayton, pacificando a Bósnia pelo envio de tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Dois anos depois, albaneses - população majoritária de Kosovo - passaram a ser vítimas da "limpeza étnica" sérvia. Mais uma vez, o mundo assiste indignado à violência que se abatia sobre aquela província. Em março de 1999, as forças aéreas ocidentais atacam as tropas sérvias presentes em Kosovo, obrigando-as à retirada. Hoje, a Iugoslávia se limita a duas repúblicas: Sérvia eMontenegro.


CONFLITO NA IRLANDA

COMPOSIÇÃO ÉTNICA - irlandeses (87,4%) e uma minoria inglesa.
RELIGIÕES - catolicismo (87,4%) e protestantismo (2,9%).
Há duas Irlandas: a República Irlanda (Eire)  e a Irlanda do Norte (Ulster), esta pertencente ao Reino Unido.
HISTÓRICO DO EIRE
MOMENTOS HISTÓRICOS FUNDAMENTAIS DO EIRE
SÉCULO XVII - imigração de protestantes escoceses e ingleses
1800 - Lei da União que incorporava a Irlanda ao Reino Unido
FINAL DO SÉCULO XIX - criação de grupos nacionalistas
1916 - "Páscoa Sangrenta" - levante nacionalista esmagado pelos ingleses; criação do Exército Republicano Irlandês (IRA)
1922 - declaração de independência da Irlanda do Sul sob o nome de Estado Irlandês Livre, ainda sob domínio da Coroa britânica
1949 - nascia a República da Irlanda, rompendo seus vínculos com a Comunidade Britânica de Nações
HISTÓRICO DO ULSTER
MOMENTOS HISTÓRICOS FUNDAMENTAIS DO ULSTER
DOMÍNIO POLÍTICO - Reino Unido
PARTIDO MAJORITÁRIO - Partido Unionista de Ulster (pró-britânico)
RELIGIÕES- maioria protestante e minoria católica
SITUAÇÃO DOS CATÓLICOS - vítimas de discriminação e, até recentemente excluídos da política
GRAVE PROBLEMA INTERNO - o terrorismo do Exército Republicano Irlandês (IRA), que propõe a unificação do Ulster ao Eire
MANUTENÇÃO DA ORDEM - presença do Exército Britânico
PARTIDO POLÍTICO CATÓLICO - Sinn Fein ("Nós Sozinhos"), braço político do IRA
1998 - o acordo de paz, Acordo da Sexta-Feira Santa, foi assinado. Criando, pela primeira vez em Ulster, um governo misto: católicos e protestantes. 
SITUAÇÃO ATUAL- embora o IRA tenha renunciado a violência, alguns grupos continuam a atuar e a ameaçar o processo de paz.
CONFLITO NA IRLANDA
A expansão inglesa na Irlanda teve início no século XII, quando o Papa cedeu o controle do país ao rei inglês. Cavaleiros ingleses invadiram a Irlanda, e muitos se estabeleceram lá para formar uma nova aristocracia. Os irlandeses, que tinham diferentes tradições ancestrais, cultura e língua, ressentiram a presença inglesa em seu país.
Nos séculos XVII e XVIII, os protestantes irlandeses estabeleceram leis limitando os direitos dos católicos, banindo-os de cargos públicos e forçando-os a pagar impostos para apoiar a Igreja da Irlanda, que era protestante. Além disso, o inglês foi firmado como língua oficial do país.
Em 1800, o parlamento britânico passou a Lei da União, que oficialmente incorporava a Irlanda ao Reino Unido; porém, não foi dado lugar no Parlamento à Irlanda . Sob pressão dos católicos irlandeses, o Parlamento posteriormente aboliu algumas das leis que discriminavam contra católicos no país.
No final do século XIX surgem os grupos nacionalistas na Irlanda. Em 1916 ocorre a "Páscoa Sangrenta", um levante nacionalista esmagado pelos ingleses. Como consequência é criado o Exército Republicano Irlandês (IRA). O IRA empregava terrorismo - o uso de violência e ameaças - contra protestantes irlandeses e britânicos. Diversos grupos protestantes se armaram e reagiram com violência. Bombardeios e batalhas armadas nas ruas das cidades irlandesas resultaram na morte de soldados e civis.
Em 1914, o Parlamento britânico cedeu o direito de autonomia, mas somente para o sul da Irlanda. Porém, antes dessa medida ser implantada, eclodiu a Primeira Guerra Mundial na Europa. Em 1922, a Irlanda do Sul declara sua independência sob o nome de Estado Irlandês Livre, ainda sob domínio da Coroa britânica. Em 1949 - nascia a República da Irlanda, rompendo seus vínculos com a Comunidade Britânica de Nações.
IRLANDA DO NORTE
Irlanda do Norte permanecia sendo um grave problema de política externa para a Grã-Bretanha. A Irlanda do Sul (República da Irlanda) tornou-se independente, porém, a Irlanda do Norte permaneceu como parte da Grã-Bretanha. O governo da Irlanda do Norte era dominado por protestantes, e a minoria católica no país tinha muito pouco poder. Muitos católicos esperavam que a Irlanda fosse reunificada e independente.
A partir de 1968, aumentaram as ações terroristas do Exército Republicano Irlandês (IRA), forçando a intervenção britânica e, complicando a situação, foram criados grupos paramilitares protestantes. Na Irlanda do Norte (Ulster), teve início uma guerra civil. Os antagonistas são: de um lado, a maioria protestante, que quer continuar vinculada ao Reino Unido e, de outro, a minoria católica, que deseja a integração com a Irlanda do Sul (Eire).
Em 1969, tropas britânicas foram enviadas à Irlanda do Norte para sufocar levantes políticos e religiosos. Os britânicos se estabeleceram de forma permanente para garantir a autoridade da Grã-Bretanha sobre o país. Em 1972, aboliram o Parlamento da Irlanda do Norte e impuseram um governo direto. Em 1973, o país, por meio de um referendo, optou pela manutenção da união com a Grã-Bretanha. Porém, esse referendo foi boicotado pela maioria da população católica.
Para lutar contra o domínio britânico, o IRA (Irish Republican Army - Exército Republicano Irlandês), um grupo terrorista católico e reintegralista, perpetrou uma onda de ataques terroristas contra alvos britânicos e protestantes. No dia 31 de agosto de 1994, a organização anunciou um cessar-fogo incondicional e propôs o início de conversações de paz. Em fevereiro de 1996, porém, o IRA rompeu o cessar-fogo ao perpetrar um atentado terrorista em Londres.
O Acordo de Belfast
Também conhecido como o Acordo de Sexta-feira-Santa, o Acordo de Belfast foi assinado em 10 de abril de 1998 pelos governos britânico e irlandês. O acordo foi apoiado pela maioria dos partidos políticos norte-irlandeses e pela maioria da população votante na Irlanda do Norte e na República da Irlanda. O acordo visava pôr um fim ao conflito entre católicos e protestantes.
O Acordo de Belfast estabelecia que o futuro constitucional da Irlanda do Norte seria decidido pelo voto de seus cidadãos e que católicos e protestantes utilizariam apenas meios pacíficos e democráticos para atingirem seus objetivos. Foi estabelecida a Assembleia da Irlanda do Norte com poderes legislativos e foram criados um "poder-partilhado" para a atribuição de ministros aos principais partidos e um Conselho britânico-irlandês. O acordo também previa a libertação de guerrilheiros pertencentes às organizações que acatassem o cessar-fogo e nova legislação sobre policiamento e direitos humanos na Irlanda do Norte. Finalmente, foram modificados os artigos 2 e 3 da Constituição da Irlanda, referentes à reivindicação do território da Irlanda do Norte pela República da Irlanda.

A ESPANHA, O SEPARATISMO E O TERRORISMO

A Espanha se situa entre o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo, entre a Europa e a África. O território espanhol é formado pela maioria da Península Ibérica, pelas Ilhas Baleares e Canárias e por duas cidades no norte da África – Ceuta e Melilla.
A Espanha, formada ao longo da Guerra da Reconquista (a expulsão dos muçulmanos da Península Ibérica), conheceu seu apogeu no século XVI e no início do XVII, sob o domínio dos Habsburgos. Após um longo período de decadência, em 1931 era proclamada a República. De 1936 a 1939, a Espanha foi vítima de uma sangrenta guerra civil, que deixou um saldo de 1 milhão de mortos.
A guerra civil foi travada entre os "nacionalistas" - setores sociais conservadores, sob influência fascista: militares, clero e grandes proprietários, liderados pelo general Francisco Franco e apoiados pela Alemanha Nazista e pela Itália Fascista contra "republicanos" - socialistas, comunistas, anarquistas e democratas, auxiliados por voluntários estrangeiros, as Brigadas Internacionais e apoiados pela União Soviética.
Redemocratizada a partir de 1975, depois de 36 anos de autoritarismo, a Espanha conhece o grave problema do separatismo basco.
O governo da Espanha é constituído por uma federação de regiões autônomas. O país é dividido em 17 regiões autônomas. O nível de autonomia diverge por região. Exemplificando: Basco e a Catalunha têm seu próprio idioma, sua própria identidade cultural e mais independência do governo central do que as outras regiões.
A Espanha adotou o Euro. Atualmente, o país sofre com um alto índice de desemprego (18,7%, em 2017).
A Cataluña (Catalunha)
Catalunha é uma região semiautônoma localizada no nordeste da Espanha. Nos últimos anos, o governo central espanhol tem concedido mais autonomia a Catalunha – maiores poderes judiciais e tributários.
Existem segmentos da população da Catalunha que visam a uma independência total da Espanha.
O País Basco
País Basco é uma região histórico-cultural situada na fronteira entre o norte da Espanha e o sudeste da França. A região é habitada por 2,2 milhões de pessoas. O idioma é o basco.
Durante o governo de Franco, a língua basca foi proibida e intelectuais bascos foram presos e torturados por suas posições políticas e por seu esforço em tentar preservar sua cultura. O País Basco resistiu a Franco. Quando o ditador fascista morreu, em 1975, a transição para a democracia na Espanha resultou numa certa autonomia para a região basca, onde vivem aproximadamente 2,2 milhões de habitantes. 
O País Basco tem seu próprio Parlamento, sua polícia e coleta seus próprios impostos, mas o ETA, grupo político nacionalista, exigia e lutava pela independência total. 
O ETA tinha como método de ação o terrorismo e era classificado pela União Europeia e pelos Estados Unidos como um grupo terrorista.
O ETA
ETA, grupo político nacionalista, tinha como método de ação o terrorismo e era classificado pela União Europeia e pelos Estados Unidos como um grupo terrorista. A organização extremista ETA estava empenhada, por mais de 40 anos, em uma campanha armada que objetiva a independência de sete regiões no norte da Espanha e sudoeste da França. Os separatistas bascos afirmavam que essas regiões eram seu território.
Euskadi Ta Azkatasuna (ETA), cujo nome significa Pátria Basca e Liberdade, nasceu na década de 60. Inicialmente, foi um movimento de resistência estudantil que lutava contra a ditadura militar do general e ditador fascista espanhol, Francisco Franco.
Desde sua fundação, o grupo ETA perpetrou uma série de atentados terroristas. O ETA foi formado em 1959 com o objetivo de criar um Estado Basco independente. Em 1978, foi fundado o braço político do ETA, o HB (Herri Batasuna).
Até 1980, 118 pessoas já haviam morrido em atentados ligados ao ETA. Em julho de 1997, o ETA foi acusado de sequestrar e matar um conselheiro municipal basco, Miguel Angel Blanco, o que provocou uma revolta popular e levou oito milhões de espanhóis a participar de protestos públicos. Apesar de negociações entre os partidos políticos da Espanha e o ETA no final da década de 90, o ETA não abandonou a violência e, em novembro de 1999, anunciou o final de seu cessar-fogo de 14 meses e culpou o governo espanhol pela falta de progresso nas negociações de paz.
Em dezembro de 2001, a União Europeia, por decisão unânime de seus membros, declarou o ETA uma organização terrorista. Isto representou uma vitória diplomática para o governo espanhol. Em março de 2003, a Suprema Corte da Espanha proíbe o Batasuna (braço político do ETA) permanentemente. É a primeira vez, desde a morte do ditador Francisco Franco, que um partido político é considerado ilegal na Espanha.
Em maio de 2003, os Estados Unidos declaram o Batasuna uma organização terrorista.
No decorrer de sua existência, o ETA foi responsável pela morte de 830 pessoas. Muitas das vítimas desse conflito eram membros da polícia nacional espanhola e políticos espanhóis que se opunham às exigências do ETA.
Em 2012, o ETA se dissolveu e, em 2017, entregou seus depósitos de armas e explosivos. Em 2018, o grupo assumiu responsabilidade pelos atos de terrorismo que perpetrou e pediu perdão às vítimas e às famílias delas por todo o sofrimento que causaram.
Terrorismo do ETA
  • A campanha de terrorismo do ETA começa no ano de 1961, com uma tentativa de descarrilar um trem que transportava políticos;
  • Em 1968, o ETA faz a sua primeira vítima, ao matar Melitón Manzanas, um dos líderes da polícia secreta na cidade de San Sebastián.
  • Em dezembro de 1973, nacionalistas bascos assassinam em Madri o primeiro-ministro espanhol, o almirante Luís Carrero Blanco. O assassinato foi um ato de retaliação contra a execução de militares bascos pelo governo.
  • Em 1995, o ETA tenta assassinar José Maria Aznar, líder do partido de oposição (PP), que é futuramente eleito primeiro-ministro.
  • Em fevereiro de 2000, um carro-bomba explode na cidade basca de Vitória, matando um político socialista e seu guarda-costas.
  • Em julho de 2000, o conselheiro municipal da cidade andaluz de Málaga, José Maria Martín, do PP, é assassinado a tiros.
  • Em setembro de 2000, um político do PP, José Luiz Ruiz Casado, é assassinado em Barcelona. O ETA assume a autoria desse e de outros atentados que haviam sido cometidos anteriormente.
  • Em março de 2001, o político Froilan Elexpe é assassinado na cidade de Lasarte. Desde o final do cessar-fogo, em dezembro de 1991, o ETA é responsável por 28 mortes.
  • Em novembro de 2001, o juiz José Maria Lidon é morto a tiros em Bibao. Seu assassinato ocorreu menos de 24 horas depois que um carro bomba explodiu, deixando quase 100 feridos em Madri. O juiz morto havia condenado seis simpatizantes do ETA a longas penas de prisão em 1987.
  • Em julho de 2003, bombas explodem nos balneários espanhóis de Alicante e Banidorm, ferindo pelo menos 13 pessoas. Cinco dias mais tarde, outra bomba explode em um estacionamento no aeroporto de Santander.
  • Em dezembro de 2006, ETA explode um carro-bomba no aeroporto Barajas, em Madri.
  • Em dezembro de 2007: ataque a dois policiais da Guarda Civil espanhola. Ambos morrem.
  • Em 2008, houve vários assassinatos e explosões. Em outubro, um carro-bomba explode na Universidade de Navarra, no norte da Espanha, deixando 17 feridos. Em novembro, o ETA assume responsabilidade por 10 explosões.
Em 2012, o ETA se dissolveu. Em 2017, o grupo entregou oficialmente suas armas.
Ataques terroristas na Espanha
Em 11 de março de 2004, aproximadamente 140 kg de dinamite explodiram em quatro trens de Madri, atingindo estações de grande movimento. Esse ataque terrorista ocorreu num momento em que os trens e as estações estavam lotados de pessoas. Este atentado terrorista, o maior do país e da Europa nas últimas décadas, deixou 191 mortos e 1.900 feridos.
Terroristas da organização Al Qaeda assumiram responsabilidade pelo ataque, alegando que ter sido um ato de vingança pelo envio de tropas espanholas ao Iraque e ao Afeganistão.
No dia 17 de agosto de 2017, Younes Abouyaaqoub, que dirigia uma van, atropelou e matou 14 pessoas e feriu mais de 130 na rua mais turística de Barcelona, em La Rambla. Algumas horas mais tarde, houve outro atropelamento, próximo à Barcelona.
Acredita-se que um grupo de 12 jihadistas estavam envolvido nos ataques terroristas. A polícia Catalã encontrou uma fábrica de bombas, sede do grupo jihadista, que havia explodido no dia anterior ao ataque terrorista em La Rambla. A polícia acredita que os jihadistas haviam planejado um ataque mais terrorista, mas que, graças à explosão, tiveram que adotar métodos mais rudimentares, como o atropelamento.
Estado Islâmico assumiu autoria pelos ataques, afirmando que foi executado por seus “soldados”.

RÚSSIA: CONFLITO NA REGIÃO DO CÁUCASO

REGIÃO DO CÁUCASO
A região do Cáucaso marca uma das fronteiras entre a Europa e a Ásia, localizada entre os mares Negro e Cáspio. Há uma grande bacia petrolífera no Mar Cáspio, cujos oleodutos atravessam a região caucasiana.
Após 1989, com o desaparecimento da URSS, ocorreu a criação de três novos Estados na região (Armênia, Geórgia e Azerbaijão), enquanto que seis repúblicas da região permaneceram na Confederação Russa, entre elas a Chechênia.
CONFLITO NA CHECHÊNIA
Vemos na Europa mais um conflito de nação-estado: a Rússia e a Chechênia. A Chechênia é uma região separatista em relação à Federação Russa, devido a diferenças étnico-religiosas. Os chechênios praticam o islamismo. O conflito é visto pelos chechênios como uma batalha pela sobrevivência e independência nacional, enquanto que, para a Rússia, é uma luta por interesses políticos e econômicos e contra o terrorismo. O resultado tem sido uma guerra sangrenta com alto número de vítimas em ambos os lados. Os chechênios vêm resistindo ao domínio russo por séculos, e não parece haver uma possibilidade de rendição. Não há sinais de que o conflito esteja chegando a uma solução.
Chechênia
A Chechênia está localizada nas montanhas do norte do Cáucaso.
A localização da Chechênia é estratégica para o governo russo. A região possui reservas petrolíferas e é uma área de passagem de oleodutos que ligam Moscou e a Europa aos poços de petróleo da região do Cáspio. A Rússia luta para evitar a independência de repúblicas separatistas, com fortes represálias a qualquer tentativa.
Além do interesse do petróleo, Moscou não quer uma maior fragmentação do país, como ocorreu na Iugoslávia.
Veremos um histórico do conflito e a atual situação dos chechênios.
A História do Conflito
A origem do conflito ocorreu no ano de 1859. Após décadas de guerra, os chechênios foram conquistados pelo exército do czar russo e, desde o início da ocupação, não aceitaram o domínio da Rússia.
Durante a década de 1930, os chechênios foram forçados a obedecer aos soviéticos, sendo obrigados a trabalhar nos campos e tendo suas práticas religiosas restringidas. Em 1934, os chechênios e os inguches foram unificados sob a Rússia Soviética e, em 1936, foram elevados ao status de república autônoma. Em fevereiro de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, o líder soviético da época, Joseph Stalin, acusou os chechênios e os inguches de colaborar com os nazistas. A república unificada foi abolida, e Stalin os deportou para o Cazaquistão. Os chechênios somente voltaram ao seu território em 1953, após a morte de Stalin, o déspota soviético.
A república Chechênia-Inguche foi restaurada em janeiro de 1957 e, até 1991, foi uma das 21 repúblicas que constituíam a União Soviética. Essas repúblicas eram as unidades administrativas com maior autonomia dentro da Federação Soviética.
Em 1991, com a desintegração da União Soviética, a Chechênia separou-se da Inguchétia e formou a República de Ichkeria; os inguches formaram sua própria república. O governo russo e outras nações se recusaram a aceitar a independência da região. A Chechênia não conseguiu convencer os estrangeiros a investir em sua economia.
Em dezembro de 1994, as tropas russas invadiram a Chechênia para esmagar o movimento de independência da república, tomando controle de diversas áreas da Chechênia. Em maio de 1996, o presidente russo Boris Yeltsin e o presidente chechêno, Zelimkhan Yandarbiyev, assinaram um cessar-fogo; porém a luta continuou em ambos os lados. O governo russo ofereceu aos chechênios autonomia quase total dentro da Federação Russa, mas se recusou a permitir que a república se tornasse completamente independente. Enquanto alguns chechênios estavam dispostos a apoiar um acordo de paz para encerrar a guerra, os rebeldes continuaram a lutar, alegando que não fariam acordo por nada menos que uma independência total.

Cidade Chechênia
A primeira guerra entre russos e chechenos terminou em agosto de 1996. A Rússia havia perdido a guerra. Houve um acordo para adiar a decisão sobre o status oficial da Chechênia até 2001. Os russos retiraram-se, admitindo a derrota, seguido de um cessar-fogo que deu à Chechênia sua autonomia. A guerra resultou em mais de 40 mil mortes e deixou centenas de milhares de pessoas desabrigadas.
Em maio de 1997, foi assinado um tratado de paz para oficializar os termos do acordo anterior. Ambos os lados prometeram não utilizar força militar e a Rússia prometeu apoio econômico à Chechênia, já que a região havia sido destruída pela guerra. Porém, a paz não durou muito e, em agosto de 1999, a luta recomeçou quando militantes islâmicos (rebeldes chechênios) invadiram a república russa vizinha de Dagestan, ocupando diversas vilas, perpetrando atentados à bomba a apartamentos em várias cidades russas e matando cerca de 300 pessoas. Os líderes russos creditaram a autoria aos rebeldes chechênios. Em resposta, as tropas russas bombardearam e invadiram a Chechênia, capturando a capital Grozny, e forçando a retirada dos rebeldes para as montanhas, onde continuaram a planejar ataques de guerrilha contra as tropas russas.
Os atentados terroristas à Moscou e outras cidades russas foram retomados. Os insurgentes e defensores chechênios levaram a batalha para além da Rússia, participando de atos terroristas como sequestros de aviões em países como a Turquia.
A guerra praticamente destruiu Grozny e deixou milhares de mortos em ambos os lados. Cerca de 3.800 soldados russos morreram e 14 mil foram feridos. Os números de rebeldes mortos e feridos são ainda maiores. Ambos os lados cometeram atrocidades. De acordo com as Nações Unidas, atualmente mais de 150 mil chechênios estão refugiados, e há um número semelhante de desabrigados no território. A quantidade de civis mortos é desconhecida.
Ao longo dos anos, os rebeldes chechênios vêm realizando vários atos terroristas, tomando cidadãos como reféns. O presidente russo, Vladimir Putin, tem sido forte na luta contra a separação da Chechênia e firme na sua posição de não negociar com terroristas.

Vladimir Putin
Entre vários dos ataques terroristas perpetuados por rebeldes chechênios estão:
Em junho de 1995, os chechênios se rebelaram na cidade de Budyonnovsk, ao sul, e tomaram mais de mil reféns em um hospital. As tropas russas não conseguiram controlar a situação, resultando na morte de 166 reféns, além de policiais e soldados.
Em 24 de outubro de 2002, um teatro em Moscou tornou-se o novo palco para o terrorismo na Rússia. Cerca de 50 rebeldes chechênios, fortemente armados, tomaram o edifício enquanto um público de mais de 700 pessoas assistia à apresentação. Centenas de reféns morreram na operação de resgate.
No dia 1 de setembro de 2004, terroristas chechênios invadiram uma escola na república russa da Ossétia do Norte. Os militantes fizeram cerca de 350 crianças, pais e professores reféns e se recusaram a negociar enquanto as tropas russas não se retirassem da Chechênia. Os terroristas ameaçaram explodir a escola caso as autoridades russas lançassem uma operação de resgate. Mais de 400 pessoas foram mortas entre bombas, tiroteios, falta de água e de comida.

A UCRÂNIA

A Ucrânia é um país com 46 milhões de habitantes. Faz fronteira com a Rússia e com o Leste Europeu. A Ucrânia faz fronteira com Polônia, Eslováquia, Hungria, Romênia e Moldávia a oeste e sudoeste, com Belarus ao norte e com Rússia a leste e nordeste. Na região meridional, o Mar Negro e o Mar de Azov banham suas costas.
A Ucrânia tem uma história longa de guerras e conflitos territoriais. O país se tornou independente em 1991, com o fim da União Soviética.
A Ucrânia é um país dividido do ponto de vista étnico. A maioria da população do sul e do leste do país é russa, fala russo e tende a ser pró-Moscou. Já a população do centro e do oeste do país é ucraniana, nacionalista, fala ucraniano e deseja fazer parte da União Europeia. O leste do país é onde se concentram as riquezas naturais e o parque industrial.
A Rússia é o principal parceiro comercial da Ucrânia. Já a União Europeia representa um terço do comércio exterior da Ucrânia.
Histórico
Ao longo de sua história, a Ucrânia perdeu sua independência diversas vezes.
A disputa com a Rússia em relação a questões territoriais ocorre desde o século XVIII, na época de Catarina, a Grande. Os russos conquistaram o sul da Ucrânia e a Crimeia, que, até então, encontrava-se sob o domínio do Império Otomano. 
No final do século XIX, após uma longa história marcada por conflitos contra poloneses, lituanos e tártaros, a Ucrânia foi absorvida pela Rússia, passando a ser denominada Província da Pequena Rússia.
Após a Revolução Russa, ocorrida em 1917, a Ucrânia foi palco de uma sangrenta guerra entre o poder soviético e seus inimigos. Em 15 de dezembro de 1917, Lenin firmou um armistício com os alemães, segundo o qual a Rússia se retiraria da guerra. Pelo Tratado de Brest-Litovsk (3 de março de 1918), a Rússia concordava em ceder a Polônia, a Ucrânia e algumas regiões fronteiriças. Cinco anos depois, quando o Primeiro Congresso dos Sovietes de Toda a Rússia criou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a Ucrânia se tornou uma delas.
Contudo, o forte nacionalismo ucraniano nunca foi totalmente abafado pelos russos. Em 1941, boa parte da população ucraniana chegou a receber as tropas da Alemanha Nazista como libertadoras. Após a Segunda Guerra Mundial, a Ucrânia foi vítima de uma enorme repressão por parte dos russos, que acusaram os ucranianos de terem sido “colaboracionistas” com o invasor germânico.
Em 1954, o Partido Comunista da União Soviética entregou a região da Crimeia, até então parte integrante da Federação Russa, à Ucrânia. Foi um presente do líder soviético Nikita Khrushchev, que era ucraniano. 
Em tempos recentes, a Ucrânia foi vítima do mais grave acidente nuclear da história: a explosão do reator nuclear da usina de Chernobyl, que afetou diretamente uma área onde viviam 600 mil pessoas. Dessas, somente 135 mil foram evacuadas e, até o ano de 1993, calcula-se o número de mortos em 7 mil.
Em julho de 1990, o Parlamento da Ucrânia proclamou a soberania da República, confirmada por eleições populares, realizadas em dezembro de 1991. Nesse mesmo mês, Rússia, Ucrânia e Belarus fundaram a Comunidade de Estados Independentes (CEI).
Em 1991, com a independência da Ucrânia, Boris Yeltsin, o presidente russo na época, aceitou que a Crimeia continuasse a fazer parte da Ucrânia. Contudo, a frota russa continuaria na Crimeia, alugando as instalações do governo ucraniano.
Crise na Ucrânia
Desde novembro de 2013, a Ucrânia vive uma crise, tanto política como econômica. Na véspera de o país assinar um acordo de livre comércio com a União Europeia, seu presidente, Viktor Yanukovych foi convocado pelo governo russo. O presidente da Rússia, Vladmir Putin estava descontente com o fato de a Ucrânia estar se aproximando da Europa. Visando a manter sua influência sobre a Ucrânia, Putin ofereceu ao país $15 bilhões em investimentos e mais $2 bilhões anuais em abatimento no preço do gás fornecido pela Rússia. Vale ressaltar que a Ucrânia é totalmente dependente do gás russo como fonte de energia. É importante saber também que os dutos que transportam gás russo para a Europa passam pela Ucrânia.
O presidente Viktor Yanukovych aceitou a proposta russa e anunciou que havia desistido do acordo com a União Europeia. Protestos espontâneos irromperam em Kiev, capital ucraniana, em protesto à decisão do presidente Yanukovych. A violência empregada pelas forças do governo ucraniano na repressão das manifestações levou um número crescente de manifestantes às ruas.  Putin afirmava que os protestos em Kiev eram liderados pelo extrema-direita, por “nazistas disfarçados”. Na realidade, os protestos foram alimentados pela crise econômica, pela falta de emprego e pela corrupção generalizada em todas as esferas do governo ucraniano.
As intensas manifestações populares resultaram na queda do presidente Yanukovych, que fugiu para Rússia em fevereiro de 2014. Putin acusa o Ocidente de ter apoiado a retirada de Yanukovych do poder.  Em maio do mesmo ano, o bilionário Petro Poroshenko venceu as eleições ucranianas, garantindo a vitória já no primeiro turno.  De tendência pró-Ocidente, ele apoia as ações militares contra o movimento separatista pró-Rússia e adere à União Europeia.
A Ucrânia se dividiu entre os que querem que o país se aproxime da União Europeia e os que preferem a aproximação à Rússia. A parte ocidental do país deseja se aproximar da União Europeia. Já a maioria da população das partes sul e oriental do país, onde se fala russo e onde há fortes laços culturais com a Rússia, deseja que a Ucrânia se aproxime da Rússia.
Uma das consequências dessa divergência foi a crise na Crimeia, que acabou optando por fazer parte da Rússia. Tal crise deu início a um conflito entre forças ucranianas e separatistas pró-Rússia. A Rússia enviou soldados à Ucrânia, sob o pretexto de estar protegendo os cidadãos russos que vivem em território ucraniano.
Moscou não reconhece como legítima a troca de governo na Ucrânia, enquadrando-a como golpe de Estado. As populações ucranianas da fronteira com a Rússia alinham-se com Putin e denunciam a legitimidade do novo governo.
A Crimeia
A Crimeia era um território ucraniano autônomo. A maioria de sua população era de etnia russa.
A Crimeia é um território estratégico para Rússia, pois é via de acesso ao Mar Negro e abriga uma importante base naval russa em Sevastopol. Historicamente, a Crimeia fazia parte da Rússia. 
Com a queda do presidente ucraniano Viktor Yanukovych, em fevereiro de 2014, ativistas pró-Rússia tomaram o controle de prédios governamentais. Ao mesmo tempo, milhares de soldados sem identificação tomaram bases militares na Península da Crimeia, dando apoio aos separatistas pró-Rússia. Para justificar o envio de tropas armadas, Putin declarou que “A Crimeia sempre foi e é parte inseparável da Rússia” e vital para os interesses russos.
As tensões culminaram com a anexação da Crimeia pela Rússia, em março de 2014, após a realização de um referendo. Este não foi reconhecido nem pelo governo ucraniano nem pelos governos dos Estados Unidos e da União Europeia. Se os resultados do referendo forem legítimos, 95% das pessoas que participaram dele votaram a favor da Crimeia ser separada da Ucrânia e anexada à Rússia. Dois dias após a realização do referendo, o presidente da Rússia e dois líderes da Crimeia assinaram um acordo para que a Crimeia se tornasse parte da Rússia.
Houve pouco derramamento de sangue na Crimeia, pois o governo ucraniano não possuía um número suficiente de tropas mobilizadas para se opor à anexação.

CONFLITOS NA ÍNDIA

Em 1947, a Grã-Bretanha propôs o acordo de divisão da Índia e Paquistão (predomínio de muçulmanos):
  • o Paquistão Oriental ficou separado do Ocidental por mais de 1700 km.
  • o Paquistão Oriental terminou por declarar-se independente, como Bangladesh, em 1971.
  • ainda permanece a disputa entre a Índia e o Paquistão pela Caxemira (norte da Índia).
Conflitos Internos
Índia presencia tensão e violência entre as populações hindus e muçulmanas do país.
Dados Históricos
A Índia obteve sua independência em 1947. Seu movimento nacional foi liderado por Mohandas K. Gandhi (conhecido como Mahatma Gandhi) e Jawaharlal Nehru. Porém, Mohammad Ali Jinnah, líder dos muçulmanos no país, temia que seus correligionários se tornassem uma minoria perseguida numa terra dominada por hindus. Ele acreditava que a Índia deveria transformar-se em duas nações. O país sofreu uma divisão e foi formado o estado islâmico do Paquistão. Mas a repartição da Índia causou grande violência: aproximadamente 500 mil pessoas foram mortas, e mais de 11 milhões de hindus e muçulmanos tornaram-se refugiados, tentando imigrar de um país para outro. Apesar de todo o derramamento de sangue e sofrimento, a criação do Paquistão não resolveu os conflitos religiosos no território indiano. Quase 50% dos muçulmanos que viviam na Índia permaneceram lá e não imigraram ao recém-estabelecido país islâmico. Este grupo representa a maior minoria religiosa na Índia - 12% da população do país.
O Paquistão, formado em 1947 como uma nação para muçulmanos, já fez parte da Índia. Porém muitos muçulmanos continuam vivendo na Índia, constituindo aproximadamente 12% da população do país.
Os hindus, ainda que compartilhando uma religião em comum, estão divididos em diversas seitas e são segmentados socialmente por milhares de castas. As diversas regiões geográficas da Índia são linguística e culturalmente distintas. Mais de doze línguas são faladas no país. Reconhecendo a existência de tamanha diversidade, os criadores da Constituição indiana buscaram reconhecer o pluralismo da nação garantindo direitos fundamentais, particularmente para a proteção de minorias. A Constituição garante liberdade religiosa e cultural, e permite o estabelecimento de instituições educacionais religiosas que não sejam hinduístas.
Em março de 1971, o Paquistão Oriental declarou a sua independência do Paquistão Ocidental. O país adotou o nome de Bangladesh, que significa "nação Bengali". O exército paquistanês ocidental invadiu a região, mas a Índia ofereceu ajuda ao recém-formado país que conseguiu resistir à invasão paquistanesa.
A Índia atual é definida por suas diversas identidades religiosas e por seus conflitos resultantes. O trauma da divisão (com a criação do estado do Paquistão) ainda é visível no país, e centenas de incidentes de violência entre grupos religiosos são registradas todo ano. Em dezembro de 1992, fanáticos hindus destruíram a mesquita de Ayodhya, o que causou tumultos resultando na morte de 1.200 pessoas. De acordo com a tradição hindu, a cidade de Ayodhya é o local de nascimento de seu deus Ram. Devotos declaram que no século XVI, o imperador mogul Babur destruiu o templo e construiu em seu lugar a mesquita. A dinastia Mogul, fundada por Babur, foi uma linhagem de soberanos muçulmanos indianos que governou a Índia de 1526 a 1858.
É importante ressaltar que enquanto o hinduísmo é uma religião politeísta - que acredita em muitos deuses - o islã é puramente monoteísta. A destruição da mesquita e a construção de um templo para um deus hindu é um ato de idolatria e, portanto, uma severa provocação contra muçulmanos. Outros incidentes violentos atormentaram o país desde então. Em janeiro de 1993, ataques contra muçulmanos ocorreram em Bombaim (Mumbai), deixando mais de 600 mortos.
A Índia, maior democracia do mundo, é um estado oficialmente secular (laico), mas composto por pessoas de diferentes e fortes crenças religiosas. O desafio do governo não é apenas de conter a expansão da violência entre grupos religiosos no país, mas também de promover justiça, igualdade, e uma democracia legítima para todos os integrantes de sua sociedade pluralista.
Caxemira
O conflito na Caxemira reflete mais uma situação de conflitos étnicos e religiosos. A hostilidade entre os dois países fez com que ambos entrassem em uma corrida nuclear, investindo significativamente em programas de defesa nacional.
A Caxemira, região ao norte do subcontinente indiano, está atualmente dividida e sob o controle da Índia, do Paquistão e da China. Ao contrário do restante da Índia, cuja maioria é hinduísta, a Caxemira indiana tem maioria islâmica, tal qual o Paquistão.
Com a partilha da Índia e do Paquistão, uma parte da população predominantemente muçulmana da Caxemira queria que a região fosse anexada ao Paquistão. O Paquistão invadiu a região e Hari Singh, o marajá governante da Caxemira, pediu urgente apoio de tropas indianas para se defender. Em troca, o marajá assinou o Instrumento de Acesso à União Indiana onde a região se tornava parte do estado indiano de Jammu e Caxemira. O marajá, portanto, uniu a região à Índia, e não ao Paquistão.
A Índia enviou tropas à Caxemira, forçando os Paquistaneses a retrocederem. As tropas indianas e paquistanesas batalharam pela Caxemira, até que as Nações Unidas organizaram um armistício em 1949. O território foi dividido entre Índia e Paquistão. Como parte do acordo, a Índia se comprometeu a celebrar um plebiscito na região da Caxemira, porém o plebiscito não ocorreu.
A Índia e o Paquistão lutaram duas guerras pelo controle de Caxemira, em 1965 e em 1971.
Em 1972 os dois países concordaram em cessar a violência. Porém um grupo separatista fundamentalista muçulmano surgiu no final da década em 1980 e o conflito continuou na região. Grupos guerrilheiros passaram a lutar pela independência, recebendo apoio externo, incluindo homens de outras nacionalidades que se deslocaram para lutar na região. O fundamentalismo hindu também crescia e fortalecia o exército indiano.
A violência aumentou de 1999 a 2002, fazendo com que a Índia e o Paquistão aumentassem o número de tropas em suas fronteiras comuns. Juntos, chegaram a mobilizar um milhão de tropas na região.
O ataque do dia 11 de setembro de 2001 às Torres Gêmeas nos Estados Unidos fez com que o governo paquistanês buscasse se dissociar do fundamentalismo islâmico. Ambos países têm se esforçado para melhorar a situação diplomática entre eles.
Em novembro de 2003, concordaram em um cessar fogo e em restaurar uma relação diplomática, porém os grupos militantes continuaram a lutar, muitas vezes utilizando métodos terroristas.
Atualmente a Índia controla dois terços da região e acusa o Paquistão de treinar e armar os separatistas.
Desde 2010, a Índia e a Paquistão têm mantido conversações de paz.
O conflito na Caxemira é um dos grandes focos geopolíticos atuais, pois envolve países detentores de explosivos nucleares.
Duas Potências Nucleares
O conflito na Caxemira foi o principal responsável pela corrida armamentista nuclear entre a Índia e o Paquistão.
Conforme vimos na independência da Índia, parte de seu território se tornou o Paquistão e logo em seguida começou a luta pela região da Caxemira. Até hoje os dois países vivem em conflito e ambos construíram forças armadas modernas para se proteger. O Paquistão ficou bastante alarmado ao descobrir em 1974 que a Índia havia testado uma bomba atômica. O Paquistão, sentindo-se provocado, também desenvolveu tecnologia nuclear e realizou testes em 1988.
Em 1998, o governo indiano prometeu transformar a Índia numa potência militar. A confirmação da Índia como potência nuclear veio alguns meses depois, a partir dos testes que realizou em maio de 1998. Os primeiros testes haviam sido iniciados em 1974. Além de uma força nuclear, o país já possuía mais de 1 bilhão de habitantes e um exército de mais de 1 milhão de homens.
O Paquistão já havia promovido testes nucleares causando medo de uma possível corrida nuclear na turbulenta região. Vários países, com o intuito de pressionar a Índia e o Paquistão para abandonar seus programas nucleares, impuseram sanções econômicas em ambos países.
Houve um relaxamento da tensão entre os dois países durante os meses após os testes nucleares. Índia e Paquistão declararam uma pausa nesses testes e entraram em negociações, patrocinadas pelos Estados Unidos. Algumas sanções foram levantadas como sinal de progresso. No começo de 1999, após meses de conversação, os líderes da Índia e Paquistão assinaram a Declaração de Lahore, na qual expressaram o comprometimento de ambos países em melhorar seu relacionamento. Porém, em abril do mesmo ano, ambos países começaram a testar mísseis de médio alcance capazes de carregar ogivas nucleares. A possibilidade de um confronto militar entre Índia e Paquistão, que, provavelmente incluiria armas nucleares, é uma fonte de preocupação para todo o mundo.

A DISPUTA PELO TIBETE

Tibete, tendo sido invadido pela China, permanece sob ocupação chinesa há mais de 60 anos. O líder político e espiritual do Tibete, Dalai Lama, foi exilado de seu país, mas continua lutando - de forma puramente pacífica - para libertar sua nação do domínio chinês. Apesar da ocupação chinesa, o povo tibetano faz grandes sacrifícios para preservar sua cultura e religião.
DADOS GERAIS
Língua: tibetano
Religião: budismo tibetano
Situação Atual: O país está sob ocupação chinesa. 
Chefe de Estado: Dalai Lama (em exílio)
Localização Geográfica: O Tibet localiza-se no centro da Ásia e faz fronteira com a Índia, Nepal, Butão, Burma e China.
História do Tibete
A história do Tibete é marcada por guerras e conquistas. Os conflitos entre a China e o Tibete tiveram início durante a dinastia chinesa Tang (618-906 d.C.). No século 13, o Tibete foi conquistado pelo império mongol. Em 1720, foram os chineses, durante a dinastia Ching, que conquistaram o Tibete. Desde então, a China reivindica soberania sobre o território tibetano.
Em 1912, com a queda da dinastia Ching, os tibetanos conseguiram sua independência. Os tibetanos expulsaram da região tropas e oficiais chineses. Em 1913, numa conferência realizada em Shimla, na Índia, britânicos, tibetanos e chineses decidiram que o Tibete seria dividido. Uma parte do Tibete seria anexada à China e permaneceria sob soberania chinesa e outra parte seria autônoma. Ao retornar da Índia, em janeiro de 1913, o 13º Dalai Lama declarou oficialmente a independência do Tibete. Porém, o acordo de Shimla nunca foi ratificado pelos chineses, que continuavam a alegar que todo o Tibete pertencia à China. Em 1918, as relações já estremecidas entre o Tibete e a China resultaram em um conflito armado entre as duas nações. A Inglaterra foi um dos países que interveio para tentar negociar uma trégua. Mas esse esforço dos ingleses não foi bem sucedido.
Em 1933, com a morte do 13º Dalai Lama, o Tibete sofreu um maior enfraquecimento político.
Em 1950, o Partido Comunista chinês tomou conta da China. Tropas comunistas invadiram a cidade de Chamdo, localizada na fronteira oriental (leste) do Tibete. Em pouco tempo, as tropas chinesas tomaram a sede do governo local. No dia 11 de novembro de 1950, o governo tibetano manifestou-se contra a agressão chinesa na Organização das Nações Unidas (ONU). Mas a Assembleia Geral da ONU adiou a discussão do problema.
Em 17 de novembro de 1950, o 14º Dalai Lama assumiu a posição de Chefe de Estado do Tibete. O novo líder dos tibetanos tinha apenas 16 anos de idade quando assumiu a liderança política e espiritual de seu país.

Dalai Lama
Em 23 de maio de 1951, uma delegação tibetana que havia ido à Pequim (capital da China) para negociar a questão do Tibete foi forçada pelo governo chinês a assinar um tratado. O governo chinês ameaçou invadir o Tibete de forma até mais agressiva, caso a delegação tibetana se recusasse a assinar o acordo. O tratado estabelecia que o Tibete seria uma região autônoma da China, sob o domínio tradicional do Dalai Lama. Na prática, o Tibete permanecia sob o controle da Comissão Comunista da China.
Em setembro de 1951, o Tibete foi tomado pelas forças comunistas de Mao Zedong (Mao Tse Tung). A ocupação chinesa do Tibete foi marcada pela destruição sistemática dos mosteiros, pela opressão religiosa, pelo fim da liberdade política e pelo aprisionamento e assassinato em massa de civis. Ao governar o Tibete, as autoridades chinesas comunistas introduziram reformas agrárias e reduziram significativamente o poder das ordens dos mosteiros, apesar da forte oposição do povo tibetano.

Mao Zedong
Os tibetanos frequentemente se rebelavam contra a presença das forças chinesas em seu país. Em 10 de março de 1959, os tibetanos organizaram uma grande revolta contra a China. Neste Levante Nacional Tibetano, ocorrido na capital, Lhasa, a resistência nacional contra a China atingiu seu auge. Mas a reação chinesa ao levante foi violenta: milhares de tibetanos foram mortos, aprisionados ou exilados.
Temendo por sua própria segurança, o Dalai Lama deixou Lhasa em 17 de março de 1959. Atualmente, a sede do Dalai Lama se localiza na Índia. O Dalai Lama viaja pelo mundo para tentar obter apoio internacional à independência de seu país.
O Conflito no Tibete
A China ocupa o Tibete há mais de 60 anos. Uma das consequências dessa ocupação é a existência de 128 mil refugiados tibetanos pelo mundo.  Desde 1951, os tibetanos têm tentado se rebelar contra a ocupação chinesa, mas seus esforços não foram bem sucedidos. A China alega soberania histórica sobre o Tibete, ameaçando assim a cultura e religião dos tibetanos.
A China tem o objetivo de modernizar o Tibete, pois espera que uma maior prosperidade no país eventualmente conquiste o apoio dos tibetanos à administração chinesa. O governo chinês possui um plano de desenvolvimento para a região e vem construindo prédios, realizando obras e substituindo a tradicional arquitetura tibetana por uma arquitetura moderna, deixando assim as províncias do Tibete cada vez mais semelhantes às cidades chinesas. Além disso, o Tibete está repleto de migrantes chineses que lideram importantes setores da economia. De fato, hoje há mais chineses que tibetanos vivendo no Tibete. Não é de se surpreender que os tibetanos temam que sua cultura e tradições estejam em perigo de extinção.
Oficiais chineses no Tibete afirmam que os tibetanos têm completa liberdade religiosa. Porém, a polícia chinesa está sempre presente em mosteiros e em templos budistas. Os monges têm sido espancados, aprisionados e submetidos à educação política chinesa.
Contudo, a China vem recentemente demonstrando um pouco mais de flexibilidade em relação à sua ocupação do Tibete. No início de 2002, a China libertou seis prisioneiros políticos tibetanos e permitiu que Gyalo Thondup, o irmão do Dalai Lama, visitasse o Tibete. O governo chinês convidou jornalistas para visitar o país após ter restringido o livre acesso à região durante anos.
Em outubro de 2002, representantes do Dalai Lama foram recepcionados pelo governo chinês em Pequim e no Tibete - algo que não ocorria há quase uma década. A China tem o objetivo de apaziguar os tibetanos para melhorar sua imagem perante o mundo. Mas é duvidoso que a China esteja disposta a se retirar do Tibete. As Nações Unidas e os principais líderes mundiais não têm poder nem interesse de pressionar a China para que haja uma resolução justa do conflito. A China é o país mais populoso do mundo e a segunda economia mundial. A China é também um dos cinco países de maior poder nas Nações Unidas e tem o direito de vetar qualquer decisão da organização. Portanto, apesar de contar com o apoio moral de pessoas no mundo inteiro, os tibetanos enfrentam uma grande luta para realizar seu sonho de soberania e independência nacional.

COREIA DO NORTE: PERIGO NUCLEAR

A Coreia do Norte é um dos regimes mais autoritários e repressivos do mundo. Faz sete décadas que a família Kim e o Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte governam o país./p>
A Coreia do Norte constitui uma das economias mais fechadas do mundo. Os líderes norte-coreanos são muito criticados por terem colocado as ambições nucleares do país acima do bem-estar econômico da nação. A população chega a passar fome. De acordo com as Nações Unidas, aproximadamente 40% da população norte-coreana está malnutrida: dois terços dos norte coreanos vivem à base dos alimentos distribuídos pelo Estado.
A Coreia do Norte depende de ajuda humanitária da Organização das Nações Unidas. O país é totalmente dependente economicamente da China.
O principal objetivo da China em relação à Coreia do Norte é evitar um colapso do governo norte-coreano e uma leva de refugiados cruzando a fronteira e adentrando o território chinês. A China é responsável por fornecer a maior parte dos alimentos e da energia elétrica da Coreia do Norte.
Organizações internacionais de direitos humanos relatam que ocorrem graves e sistemáticas violações de direitos humanos na Coreia do Norte: tortura, estupro, trabalho escravo, tortura, infanticídio e execuções públicas. As vítimas são os “opositores” do governo.
O governo de Kim Jong Un emprega punição coletiva para silenciar opositores. Não existe liberdade de imprensa ou de religião no país.
Histórico
Encerrada a Segunda Guerra Mundial, a Coreia foi dividida no 38º paralelo de latitude em zonas de ocupação soviética e norte-americana. Com o apoio soviético, os comunistas estabeleceram um governo na Coreia do Norte, enquanto os Estados Unidos apoiaram a formação de um governo não comunista na Coreia do Sul. Ambos os governos da Coreia do Sul e da Coreia do Norte reivindicavam o direito de governar toda a península.
Em junho de 1950, a Coreia do Norte realizou um ataque surpresa contra a Coreia do Sul, objetivando unir toda a Coreia sob o domínio comunista. Os Estados Unidos enviaram tropas para apoiar a Coreia Sul, e a Guerra da Coreia foi deflagrada. Em novembro, soldados das Nações Unidas combateram as forças comunistas e adentraram território norte-coreano.
Quando os coreanos comunistas, que recuaram frente ao ataque das Nações Unidas, alcançaram o território da China, aproximadamente 200.000 soldados chineses entraram na Coreia do Norte, tomando as forças das Nações Unidas de surpresa. Com a ajuda chinesa, os norte-coreanos expulsaram as tropas da ONU de volta ao 38º paralelo. A luta continuou até a declaração de um armistício em 1953.
Após a guerra, as duas Coreias estabeleceram governos e políticas bastante diferentes. A Coreia do Norte se tornou um estado totalitarista, seguindo o modelo stalinista. As indústrias foram nacionalizadas e as fazendas coletivizadas. O governo da Coreia do Norte - autocrático e ditatorial - esmagou qualquer oposição.
A Coreia do Sul, por outro lado, era oficialmente uma democracia, apesar de os direitos básicos de seus cidadãos serem frequentemente negados. Os líderes do país silenciaram seus adversários políticos, argumentando que a união nacional era fundamental para evitar um novo ataque da Coreia do Norte. Contudo, em 1987, um protesto em massa obrigou o governo a revisar a Constituição e realizar novas eleições.
O governo sul-coreano apoiou fortemente a indústria no país, que teve um sucesso marcante. À medida que as exportações cresciam, o PIB (Produto Interno Bruto) da Coreia do Sul passou a ser 36 vezes maior do que o da Coreia do Norte.
Uma potência nuclear
Em outubro de 2002, a Coreia do Norte, liderada pelo ditador Kim Jong II, anunciou que seu país estava fabricando armas nucleares. Foram confirmados os relatórios da CIA (serviço de inteligência norte-americana) de que o país estava construindo uma nova fábrica para o enriquecimento de urânio, reativando assim seu programa nuclear. Admitiu, ainda, que há anos vinha realizando um programa secreto de proliferação nuclear. No reator de Yongbyon, à vista de dois inspetores das Nações Unidas, oficiais norte-coreanos reabriram um reator nuclear e não permitiram que câmeras de inspeção da ONU filmassem seu trabalho. Os norte-americanos também haviam reaberto uma instalação para extração de plutônio e expulsado de seu país os dois inspetores da ONU.
Ao reabrir essas instalações, a Coreia do Norte rompeu o acordo que havia assinado em 1994 com o governo do presidente norte-americano Bill Clinton. Naquele ano, a Coreia do Norte havia prometido desistir de seu programa de proliferação nuclear e autorizou que inspetores das Nações Unidas comprovassem que o país não possuía sequer o material necessário para a produção de armas nucleares. A Coreia do Norte também recebeu do governo Clinton 3 bilhões de dólares como apoio econômico em troca da interrupção de exportações de mísseis. Mas a Coreia do Norte não cumpriu os acordos assinados e restringiu o acesso dos inspetores às suas instalações nucleares. Em janeiro de 2003, a Coreia do Norte declarou a intenção de se retirar do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Dois anos mais tarde, em fevereiro de 2005, a Coreia do Norte anunciou ser uma potência nuclear, declaração que deixou o mundo em estado de alerta. Uma bomba atômica nas mãos de uma ditadura bélica é motivo de preocupação principalmente para outros países da região como a Coreia do Sul e o Japão.
Ao reabrir o reator de Yongbyon, a Coreia do Norte quebrou a promessa que havia feito aos Estados Unidos. E por não ter cumprido sua palavra, apesar do apoio econômico recebido dos Estados Unidos, os norte-coreanos fizeram com que os Estados Unidos hesitassem a voltar à mesa de negociações. O governo Bush adotou uma política em relação à Coreia do Norte menos diplomática que a de seu antecessor, Bill Clinton. Mas o ditador norte-coreano, Kim Jong II, ignorou, sucessivamente, alertas e ameaças vindas de Washington.
Os Estados Unidos alegaram que não invadiriam a Coreia do Norte e que planejavam resolver essa perigosa situação de forma pacífica, por meio de sanções econômicas e não através de ações militares, como as tomadas no Iraque. De fato, não seria fácil para os Estados Unidos atacar a Coreia do Norte, pois este país possui um grande e poderoso exército. Ao mesmo tempo, os norte-coreanos dificilmente conseguiriam atingir os Estados Unidos. Porém, mais de 30 mil tropas norte-americanas protegem a costa entre a Coreia do Norte e Coreia do Sul - um alvo em potencial para uma retaliação norte-coreana contra Washington.
Os Estados Unidos, porém, mostram-se céticos quanto a um novo acordo, pois a Coreia do Norte violou o anterior. O governo Bush declarou que deseja negociar com a Coreia do Norte, mas com a condição de que o governo norte-coreano elimine suas armas nucleares.
A China tentou mediar a situação entre a Coreia do Norte e Estados Unidos, principalmente após George Bush classificar a Coreia do Norte como um dos países que constituem o "eixo do mal" e que apoiam o terrorismo internacional. A Coreia do Norte buscou negociar diretamente com os Estados Unidos, mas Washington se recusou. A China conseguiu organizar negociações que incluíssem seis países - Japão, China, Rússia, Coreia do Norte, Coreia do Sul e Estados Unidos. Em agosto de 2003, fevereiro e junho de 2004 e julho e agosto de 2005, as seis nações se reuniram em Beijing, capital da China.
Em 4 de outubro de 2007, líderes da Coreia do Norte e da Coreia do Sul concordaram em promover conversações de paz para declarar um fim à guerra entre ambos países e reafirmar o princípio mútuo de não agressão.
No dia 17 de julho de 2007, inspetores das Nações Unidas presenciaram o desligamento de 5 instalações nucleares na Coreia do Norte. No dia 4 de outubro de 2007, o presidente da Coreia do Sul, Roh Moo-Hyun, e Kim Jong II da Coreia do Norte assinaram um acordo de paz entre os dois países.
O ditador norte-coreano Kim Jong Il faleceu em dezembro de 2011 e foi sucedido por seu filho mais jovem, Kim Jong Un, que, em março de 2013, ameaçou lançar um ataque nuclear contra os Estados Unidos. A resposta das Nações Unidas a tais ameaças foram sanções adicionais contra a Coreia do Norte.
Em abril de 2013, o governo norte-coreano declarou que daria continuidade ao seu programa nuclear ao reiniciar operação do seu reator nuclear de Yongbyon, que havia sido fechado em 2007. Além disso, o governo de Kim Jong Un anunciou que havia aprovado planos para um ataque nuclear contra os Estados Unidos e advertiu todos os estrangeiros a deixarem a Coreia do Sul para evitar sem pegos em uma “guerra de retaliação”.
Em 2016, o Presidente americano Barack Obama impôs mais sanções contra a Coreia do Norte.
Desde que Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos, em janeiro de 2017, a Coreia do Norte aumentou a frequência de testes e exercícios bélicos. Trump afirma que a Coreia do Norte tem um “mal comportamento” e que estuda uma resposta severa.
Os Estados Unidos se dirigiram às Nações Unidas para propor mais sanções contra a Coreia do Norte. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos acreditam que cabe à China fazer maiores esforços para conter Kim Jong Un.
Crise Econômica
A Coreia do Norte encontra-se em uma profunda crise econômica. O governo é totalitário e controla os meios de comunicação, o que lhe permite distorcer a verdade e influenciar seu povo. A população do país passa fome e a elite está descontente.
Há dúvidas sobre a eficácia do embargo econômico contra a Coreia do Norte. O ditador Kim Jong Un parece preferir a miséria de seu povo a fazer qualquer concessão. Desde que seu pai ascendeu à liderança da Coreia do Norte, em 1994, o país sofreu um colapso econômico e o consequente flagelo da fome, que resultou na morte de milhões de pessoas. O embargo econômico também apresenta um dilema moral óbvio: é a população, e não os líderes do país, que sofre com a fome e com as dificuldades econômicas resultantes.
Não é provável que a Coreia do Norte de Kim Jong Un desista de ser uma potência nuclear para pôr um fim ao seu isolamento.
A situação na Coreia do Norte é motivo de preocupação para seus países vizinhos. O número de refugiados norte-coreanos é significativo e a terrível situação econômica do país causa com que um número ainda maior de pessoas tente emigrar. A Coreia do Sul se vê constantemente ameaçado pela Coreia do Norte, e a China, um aliado da Coreia do Norte, visa a evitar um conflito para prevenir uma verdadeira crise de refugiados em seu território.
O medo permanece
O mundo teme as ações de uma Coreia do Norte sendo liderado por um jovem inexperiente e imprevisível. O país possui armas nucleares e mísseis capazes de atingir países vizinhos. A Coreia do Norte também testa mísseis de longo alcance que, no futuro, possam ser utilizados para atingir os Estados Unidos.
Outra preocupação em relação ao programa nuclear da Coreia do Norte é que o país tem como uma de suas principais fontes de renda a venda de mísseis. O que impediria esse país, que tanto precisa de recursos financeiros, de vender armas nucleares para déspotas ou organizações terroristas?
É evidente que há vários motivos por que a Coreia do Norte decidiu desenvolver um programa nuclear. Especula-se que o principal seja o fato de as armas nucleares conferirem ao país um poder de barganha que o país nunca teve.

O TRÁFICO DE DROGAS NA AMERICA LATINA


Um dos mais importantes problemas da segurança internacional, hoje em dia, é a questão da produção, distribuição e consumo de drogas.  Podemos dividir o planeta, quanto aos aspectos de produção e uso de entorpecentes, em três áreas: as que são produtoras, as que são território de passagem e as de abundante consumo.
Na América Latina, a atuação de cartéis da droga estabeleceu uma nova geografia do narcotráfico e produziu alterações nas prioridades políticas dos Estados Unidos para o subcontinente. A produção de drogas na América Latina foi produto de uma série de fatores:
A PRODUÇÃO DE DROGAS
Pobreza da agricultura andina (camponeses sem condições de sobreviver com produtos tradicionais).
A presença de grupos guerrilheiros de esquerda que dependem financeiramente do narcotráfico .
Governos corruptos e fracos, sempre prontos a aceitar dinheiro dos traficantes.
A existência de países que são "paraísos fiscais", sempre dispostos a "lavar" os capitais do narcotráfico.
O crescimento do consumo de drogas, tanto nos EUA como na Europa Central.
Nos anos 70, a queda dos preços internacionais dos bens agrícolas tropicais estimulou a substituição dos cultivos tradicionais pela implantação de coca e maconha. O Peru, a Bolívia, a Colômbia e o México tornaram-se grandes produtores de entorpecentes. O narcotráfico é uma importante fonte de renda e trabalho para parte das populações desses países.  Em Medellín e Cali, foram criados grandes cartéis de produção e refino de cocaína. Nos anos 80, estabeleceu-se uma aliança entre os narcotraficantes e os guerrilheiros de esquerda do Sendero Luminoso (peruano) e o M-19 (colombiano). Mais do que nunca ficava evidente a fraqueza dos governos latino-americanos, o que estimulou os EUA a enviar assessores militares para o subcontinente.
As rotas do narcotráfico organizaram-se essencialmente em torno de eixos centro-americanos e caribenhos, buscando os vastos mercados norte-americano (através da Califórnia, Texas e Flórida) e europeu. A repressão, intensificada após a invasão norte-americana do Panamá  em 1989, deslocou parte das rotas para o território brasileiro, através das fronteiras colombianas, peruanas e bolivianas com a Amazônia  e o Centro-Oeste.
A expansão do narcotráfico beneficiou-se das mudanças sofridas pelo sistema financeiro internacional. Os grandes bancos, escapando ao controle fiscal de seus países de origem, implantaram filiais em países caracterizados por legislações financeiras ultraliberais. Esses "paraísos financeiros" - como Bahamas, o Panamá, as Ilhas Virgens e o Uruguai - tornaram-se focos cruciais para a legalização ("lavagem") do dinheiro obtido com o narcotráfico.
As FARCS
Histórico do Conflito
Em 1964, os Estados Unidos pressionaram o governo da Colômbia para eliminar um grupo rebelde comunista formado por pequenos proprietários rurais. Em meio a Guerra Fria, os Estados Unidos temiam que o comunismo se espalhasse pela América Latina e pelo mundo. Após a vitória de Fidel Castro em Sierra Maestra, o receio do governo norte-americano aumentou.
Os rebeldes colombianos reagiram à repressão de seu governo e criaram as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Em 1964, Manuel Marulanda Vélez, apelidado de "tirufijo", cria as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), braço militar do Partido Comunista. O objetivo das FARC era o de lutar pela criação de um estado marxista.
Em 1965 é criado o Exército de Libertação Nacional da Colômbia (ELN) por estudantes universitários desiludidos com o Partido Comunista. O ELN se tornou outro grupo guerrilheiro marxista.
Em 1970, a vitória em eleições fraudadas do líder conservador Misael Pastrana provoca a fundação do Movimento Revolucionário 19 de abril (M-19), que dá início à guerrilha.
Nos anos 1980 e 1990 a Colômbia vive um surto guerrilheiro com tentativas de diálogo entre a esquerda e o governo. Na década de 90, o país é vitima de brutais conflitos entre as guerrilhas de esquerda, ligadas ao narcotráfico, e as Forças Armadas, apoiadas por grupos paramilitares de extrema direita.
Em 1986, a Partido Comunista e ex-guerrilheiros das FARC criam a União Patriótica, que opta pela ação política parlamentar.
Em 1997, a direita organizou uma milícia anticomunista, as Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), com o objetivo de combater os rebeldes marxistas do país.
Em 1998 é eleito o presidente Andrés Pastrana, político conservador que promete dialogar com as guerrilhas de esquerda.
Situação Atual
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) têm uma presença de 60 anos nas áreas rurais colombianas e é a autoridade de fato nessas regiões. Em 2001, a organização era composta de aproximadamente 17.000 membros e mantinha presença em aproximadamente 80% do território colombiano, controlando 40% do território do país.
Nos últimos anos, as FARC sofreram uma série de golpes. Atualmente, o número de membros da organização é de aproximadamente oito mil pessoas. As FARC ainda controlam as áreas rurais colombianas, especialmente no sul e leste do país.
As FARC foram fundada em 1964, ao declarar que seu objetivo era derrubar o governo e impor um regime marxista no país. A organização é um dos maiores e mais antigos grupos de rebeldes de esquerda da Colômbia. É também um dos grupos guerrilheiros mais ricos. 
As FARC se opõem à influência dos Estados Unidos na Colômbia, das privatizações de recursos naturais, das multinacionais e dos grupos paramilitares. O objetivo das FARC é de obter controle e tomar o poder na Colômbia. A organização é considerada um grupo terrorista.
Nos anos 1980, as FARC passaram a plantar e produzir cocaína, e a distribuí-la dentro da Colômbia. A organização recruta, muitas vezes à força, crianças como soldados e informantes.
Outro grupo guerrilheiro de esquerda, o Exército de Libertação Nacional da Colômbia (ELN), conta com aproximadamente com 1500 membros. A organização já chegou a ter 5000 integrantes. O ELN e as FARC obtêm recursos do tráfico de drogas, sequestros e taxas cobradas por proteção. As duas organizações abandonaram o ideal comunista e têm como objetivo expandir sua influência e áreas de controle. Em muitas regiões, onde a presença do governo é fraca ou inexistente, as FARC e o ELN agem como se fosse o governo.
Estima-se que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia se autofinanciam por meio do tráfego ilegal de drogas, que rende à organização a soma anual de 500 a 600 milhões de dólares americanos. As FARC também adquirem vastas somas de dinheiro por meio de atividades criminosas como sequestros, esquemas de extorsão e por um “imposto” que cobram dos habitantes do campo por “proteção” e “serviços sociais”.
As guerrilhas se tornaram uma parte integrante do narcotráfico, facilitando e lucrando com o tráfico de drogas. As guerrilhas protegem as plantações e os laboratórios, desta forma se tornando uma parte essencial da produção. O dinheiro arrecadado com essa prática ilegal excede qualquer valor disponibilizado pelos governos norte-americano e colombiano para a luta contra as drogas. O incentivo monetário para continuar com as narcoguerrilhas é obviamente muito alto.
Apesar de contar com muitos recursos financeiros, os guerrilheiros não têm a força militar ou apoio popular suficiente para derrubar o governo colombiano. Desde 2002 a violência vem caindo na Colômbia, mas os guerrilheiros continuam a atacar civis e a controlar regiões no interior do país. Grupos paramilitares enfrentam os guerrilheiros pelo controle do tráfico de entorpecentes. Muitos membros das FARC abandonaram a organização desde 2002, e o governo tenta readquirir controle de todo o país. Porém, países vizinhos temem que os guerrilheiros colombianos, fugindo do governo colombiano, cruzem suas fronteiras e passem a operar dentro de seus territórios.
Em fevereiro de 2012, as FARC anunciaram que abandonariam a prática de sequestrar pessoas para obter dinheiro por meio de resgastes. Em novembro do mesmo ano, a organização e o governo colombiano iniciaram negociações de paz, que tratariam dos seguintes seis assuntos: reforma agrária, participação política, o desarmamento dos rebeldes, tráfego de drogas, os direitos das vítimas e a implementação de um tratado de paz.
Em novembro de 2016, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e o líder da guerrilha, Rodrigo Londoño, assinaram um acordo de cessar-fogo. Em junho de 2017, as FARC entregaram todas as armas à ONU. Contudo, as armas pesadas ainda estão sendo localizadas e destruídas. O território controlado pela guerrilha durante décadas voltou ao controle do governo e milhares de combatentes recuperaram o estado civil.

O POPULISMO VENEZUELANO

Hugo Chávez
O ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, iniciou seu mandato em fevereiro de 1999, prometendo pôr um fim à corrupção e às políticas neoliberais. Ao chegar ao poder, Chávez nomeou 50 oficiais militares para influentes postos no governo, incluindo a presidência da estatal do petróleo. Amigo do ditador cubano Fidel Castro, Chávez, que diz ser inspirado pelo libertador Simon Bolívar, também prometeu aos venezuelanos uma nova Constituição. 

Hugo Chávez - Fonte: www.time.com
Em dezembro de 1999 foi realizado um referendo no país e uma nova Constituição aprovada. Esta ampliou os poderes do presidente, estendendo seu mandato de cinco para seis anos e garantindo o direito à reeleição. A Constituição também proíbe a venda da estatal de petróleo e prevê a mudança do nome do país para República Bolivariana da Venezuela.
Com a aprovação da nova Constituição, o Congresso foi dissolvido e novas eleições presidenciais convocadas para 28 de maio de 2000. A eleição foi adiada para 30 de julho por "problemas técnicos". Chávez venceu a eleição com uma grande margem e, logo após, viajou para o Oriente Médio onde se reuniu com os ditadores do Iraque, Saddam Hussein, e da Líbia, Muamar Khadafi, como preparativo para uma reunião da Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo) que aconteceria em Caracas, em setembro.
Em novembro de 2003, a Coordinadora Democrática, coligação de partidos de direita e de esquerda que se opunha à presidência de Chávez, obteve assinaturas suficientes para convocar um referendo no qual os venezuelanos decidiriam sobre a permanência de Hugo Chávez no poder. O referendo ocorreu em 15 de agosto de 2004 e o presidente saiu-se vitorioso, obtendo quase 60% dos votos. A oposição declarou, sem provas, que a vitória de Chávez tinha sido fraudulenta; todavia a vitória foi considerada legítima pelos Estados Unidos.
Em 2006, nas eleições presidenciais da Venezuela, Hugo Chávez foi reeleito com 62,9% dos votos, derrotando Manuel Rosales, que obteve 36,9%. Pouco depois de sua reeleição, o presidente anunciou a união dos integrantes de sua coalizão num único partido, o "Partido Socialista Unido da Venezuela", sob seu controle direto e cujo propósito seria acelerar a revolução socialista no país.
No âmbito internacional, Chávez desafiou os Estados Unidos e investiu pesado nas forças armadas de seu país. Chávez encomendou 100 mil rifles Kalashnikov e 24 aviões de guerra da Rússia. Chávez provocou os Estados Unidos ao se aliar com tradicionais inimigos norte-americanos, como o Irã, a Síria e Cuba. Apesar da guerra de palavras contra o governo norte-americano, Chávez não rompeu relações com os Estados Unidos, que era o país que mais importava petróleo venezuelano.
Presidente Nicolás Maduro
O presidente Hugo Chávez liderou a Venezuela de 1999 a março de 2013, quando veio a falecer após sua luta contra o câncer. Nicolás Maduro, que ocupou vários cargos no governo de Chávez, inclusive o de Ministro das Relações Exteriores, foi eleito em abril de 2013. Sua vitória nas eleições foi bastante apertada – foi eleito com apenas 50,8% dos votos – e a oposição o acusou de ter cometido fraude para se eleger. O governo de Maduro continua trilhando a linha autoritária e populista de Chávez. Para financiar suas políticas, o governo de Maduro imprime dinheiro ou utiliza as receitas que advêm da venda de petróleo de sua estatal petrolífera, a PDVSA.
As assumir a presidência, Nicolás Maduro enfrentou uma alta taxa de inflação e grande escassez de bens – consequência das políticas de seu antecessor, o presidente Hugo Chávez.
O presidente Maduro culpou o capitalismo pelos problemas em seu país. Afirmou que estava lutando contra uma “guerra econômica” promovida pelos inimigos da Venezuela. Mas tais afirmações e acusações não mudaram os fatos: em 2014, a Venezuela se encontrava em uma recessão econômica, o Produto Interno Bruto (PIB) da Venezuela despencou e, em 2017, o país fechou o ano com uma taxa de inflação acima de 2000% pelo ano.
Durante o governo de Maduro, a escassez de habitação e de alimentos no país se agravou, causando uma crise humanitária. Isso se deve especialmente à política de controle de preços instituída por Hugo Chávez. Há escassez de produtos cujos preços foram regulamentados pelo governo: leite, vários tipos de carne, café, arroz, farinha, óleo e até mesmo produtos de higiene pessoal e remédios. A situação é trágica: muitos venezuelanos, à procura de comida, ocasionalmente recorrem a frutos silvestres ou buscam restos de alimentos nos lixos.
Uma pesquisa realizada em novembro de 2016 revelou quem os venezuelanos julgavam ser o maior responsável pela crise do país. Estes foram os resultados da pesquisa: Hugo Chávez (59%), Nicolás Maduro (25%), o Chavismo (15%). Apenas 16% dos entrevistados culparam a oposição, os empresários ou os Estados Unidos.
Crise de Refugiados Venezuelanos
A crise na Venezuela resultou em um grande deslocamento populacional em direção ao norte do Brasil. Nos anos de 2015 e 2016, 77 mil venezuelanos adentraram o Brasil, em busca de alimentos, remédios e melhores condições de vida. Milhares cruzaram a fronteira, especialmente em Roraima. A população desse estado cresceu 10% graças aos refugiados venezuelanos.
Em 2017, mais de 17 mil venezuelanos pediram asilo no Brasil.
O Brasil é conhecido como um país que acolhe imigrantes. Contudo, o governo brasileiro não está estruturado para receber muitos imigrantes e refugiados. Consequentemente, o aumento significativo em algumas cidades pequenas do país prejudica os serviços públicos – já sobrecarregados. Políticas públicas visam a ampliar a distribuição dos refugiados pelo território nacional.
Segundo o Departamento de Imigração da Colômbia, o país recebeu dez vezes mais refugiados venezuelanos que o Brasil. Nos últimos anos, mais de 600 mil venezuelanos cruzaram a fronteira com a Colômbia.

O FUNDAMENTALISMO ISLÂMICO E O TERRORISMO

O terrorismo se tornou um fenômeno e uma tática comum no Oriente Médio a partir da derrubada do Xá do Irã, ocorrida em 1979.  O novo governo iraniano, chefiado pelo líder religioso xiita Aiatolá Ruhollah Khomeini, distanciou o país dos ideais do Ocidente e aproximou-o do fundamentalismo islâmico. Em 1979, uma multidão tomou a embaixada norte-americana na capital iraniana, Teerã. Durante 444 dias, o governo Khomeini recusou-se a libertar mais de 50 norte-americanos mantidos como reféns na embaixada.
Seguindo a revolução islâmica no Irã, o fundamentalismo - um movimento que prega e promove a observância severa da lei religiosa - espalhou-se por muitos países islâmicos do Oriente Médio. Os fundamentalistas islâmicos acreditam que a influência ocidental é prejudicial ao islamismo.
Movimentos fundamentalistas irromperam em muitos países do Oriente Médio na década de 1980, ameaçando os governos da região. Os grupos fundamentalistas também perpetraram atos de terrorismo -- bombardeios, sequestros de pessoas e de aviões e assassinato de líderes – contra o Ocidente e contra Israel. Em 1981, o Presidente do Egito, Anuar el-Sadat, que firmou a país entre seu país o Estado de Israel, foi assassinado por fundamentalistas islâmicos. Em 1984, a Primeira Ministra da Índia, Indira Gandhi e, em 1987, o Primeiro Ministro do Líbano, Rashid Karami, também foram mortos.
Em dezembro de 1979, a União Soviética invadiu o Afeganistão: foi a primeira ocupação militar de um país muçulmano desde o fim da Segunda Guerra Mundial. A invasão soviética fez com que o Afeganistão se tornasse um polo de atração de fundamentalistas, dispostos a expulsar os “infiéis” de terras islâmicas. Entre esses fundamentalistas havia um multimilionário saudita, cujo nome era Osama bin Laden.
Irmandade Muçulmana
Fundada no Egito, em 1928, a Irmandade Muçulmana é um grupo fundamentalista sunita – político e religioso. O movimento atua em cerca de 70 países árabes do Oriente Médio, Ásia e África, e luta pela adoção da Sharia (leis islâmicas) nos estados árabes. Isso significa que o objetivo do grupo é que as leis do islamismo sirvam não apenas para ditar a forma de vida da população, mas que seja também a base das leis do Estado.
Outro objetivo da Irmandade Muçulmana é o estabelecimento de um califado: a unificação de países de população muçulmana em um único país. O lema da organização é: "Deus é nosso objetivo; o Alcorão, nossa Constituição, o Profeta (Maomé), nosso líder; a Jihad (guerra santa), nosso caminho e morrer pela glória de Deus é a maior de nossas aspirações."
Muitos analistas afirmam que a Irmandade Muçulmana é a precursora do islamismo militante moderno, pois sua origem é a seita islâmica sunita radical Wahabita. Essa seita, que é a base da sociedade da Arábia Saudita, inspirou a milícia islâmica do Talibã (presente no Afeganistão e Paquistão) e a organização internacional terrorista Al-Qaeda.
Wahabismo
O Wahabismo é um ramo puritano do Islã, que afirma que apenas o Corão (livro sagrado islâmico) e as palavras tradicionais do profeta Maomé são válidos.
O Wahabismo está associado ao combate à idolatria. Defende a proibição de certas práticas que considera idólatra, como o culto aos santos islâmicos. Proíbe, portanto, visitas à túmulos e santuários, inclusive de figuras sagradas para o islamismo. Proíbe também qualquer inovação religiosa. Além disso, determina que a vestimenta da mulher deve ser uma abaya preta que cubra absolutamente todo o seu corpo, exceto os olhos e as mãos.    
O Wahabismo é acusado de ser uma “fonte de terrorismo global” e de fomentar desunião na comunidade muçulmana. Já os muçulmanos que aderiram ao Wahabismo acusam o restante do mundo muçulmano de ter abandonado a verdadeira fé religiosa, abrindo, assim, o caminho para o derramamento de sangue.
Um grande trunfo para a organização foi a vitória democrática de Mohammed Morsi em 2012, no Egito. Morsi pertence à Irmandade Muçulmana e ao chegar ao poder, passou a implementar a ideologia da Irmandade Muçulmana, visando a substituir as leis seculares do Egito por leis islâmicas. 
Em 2013, as imensas manifestações populares de grupos que se opunham à interferência religiosa na política levaram à derrubada de Morsi. Sua saída implicou em uma perda de poder do movimento, tanto no Egito como no restante do mundo árabe
Após Morsi ter sido removido do poder, a Irmandade Muçulmana e seu partido político (Partido Liberdade e Justiça) foram banidos no Egito.
Desde 2014, o presidente do Egito é o militar Abdel Fattah Saeed Hussein Khalil el-Sisi. Este era o Ministro da Defesa de Morsi e um dos líderes do golpe de Estado no Egito. O presidente El-Sisi aumentou o poder das Forças Armadas egípcias. Muitos o consideram um ditador.
Al-Qaeda
Al-Qaeda é considerada a organização-mãe da Jihad ("guerra santa" islâmica) global. Na língua árabe, Al-Qaeda significa "A base".  Atualmente, a organização é uma rede informal de células terroristas, que agem de maneira semiautônoma em diversos países.
O objetivo da Al-Qaeda é barrar a influência ocidental em países muçulmanos e substituir governos moderados por regimes fundamentalistas islâmicos.
A Al-Qaeda foi fundada em 1988 por Osama bin Laden. Essa organização fundamentalista - responsável por coordenar e financiar ataques terroristas - é responsável pelo atentado contra as Torres Gêmeas de Nova Iorque, ocorrido no dia 11 de setembro de 2001.
O grupo Al-Qaeda é responsável por uma série de atentados: o ataque contra as embaixadas dos Estados Unidos no Quênia e na Tanzânia em 1998; o ataque de 2004, que resultou na morte de 191 pessoas no metrô de Madri; o ataque de 2005 a metrôs e ônibus, que custou a vida de 56 pessoas em Londres; e o atentado suicida que matou a ex-primeira-ministra paquistanesa Benazir Buttho, entre muitos outros.
Dia 11 de setembro
Em 11 de setembro de 2001, 19 terroristas sequestraram quatro aviões comerciais, cheios de passageiros e de combustível, visando à maior destruição possível. Os terroristas colidiram dois dos aviões contra as Torres Gêmeas de Nova York e o terceiro contra o Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Acredita-se que o quarto avião tinha como alvo o próprio presidente dos Estados Unidos, mas a aeronave foi intencionalmente derrubada pelos passageiros. Estes, quando descobriram o que estava ocorrendo, heroicamente enfrentaram os terroristas.
Os ataques de 11 de setembro de 2001 custaram a vida de 3.000 civis norte-americanos. Entre os mortos, havia 242 bombeiros, que entraram nos prédios em chamas para ajudar a salvar vidas.
Em retaliação aos atentados de 11 de setembro, os Estados Unidos lançaram uma ofensiva militar contra o governo Talibã do Afeganistão, cujo regime fundamentalista islâmico abrigara Osama bin Laden e seus seguidores. Os Estados Unidos invadiram o Afeganistão e permanecem no país.
O alvo principal foram as bases de treinamento da Al-Qaeda. As principais lideranças do grupo terrorista fugiram para o Paquistão e se instalaram em áreas tribais na fronteira com o Afeganistão, que eram pouco controladas pelo governo.
Muitos integrantes da organização foram dizimados pelos Estados Unidos em ataques executados por drones – aviões não tripulados – nas zonas tribais do Paquistão e Afeganistão. O poder e o número de ataques da Al Qaeda em países ocidentais declinaram significativamente desde as operações antiterrorismo norte-americanas.
Em 2011, Osama bin Laden, considerado o homem mais procurado do mundo, foi morto em uma missão secreta norte-americana. O líder terrorista vivia escondido em uma cidade do Paquistão. A execução de Osama bin Laden é considerada um dos maiores trunfos da presidência do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
Depois da morte de Osama bin Laden, as facções de sua organização terrorista se fortaleceram e passaram a agir de forma mais independente. Diversos grupos radicais alegam atuar em nome da Al Qaeda no mundo árabe, tanto na Península Arábica como na África. Contudo, tais grupos defendem seus próprios interesses.
Acredita-se que a base da Al Qaeda se encontra atualmente no Afeganistão e no Paquistão, mas seu núcleo perdeu força. A organização está perdendo a guerra de “marketing” para o Estado Islâmico. Hoje, os jihadistas preferem o Estado Islâmico ao Al Qaeda. O Estado Islâmico é uma organização mais notória, possui uma excelente campanha de recrutamento, inclusive por meio da Internet. Possuía vastos recursos financeiros antes de sofrer grandes perdas territoriais.
Algumas facções do Al-Qaeda
Frente al-Nusra
Frente al-Nusra, cujo nome significa “frente de apoio para o povo sírio”, é considerada um braço oficial da Al Qaeda. Fundada em 2011, a Frente al-Nusra, que concentra suas forças no norte da Síria, é um dos principais grupos rebeldes do país. Estima-se que o número de seus integrantes seja entre cinco e sete mil pessoas. O objetivo da Frente al-Nusra é fundar um estado islâmico no país.
Em agosto de 2014, a Frente al-Nusra sequestrou cerca de 40 soldados que integravam as tropas de paz das Nações Unidas nas Colinas de Golã. Os soldados foram libertados alguns dias depois.
Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI)
Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI) é uma facção da Al-Queda no Norte da África. Essa organização é responsável por diversos atentados na Argélia e na Tunísia, por sequestros de turistas ocidentais e pela invasão, em 2013, de um campo de gás natural na Argélia, em que fez numerosos reféns. Quase 40 deles foram mortos durante a tentativa de libertação por militares argelinos.
Após a queda de Muamar Kadafi, o grupo apreendeu toneladas de armas de rebeldes líbios. Estes haviam sido armados por uma coalizão que incluía os Estados Unidos, a França e o Qatar.
Al Qaeda no Magrebe Islâmico tem como objetivo impor um Estado islâmico religioso na Argélia, Líbia, Mali, Mauritânia, Marrocos e Tunísia. O grupo visa a livrar o Norte da África da influência ocidental.
A Al-Qaeda na Península Arábica
Al-Qaeda na Península Arábica é um dos braços mais ativos e notórios do Al-Queda. O grupo já atacou alvos Ocidentais, inclusive a revista satírica Charlie Hebdo, na França.
Os Estados Unidos já lançaram centenas de ataques por meio de drones contra a Al Qaeda no Iêmen. Assim, eliminaram vários líderes desse grupo terrorista.
Al Shabaab
Fundada em 2006 em meio à guerra civil da Somália, a organização radical islâmica Al Shabaab ("A juventude") é ligada ao Al-Qaeda e tem conexões com o grupo terrorista Boko Haram.
A organização luta para impor um Estado religioso na Somália. Sua ideologia fundamentalista não reconhece fronteiras nacionais.
A Al Shabaab realiza atentados terroristas por todo o Leste Africano. A organização assumiu a autoria do ataque que resultou na morte de mais de 60 pessoas em um shopping center em Nairóbi, capital do Quênia, em 21 de setembro de 2013.
Esse grupo terrorista controla parte do centro e do sul da Somália. Os piratas que agem na costa da Somália – e que são notórios pelos sequestros que realizam – pagam um “imposto” – 20% de sua receita – para a Al-Shabaab.

AFEGANISTÃO E O DIA 11 DE SETEMBRO

Afeganistão é um país asiático com uma área de 647.497 quilômetros quadrados.
Um país montanhoso, sua principal cadeia de montanhas, Hindu Kush, tem uma altitude média de 4.270 m, com picos que chegam a 7.620 metros.
Os principais rios do país são Amu Darya, Kabul e Helmand.
Limites geográficos
  • ao norte,  Turcomenistão, Uzbequistão e Tadjiquistão
  • à leste, a China, os estados hindus de Jammu e Kashmir e o Paquistão
  • ao sul, o Paquistão
  • à oeste, o Irã.
 
Principais cidades
Cabul, a capital,  Kandahar e Herat.
Economia
Predominantemente rural. Aproximadamente 74,5% da população dedica-se à agricultura e à criação de gado. É um dos países mais pobres do mundo, com renda per capita de 2000 dólares e um alto nível de analfabetismo (61,8%).
População
A população, estruturada em tribos e clãs, é dividida em quatro grandes grupos étnicos: os patanes (42% da população), os tadjiques (27%), os uzbeques (9%) e os hazaras (9%).
Religião
Os muçulmanos constituem 99.7% da população. Cerca de 85% dos habitantes são muçulmanos, da ramificação sunita. O restante, especialmente os hazaras, são xiitas.
Línguas oficiais
Pushtu e persa (dari) , além de muitos dialetos.
Aspectos políticos
Até 1973, quando foi proclamada a república, o Afeganistão era uma monarquia. A Constituição de 1977 declarava um Estado unipartidário, com o islamismo como religião oficial. Em 1992, o poder foi tomado por um grupo que estabeleceu um conselho provisório.
História
No século VI a.C. a região fazia parte do Império Persa passando por volta de 330 a.C. para o domínio de Alexandre, o Grande.
Nos séculos III e IV, os persas invadiram o país. Os hunos tinham o controle do Afeganistão quando, no século VIII, os árabes conquistaram a região impondo como religião principal o islamismo.
No século X e no início do XI o controle político árabe foi substituído pelo domínio iraniano e turco. Vencido por Gêngis Khan (cerca de 1220), o país ficou sob o domínio mongol até o século XIV, quando Tamerlão, um outro mongol, apoderou-se do norte do Afeganistão.
Durante todo o século XVIII e parte do XIX, os afegãos ampliaram seu poder conquistando o Baluquistão (a leste do Irã), Caxemira e parte do Punjab. O emirado desintegrou-se em 1818 e, em 1835, Dost Muhammad, membro de uma notável família afegã, tomou o controle do leste do Afeganistão, recebendo o título de emir.
Em 1838 teve início a Primeira Guerra Afegã (1838-1842), quando o exército anglo-indiano invadiu o Afeganistão, capturando as principais cidades. Mas após uma rebelião, em dezembro de 1842, os britânicos foram forçados a abandonar o país e Dost Muhammad recuperou o trono. Em 1878, forças anglo-indianas invadiram novamente o Afeganistão. Após ter perdido a Segunda Guerra Afegã (1878-1879), Abd-ar-Rahman, neto de Dost Muhammad, subiu ao trono e cedeu o Passo de Khyber e outros territórios afegãos aos britânicos. Abd-ar-Rahman foi assassinado e seu sucessor, Amanullah Khan, declarou guerra à Grã-Bretanha.
Em 1919, a Grã-Bretanha reconheceu o Afeganistão como Estado independente e Amanullah Khan tornou-se rei. Durante a década de 1920, o país passou por uma série de reformas e medidas de modernização, entre as quais a educação para as mulheres, que acabaram provocando revoltas internas.
Apesar da forte oposição de grupos tradicionais durante o reinado de Zahir Shah (na década de 1940), o programa de modernização foi intensificado e, em1946, o Afeganistão passou a fazer parte da Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1973, o rei Zahir Shah foi derrubado e proclamou-se a República do Afeganistão.
Em 1978, após um violento golpe de Estado, um Conselho Revolucionário tomou o poder, dando início a um programa socialista que provocou a ira de parte dos muçulmanos a ponto de levá-los à resistência armada. Como o governo não conseguisse conter a rebelião, tropas soviéticas entraram no Afeganistão em 1979 para apoiar o regime pró-comunista e afastar a ameaça de que o país caísse nas mãos do fundamentalismo islâmico.
O Exército Vermelho foi derrotado por grupos guerrilheiros afegãos, que contaram com respaldo financeiro e militar norte-americano. Durante os nove anos de guerra no Afeganistão, a União Soviética perdeu quinze mil soldados e, apesar de todos os esforços, no decorrer da década de 1980 as forças governamentais e os soldados soviéticos não conseguiram derrotar os rebeldes. O fracasso soviético levou analistas internacionais a descrever o conflito como o "Vietnã dos soviéticos". Pressionada pela opinião pública internacional e fustigada pela guerrilha islâmica, em maio de 1988 a União Soviética começou a retirada de suas forças, completada em fevereiro de 1989. Estima-se que entre 1979 e 1989, dois milhões de afegãos foram mortos na guerra.
Porém, mesmo após a retirada soviética, a guerra civil interna continuou e, em abril de 1992, o presidente Mohamed Najibula, apoiado pelos soviéticos, deixa o poder e os rebeldes tomaram Cabul. O país torna-se um estado islâmico e, no ano seguinte, uma assembleia nacional, composta de varias facções rivais, líderes tribais e religiosos, aprova a criação de um parlamento e de um novo exército. Mas a união entre as várias facções dura pouco e o país acaba, mais uma vez, tornando-se palco de lutas internas. Isto permite, a partir de 1994, o crescimento de uma nova força política: os talibãs, um grupo fundamentalista islâmico financiado pelo Paquistão.
A era talibã
O movimento islâmico Talibã é um movimento religioso que se propunha a implantar a lei islâmica no país, desagregado pela queda do regime comunista. Era composto por jovens treinados em escolas religiosas islâmicas rurais, surgidas ao longo da década de 1980. Essas escolas haviam sido berço de militantes que lutaram contra a ocupação soviética no país. Em persa, Tálib significa "estudante"; talibã, o plural, significa "os estudantes". A maioria dos talibãs é da seita sunita e de etnia patane, predominante no leste e no sul do Afeganistão.
O objetivo dos líderes do Movimento Islâmico Talibã era estabelecer um regime de governo baseado na lei islâmica, na Charia (que significa, literalmente, "o caminho do bebedouro", ou seja, "o caminho que conduz a Deus"), que determina que os fiéis se entreguem com total submissão à vontade de Alá.
Em 27 de setembro de 1996, sete anos depois da retirada das tropas soviéticas do Afeganistão, as milícias talibãs conquistam Cabul e vão estendendo seu domínio. Em 1998 já controlavam 90% do país. Contaram com o apoio do Paquistão e da Arábia Saudita para derrotar as facções rivais e, uma vez no poder, restabeleceram a ordem no país, impondo um severo regime islâmico.
O governo Talibã foi caracterizado por uma aplicação rígida da lei islâmica. Decretos do Ministério da Virtude e Supressão do Vício impuseram leis que incluem:
  • Uma rígida segregação das mulheres. As meninas são impedidas de cursar a escola. Mulheres que trabalhavam em hospitais e escolas foram mandadas de volta para casa e obrigadas a cobrir-se dos pés à cabeça.
  • Os homens são obrigados a deixar a barba crescer. A televisão está proibida, assim como a música ocidental e os jogos de azar. As salas de cinema foram fechadas e a imprensa que não foi proscrita teve que banir das páginas fotos e imagens.
As punições para qualquer tipo de transgressão incluem açoites em praça pública para os que consumirem álcool; amputação para os culpados de roubo; e morte por apedrejamento para os adúlteros.
Apesar de ter sido denunciado por organizações internacionais de direitos humanos, o novo regime solicitou o reconhecimento da comunidade internacional, com o argumento de que havia restaurado a ordem na maior parte do solo afegão.
Os talibãs provocaram mais protestos mundiais ao promulgar uma lei que obrigava outros grupos étnicos, como os hindus, a usar um broche que os identificassem. Outra onda de protestos surgiu após os talibãs terem dado ordem para destruir esculturas de Buda em todo o país. Entre elas estavam duas gigantescas estátuas no vale de Bamiyan, próximo a Cabul, talhadas em pedra há mais de 1.500 anos. Uma delas, de 53 metros de altura, era a maior representação de Buda já construída. Ambas foram explodidas em março de 2001. A razão para a destruição dessas estátuas é a proibição islâmica de adoração de ídolos.
O radicalismo desses militantes foi opressivo para muitos afegãos e originou uma nova guerra civil. Novamente o país foi dividido entre os patanes, sob o domínio dos talibãs, e as outras etnias, que se concentraram no norte e se converteram no principal foco da luta armada.
Um dos graves problemas enfrentados pelos talibãs era a produção de narcóticos: o país era considerado o maior produtor mundial de ópio, matéria-prima para a fabricação de heroína. Em 27 de julho de 2000, o líder supremo dos talibãs proibiu o cultivo de papoula - da qual é extraído o ópio - nas áreas controladas pelo regime.

IRAQUE

O Iraque (antiga Mesopotâmia), país no Oriente Médio situado no Golfo Pérsico, foi palco de três guerras desde 1980: a Guerra Irã-Iraque, a Guerra do Golfo (1991) e a mais recente (2003), que apesar de ter derrubado o governo de Saddam Hussein em 2003, a guerra só foi concluída em 2011. Em 2010, as tropas norte-americanas se retiraram do Iraque.
Recursos Naturais
País rico em petróleo e gás natural, também contém uma grande reserva de água, abastecido pelo rio Tigres e Eufrates. Especula-se que o petróleo foi o grande motivo das guerras. O mundo não se mobilizaria contra o Iraque, após este ter invadido o Kuwait, se ambos países não fossem grandes produtores de petróleo.
População
A maioria da população (75-80%) é árabe. Os curdos, minoria na região (15-20% da população), vivem no norte do país. A quase totalidade da população é muçulmana: 97%. A maioria é xiita: 60-65%. O restante é sunita.
Os Sunitas e os Xiitas
Durante a ditadura de Saddam Hussein, que se iniciou em 1979, a elite do país passou a ser composta pelos sunitas, pois o ditador pertencia a essa seita. Os xiitas, que constituíam a maioria da população, viviam na pobreza. Os curdos não eram representados no governo, e viviam em um conflito quase contínuo com o governo. Desde a queda de Saddam Hussein, ocorrida em 2003, iniciou-se uma guerra civil entre sunitas e xiitas. Os sunitas foram tirados do poder e fazem parte da guerrilha contra a ocupação americana. Os xiitas se aliaram aos curdos para criar uma nova Constituição que exclui os sunitas.
A Guerra Irã-Iraque
Em 1979, a revolução islâmica no Irã derrubou o regime do xá Reza Pahlevi, um aliado do Ocidente. O novo líder iraniano, o aiatolá Khomeini, tendo retornado do exílio, proclamou a República Islâmica do Irã. O aiatolá instituiu um regime islâmico xiita que se opunha ao islamismo sunita. A diferença entre as duas facções islâmicas é que o islamismo xiita elege guias espirituais como intermediários para as pessoas chegarem a Deus enquanto o islamismo sunita acredita numa relação direta entre o homem e Deus.
O aiatolá Khomeini instigou a população iraquiana, de maioria xiita, a derrubar o líder do Iraque, Saddam Hussein, cujo governo era sunita. Os xiitas iraquianos iniciaram uma campanha de oposição ao governo de Saddam Hussein que culminou em uma tentativa de assassinato do vice-primeiro-ministro Tariq Aziz, em abril de 1980.
No dia 17 de setembro de 1980, com o objetivo de derrubar o governo xiita iraniano, o Iraque invadiu o Irã, dando início a uma guerra que durou oito anos. O pretexto usado para justificar a guerra foi uma antiga disputa de fronteiras pela posse do canal de Shatt-al-Arab, que dá acesso ao Golfo Pérsico.
As forças armadas iranianas tinham armamentos relativamente modernos, que haviam sido comprados durante o governo do xá. Já o Iraque contava com o apoio militar da União Soviética. A guerra entre Irã e Iraque prolongou-se e nenhum dos lados conseguiu a vitória desejada. Em agosto de 1988, ambos países finalmente aceitaram a resolução da ONU que exigia o cessar-fogo e o retorno às fronteiras originais antes da guerra.
Os resultados do conflito foram devastadores para a população e a economia dos dois países. Muitos alvos civis foram atingidos durante a guerra, resultando na morte de um grande número de não combatentes. O Irã saiu enfraquecido do conflito e Saddam Hussein declarou que o fracasso do governo iraniano de tirá-lo do poder representava uma grande vitória iraquiana. Sentindo-se fortalecido, Saddam Hussein focava seus objetivos bélicos em outros países da região.
A Guerra do Golfo
Em 1990, o Iraque devia 80 bilhões de dólares, devido aos custos de reconstrução incorridos pelo país após oito anos de guerra contra o Irã. O Iraque exigia que o Kuwait relevasse sua porção da dívida e que ajudasse com os pagamentos. O governo de Saddam Hussein também declarava que o Kuwait estava extraindo petróleo de uma reserva na fronteira iraquiana, sem dividir os lucros com o Iraque, e que estava extraindo mais petróleo do que o limite imposto pela cota da OPEP, fazendo com que o preço mundial do petróleo caísse.
Em agosto de 1990, o Iraque, liderado por Saddam Hussein, invade o Kuwait, seu vizinho, com o objetivo de anexar o país. O Conselho de Segurança da ONU exigiu que as tropas de Saddam Hussein se retirassem do Kuwait e instituiu um embargo econômico contra o Iraque. No dia 7 de agosto, tropas americanas chegaram à Arábia Saudita para proteger os poços de petróleo do país. Fazendo fronteira com o Iraque e o Kuwait, a Arábia Saudita temia ser o próximo alvo de Saddam Hussein.
Devido ao ato de agressão de Saddam Hussein, os Estados Unidos e o Ocidente haviam perdido, pelo menos temporariamente, dois grandes fornecedores de petróleo: o Iraque e o Kuwait. Em janeiro de 1991, forças militares de uma coalizão internacional, liderada pelos Estados Unidos da América, iniciaram uma ação militar para liberar o Kuwait. O presidente dos Estados Unidos, na época, era George Bush, pai do atual presidente norte-americano, George W. Bush.
A operação aliada para libertar o Kuwait foi chamada de Operação Tempestade no Deserto. Desde o início do conflito até a data de 24 de fevereiro, os ataques aliados foram somente aéreos. No dia 24 de fevereiro, tropas aliadas, que mantinham sua base militar na Arábia Saudita, iniciaram um ataque por terra. Cem horas depois, o Iraque se rendeu. Com o final do conflito e a libertação do Kuwait, os preços de petróleo no mercado internacional voltaram a cair.
Os Estados Unidos invadem o Iraque
Após os ataques terroristas de 11 de setembro às Torres Gêmeas e ao Pentágono, que causaram danos imensuráveis, Saddam Hussein declarou publicamente seu apoio a Osama Bin Laden e disse estar feliz com a morte de tantos americanos. O líder iraquiano apoiava e financiava o terrorismo. Após os atentados, o presidente americano George W. Bush prometeu a seu povo que enfrentaria o terrorismo em qualquer lugar do mundo, mencionando o ditador iraquiano diversas vezes. George W. Bush (filho) apontava Saddam Hussein como uma das maiores ameaças à segurança da América e do mundo.
Apesar da vitória dos Estados Unidos na Guerra do Golfo, Saddam Hussein continuava no poder. O ditador iraquiano havia utilizado armas químicas contra o Irã e contra a população curda. Acredita-se que ele também utilizou, em menor escala, armas químicas durante a Guerra do Golfo. Para assegurar que Saddam Hussein nunca mais utilizasse armas não convencionais, como armas químicas e biológicas, as Nações Unidas exigiram, como parte do armistício, que o Iraque autorizasse a organização a inspecionar sua produção de armamentos. Apesar de o Iraque ter aceito essa exigência, a disposição de Saddam Hussein de cumprir com sua palavra oscilou. O ditador iraquiano frequentemente restringia o acesso de inspetores das Nações Unidas (ONU), levantando suspeitas que os iraquianos estavam secretamente desenvolvendo armas não convencionais. Em 1998, o Iraque finalmente expulsou os inspetores da ONU, impedindo seu retorno ao país.
Em 2000, é eleito presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Ele é filho de George Bush, o presidente norte-americano que liderou seu país e uma coalizão de nações aliadas contra o Iraque durante a Guerra do Golfo. Diferentemente de seu antecessor, o presidente democrata Bill Clinton, George W. Bush não ignoraria as constantes violações pelo Iraque do acordo de armistício que assinou após a Guerra do Golfo. Após os ataques terroristas de 11 de setembro, George W. Bush declarou guerra contra os países que abrigavam o terrorismo internacional. O Iraque era um deles, pois Saddam Hussein financiava fundamentalistas islâmicos que perpetravam ataques terroristas.
Em setembro de 2002, o presidente Bush declarou às Nações Unidas que Saddam Hussein representava uma grande ameaça ao mundo e que, se a comunidade internacional não agisse contra o Iraque, os Estados Unidos o fariam, ainda que sozinhos. O serviço secreto dos EUA e da Inglaterra afirmaram ter provas suficientes de que o Iraque de Saddam Hussein estava desenvolvendo armas de destruição em massa. Outros países insistiram que não havia evidência suficiente para justificar uma ação militar contra o Iraque.
As Nações Unidas se posicionaram contra uma ação militar, mas George Bush e Tony Blair, o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, continuaram a alertar sobre o perigo que Saddam Hussein representava para o mundo. O presidente Bush estabeleceu um prazo - 17 de março - para que os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovassem uma ação militar contra o Iraque. O presidente norte-americano deixou claro que a guerra contra o regime de Saddam Hussein começaria em breve, com ou sem a aprovação do Conselho.
No dia 17 de março, George Bush ofereceu a Saddam Hussein e sua família um prazo de 48 horas para deixarem o Iraque e evitar uma guerra. Como esperado, Saddam Hussein se recusou e, com isto, iniciou-se a contagem regressiva para o início de um outro conflito entre os Estados Unidos e o Iraque. Em 19 de março, George Bush assinou uma declaração de guerra e, no final do mesmo dia, forças norte-americanas iniciaram um ataque contra o Iraque. Os iraquianos revidaram imediatamente, lançando mísseis contra o Kuwait, onde tropas norte-americanas estavam abrigadas. Porém, nesta guerra, muito diferente da Guerra do Golfo, havia apenas um tímido apoio internacional. Dos cinco membros permanentes das Nações Unidas - Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, China e Rússia - apenas a Grã-Bretanha apoiava a posição norte-americana. Os demais países afirmavam que o conflito com o Iraque poderia ser resolvido não através de força, mas com o retorno de inspetores da ONU ao país. Críticos dos Estados Unidos alegavam que Washington estava praticando o imperialismo moderno ao utilizar seu poderio bélico para atacar países e regimes que não aceitavam as imposições norte-americanas.
Porém, muitos norte-americanos e países aliados dos Estados Unidos acreditavam que Saddam Hussein não desistira de seu plano de desenvolver armas de destruição em massa. E se o Iraque estivesse tentando produzir bombas nucleares, o ditador poderia ameaçar todo o mundo.
Mas para surpresa de muitos, nenhuma arma de destruição em massa foi encontrada no Iraque após a invasão dos Estados Unidos. Mesmo dentro dos Estados Unidos começou-se a questionar a legitimidade da campanha militar contra o Iraque. A Comissão de Inteligência do Senado dos Estados Unidos, que investigou os ataques terroristas do dia 11 de setembro também declarou que não havia nenhuma prova de que Saddam Hussein havia colaborado com o grupo Al-Qaeda nos atentados às Torres Gêmeas e ao Pentágono.
Desde 1979, quando chegou à presidência do Iraque, executou todas as pessoas que se opunham a ele. Saddam Hussein deixou claro que ninguém poderia questioná-lo e permanecer vivo.
Em dezembro de 2003, tropas norte-americanas capturaram Saddam Hussein. Ele foi levado a julgamento em seu próprio país e executado, no dia 30 de dezembro de 2006, por crimes contra a humanidade.
Em 2005, 140.000 soldados norte-americanos estavam no Iraque. Em fevereiro de 2006, 2.245 já haviam sido mortos no conflito. O número de vítimas iraquianas - mortas em atos terroristas e num conflito que em muito se assemelha a uma guerra civil - está nos milhares. Carros-bomba se tornaram a arma mais usada por iraquianos que se opõem à presença norte-americana no país e que, quase diariamente, promovem atos de terrorismo. Vários grupos de insurgentes promovem esses ataques com o objetivo de desestabilizar o país ainda mais. Os ataques advêm de sunitas que apoiavam o regime de Saddam Hussein e de xiitas radicais. Além disso, há uma constante luta pelo poder entre sunitas e xiitas no Iraque. Em janeiro de 2005, ocorreram eleições gerais para eleger uma Assembleia Nacional transitória. Nas eleições, a coalizão xiita obteve 51% dos votos; os representantes curdos receberam 26% dos votos. A maioria dos sunitas, que são uma maioria no Iraque, boicotaram a eleição.
A opinião iraquiana, em sua maioria, era contra a presença dos Estados Unidos no Iraque. Ao mesmo tempo, o apoio da população norte-americana à guerra no Iraque caía à medida que mais e mais soldados norte-americanos eram mortos. O presidente Bush afirmava que os Estados Unidos precisam vencer a guerra no Iraque, pois, ao seu ver, uma retirada das tropas norte-americanas seria uma admissão de derrota frente aos terroristas. Na visão de Bush e dos norte-americanos que apoiam a guerra, os Estados Unidos não podem se retirar do Iraque antes de estabelecer a democracia, a paz e a ordem no país.
Em 2007, o presidente Bush anunciou que enviaria mais 20 mil soldados norte-americanos ao Iraque. O aumento no número de tropas norte-americanas no Iraque reduziu a violência no país: houve uma queda no número de pessoas, tanto soldados como civis, sendo mortos.
Em 2009, o presidente dos Estados Unidos recém-eleito, Barack Obama, que sempre se opôs ao conflito no Iraque, anunciou que retiraria suas tropas do Iraque. Em 2010, a última brigada de combate norte-americana deixou o país. Em 2011, os Estados Unidos haviam retirado todas as suas tropas no Iraque: não mantiveram nenhuma força residual. A missão americana no Iraque foi oficialmente encerrada.
Desde 2003, morreram no Iraque 4.500 soldados norte-americanos. Além disso, 32.000 foram feridos. Centenas de milhares de iraquianos, tanto combatentes como civis, morreram no conflito, que custou para o governo dos Estados Unidos 800 bilhões de dólares.

ISRAEL E OS PALESTINOS

O Estado de Israel está situado em um território que já foi conquistado por muitos povos: assírios, babilônios, persas, gregos, romanos, árabes muçulmanos e turcos otomanos. O país, localizado na costa oriental do Mar Mediterrâneo, é conhecido como a Terra Santa. Para os judeus, a terra é santa porque lhes foi prometida por Deus; para os cristãos, porque Jesus, sendo judeu, lá nasceu e viveu; para os muçulmanos, porque Jerusalém é o local da subida do profeta Maomé aos Céus.
Um prelúdio ao Estado
No ano 70 d.C., os romanos expulsaram os judeus de Israel e passaram a chamar o país de Palestina. Assim teve início à diáspora, que significa a dispersão dos judeus para outros países do mundo. Contudo, apesar de terem sido conquistados pelos romanos, muitos judeus continuaram a viver na Palestina (antiga Israel). Desde então a perseguição a esse povo se evidenciou. Foram expulsos de quase todos os países da Europa, sofreram a Inquisição, e muitas outras formas de perseguição. Através dos séculos, um dos pontos fundamentais da fé judaica é que todo o povo será, um dia, liderado de volta à sua terra natal.
A ideia da criação de um estado judeu moderno começou a ganhar grande popularidade no século XIX, na Europa. Um jornalista austríaco, chamado Theodor Herzl, levou adiante a ideia do sionismo, definido como o movimento nacional de libertação do povo judeu. O sionismo afirma que o povo judeu tem direito ao seu próprio Estado, soberano e independente.
No final do século XIX, o aparecimento do antissemitismo, o preconceito e ódio contra judeus, levou ao surgimento de pogroms - o massacre injustificado e organizado de judeus - na Rússia e na Europa Oriental. Esta violência notória contra judeus europeus ocasionou emigrações maciças para a Palestina. Em 1914, o número de imigrantes da Rússia na Palestina já alcançava 100 mil pessoas. Simultaneamente, muitos judeus do Iêmen, Marrocos, Iraque e Turquia emigraram para a Palestina. Quando, em 1882, os judeus começaram a imigrar em grande escala, viviam por lá 250.000 árabes. As levas imigratórias se intensificaram com o crescimento do antissemitismo na Europa.
A história de descolonização na região explica muito dos conflitos pela posse do território. Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os ingleses, interessados em expulsar os turcos do Oriente Médio, fizeram três propostas contraditórias. Para os árabes propuseram que, se lutassem contra os turcos, a Inglaterra lhes daria uma "grande nação árabe independente", sob o domínio da família hachemita. Em novembro de 1917, buscando seduzir os judeus para a causa aliada, firmaram a "Declaração Balfour", onde se lia que Londres veria com bons olhos a criação de um "lar nacional judeu na Palestina" e, em 1915, os britânicos já haviam concluído com a França o "acordo secreto" de Sykes-Picot, pelo qual Londres e Paris dividiriam o Oriente Médio. Em 1918, com o término da Primeira Guerra Mundial e o fim do Império muçulmano, a região passou a constituir o Mandato Britânico. As promessas britânicas criaram um forte nacionalismo entre árabes e judeus.
O Estado de Israel
Após o Holocausto e o massacre de 6 milhões de judeus, em 1947, a ONU aprovou um plano de partilha da região - dividindo-a em um Estado judeu e um Estado árabe. Isto originou a criação do Estado de Israel, em 1948, e, desde então, o país se viu envolvido em guerras e conflitos com seus vizinhos árabes. Em 1948, o Estado de Israel foi atacado por seus vizinhos árabes. Vencendo a guerra, Israel expandiu seu território. A Jordânia e o Egito também foram responsáveis por anexar áreas reservadas ao Estado Palestino.

Mapa 1947
Durante o processo de criação do Estado de Israel e a primeira guerra entre árabes e israelenses, mais da metade dos palestinos que viviam em Israel fugiram, dando início ao problema, ainda hoje vigente, dos refugiados palestinos.
Mais de 4,6 milhões de palestinos vivem em campos de refugiados na Cisjordânia, Gaza, Síria, Egito e Líbano. As Nações Unidas e outras organizações internacionais providenciam ajuda aos refugiados..
Através das inúmeras guerras, o Estado de Israel foi conquistando territórios e se expandindo. Na guerra de 1967, contra a Síria, o Egito e a Jordânia, os israelenses conquistaram Jerusalém Oriental e a Cisjordânia, da Jordânia; as colinas de Golã, da Síria; e Gaza e o Sinai, do Egito. A partir de 1967, Israel passou a ter controle da Cisjordânia e de Gaza, até então controlados pela Jordânia e pelo Egito.

Mapa 1967
Em 1973, os países árabes voltaram a atacar Israel, mas foram derrotados novamente pelo Estado Judeu.
O Sinai foi devolvido em 1981, quando Israel e Egito firmaram um acordo de paz.
O Conflito com os palestinos
O povo palestino hoje se encontra disperso pelos países árabes e por Israel. Há 5,2 milhões de palestinos nos países árabes, 4,75 milhões na Cisjordânia e em Gaza e 1,75 milhão em Israel.
Na última década, as conversações de paz entre Israel e líderes palestinos tiveram avanços e recuos. O povo palestino é representado pela  AP (Autoridade Palestina), antes chamada de OLP -Organização para a Libertação da Palestina. Acordos de Paz firmados entre Israel e palestinos são interrompidos por atentados e violência.
Os Acordos de Oslo
Em 13 de setembro de 1993, foi assinado um acordo entre o primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin e o líder palestino Yasser Arafat. O acordo foi chamado de "Paz de Oslo" e estabelecia que Israel passaria o controle de Gaza e de partes da Cisjordânia para uma entidade semiestatal palestina denominada deAutoridade Palestina. A Paz de Oslo também definia as obrigações e competências da Autoridade Palestina e previa uma série de progressivas conversações sobre o status final da Cisjordânia e de Jerusalém.
Em 1994 é criada a Autoridade Nacional Palestina, com o intuito de administrar áreas de população palestina na faixa de Gaza e na Cisjordânia. Foi transferido o controle de diversas cidades na Cisjordânia à ANP. Em 2000, a ANP administrava 40% da Cisjordânia e 65% da Faixa de Gaza. No dia 11 de setembro de 2005, seguindo o plano do então primeiro-ministro Ariel Sharon, Israel concluiu uma retirada unilateral de Gaza: a ANP passou a controlar 100% de Gaza.
A Autoridade Nacional Palestina mantém relações diplomáticas com dezenas de países. Porém, no dia 25 de janeiro de 2006, os palestinos realizaram eleições parlamentares e elegeram o grupo fundamentalista Hamas.

Mapa 1996
Ao assinar a Paz de Oslo, Israel entregou à Autoridade Palestina cerca de 40% da Cisjordânia. Ao mesmo tempo, a liderança palestina adquiriu certas atribuições de soberania: uma administração própria e uma força policial comandada por Arafat. Muitas outras questões ainda eram objeto de controvérsias: a distribuição dos recursos hídricos, a questão do retorno dos palestinos e seus descendentes, que fugiram em 1948 e o status de Jerusalém. Outro agravante para o estabelecimento da paz foi a questão da presença de colonos judeus em certas áreas de Gaza e da Cisjordânia.
Em fevereiro de 2001, o general Ariel Sharon foi eleito primeiro-ministro de Israel. Em junho de 2002, o presidente norte-americano George W. Bush expôs o "Mapa do Caminho", que, aprovado também pela União Europeia, Rússia e ONU, é um plano para solucionar o conflito árabe-israelense. O Mapa do Caminho prevê o reconhecimento do Estado de Israel pelos palestinos e o estabelecimento de um Estado palestino ao lado de Israel. Porém, uma onda de violência entre palestinos e israelenses, ocorrida entre setembro de 2000 e fevereiro de 2005, dificultou o progresso do "Mapa do Caminho". Com a vitória, em janeiro de 2005, de Mahmud Abbas, que assumiu a liderança palestina após a morte de Yasser Arafat, parecia surgir uma nova esperança para a paz na região.
No dia 11 de setembro de 2005, sob a liderança do primeiro-ministro Ariel Sharon, Israel conclui uma retirada unilateral de Gaza. A Faixa de Gaza contém uma população árabe de quase 1,7 milhão de habitantes.
Em novembro de 2005, o primeiro-ministro Ariel Sharon saiu de seu partido político de direita (Likud) e fundou o Kadima, um partido de centro. (Kadima, em hebraico, significa "Adiante"). Logo após a fundação do Kadima, no início de janeiro de 2006, o primeiro-ministro Ariel Sharon sofreu um derrame, permanecendo em coma por oito anos. Ele faleceu em janeiro de 2014.
No dia 25 de janeiro de 2006, os palestinos realizaram eleições parlamentares e elegeram o grupo islâmico extremista, o Hamas. A vitória do Hamas, que não reconhece o Estado de Israel, é um grande obstáculo para qualquer negociação de paz.
Desde a vitória do Hamas, Israel impôs um bloqueio à Faixa de Gaza. O objetivo do bloqueio é evitar que material bélico seja contrabandeado para organizações terroristas que controlam Gaza.
Israel frequentemente fecha as fronteiras de Gaza em retaliação aos misseis lançados pelo Hamas e por outros grupos terroristas que nela habitam. Vale lembrar que Gaza também faz fronteira com o Egito. Assim como Israel, o governo egípcio impôs um bloqueio à Gaza e frequentemente fecha as fronteiras por motivos de segurança.
Desde a retirada de Gaza, Israel já lutou várias guerras nesse território. Durante os anos 2006-2016, mais de 11 mil misseis foram lançados de Gaza contra Israel. Quando as sirenes em Israel detectam que um míssil de Gaza adentrou território israelense, é disparada uma sirene e meio milhão de israelenses têm menos de 60 segundos para achar um refúgio. Muitos desses misseis são de produção caseira e são lançados por diversas facções terroristas que operam em Gaza.
O exército israelense frequentemente bombardeia Gaza em resposta ao lançamento de mísseis. Os alvos dos bombardeios israelenses costumam ser tanto as fábricas onde são construídos os mísseis como os locais de onde são disparados.
Nos anos de 2008, 2012 e 2014, Israel lançou operações militares dentro de Gaza. O objetivo de todas essas operações era destruir arsenais de mísseis e túneis que eram cavados para que facções terroristas pudessem adentrar Israel e cometer ataques terroristas.
Gaza possui uma população de aproximadamente 2 milhões de pessoas, que vivem em uma área de apenas 160 km2. Isso significa uma das maiores densidades populacionais no mundo. A grande maioria da população, 80% dos habitantes, vive na pobreza, e 40% vive abaixo da linha de extrema pobreza. A Faixa de Gaza possui somente uma usina elétrica. A população tem acesso a apenas algumas horas de eletricidade por dia e tem acesso limitado a bens, combustível, etc.
O Hamas foi fundado em 1988, como um grupo militante. O Hamas abertamente clama pela destruição de Israel e promove atentados terroristas. Financiado por alguns de seus fundadores, a maior parte de seus recursos vêm do exterior, fora dos territórios palestinos. O Hamas é considerado uma organização terrorista pela União Europeia e pelos Estados Unidos.
Israel e Estados Unidos se recusam a dialogar com o Hamas enquanto esta organização não reconhecer a existência de Israel, renunciar à violência e aceitar o "Mapa de Caminho", patrocinado pelos Estados Unidos, União Europeia (UE), Rússia e ONU.
A Paz e a Solução de Dois Estados
A maioria dos cientistas políticos acredita que a única forma de solucionar o conflito entre Israel e os palestinos é a criação de um Estado Palestino. De fato, em setembro de 2011, o atual presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, discursou na ONU e pediu para que a organização reconhecesse o Estado Palestino.
O caminho em direção à criação de um estado palestino é repleto de obstáculos, pois grandes questões referentes ao seu estabelecimento permanecem sem solução aparente.
Do ponto de vista da Polemologia (a ciência que estuda a guerra), o confronto entre árabes e israelenses, além de aspectos econômicos, sociais e políticos, apresenta uma dimensão simbólica que complica as tentativas de paz. Os territórios disputados têm grande valor histórico e religioso para judeus e árabes.
Um dos maiores empecilhos para se firmar a paz entre judeus e palestinos é o status da cidade de Jerusalém. Os palestinos exigem que essa cidade seja a capital de seu futuro estado. Tanto o atual governo de Israel como a grande maioria da população israelense se opõem a abrir mão de qualquer parte de Jerusalém.

Vista panorâmica para a cidade velha de Jerusalém
Outro grande obstáculo para se chegar a um acordo de paz é que os líderes palestinos exigem que os refugiados árabes possam retornar a Israel, de onde fugiram quando foi fundado o Estado. O governo de Israel descarta essa possibilidade, pois um grande influxo de refugiados árabes mudaria a composição da população israelense.
O governo de Israel também afirma que não aceitará um acordo de paz que não solucione os problemas de segurança do Estado Judeu. Israel é um país cujo território é pequeno e um míssil disparado por um Estado vizinho pode atingir os aeroportos e os grandes centros urbanos israelenses.
Tanto Israel como a Autoridade Palestina de Mahmoud Abbas se opõem ao Hamas, que controla a Faixa de Gaza. Abbas exige que o Hamas se sujeite à sua liderança e autoridade. Já Israel afirma que para que haja um tratado de paz com os palestinos, é necessário que o Hamas reconheça a legitimidade do Estado Judeu. Contudo, o Hamas e outras organizações terroristas palestinas, como o Jihad Islâmico, pregam a destruição do Estado de Israel. Essas organizações têm interesse em sabotar a reconciliação entre judeus e árabes e frequentemente promovem atentados terroristas.
Percebe-se, portanto, que o conflito entre Israel e os palestinos é multidimensional. Há fatores territoriais, políticos, nacionalistas, demográficos e religiosos que dificultam um verdadeiro acordo de paz.

OS CURDOS

Em 1918, quando foi desmembrado o Império turco-otomano, formaram-se novos países, como a República da Turquia, o Iraque e o Irã. A partir de então, a etnia curda passou a ser reprimida, sem direito a constituir um país independente. Os curdos habitavam uma região rica em petróleo e, por esse motivo, bastante disputada. Desde essa época, o povo curdo vive sob ocupação estrangeira.
A questão curda é um dos maiores problemas humanos e geopolíticos do Oriente Médio. Os curdos, constituindo uma população de 30 milhões de pessoas, são a maior nação do mundo sem um Estado nacional próprio. A maioria dos curdos são muçulmanos sunitas.
Curdistão, a região habitada pelos curdos, abrange partes do leste da Turquia, do nordeste do Iraque, do noroeste do Irã, e, em menor escala, de partes do nordeste da Síria e da Armênia. A nação curda está dispersa por vários países, sendo que nenhum desses está disposto a ceder territórios para a criação de um Estado curdo independente. Os curdos têm sido perseguidos nos países em que vivem; porém, a nação curda tem um histórico de lutar contra nações que tentam subjugá-la.
Após o estabelecimento da República Islâmica do Irã. (1979), o governo iraniano iniciou uma campanha sangrenta contra seus habitantes curdos e passou a assassinar líderes curdos.
No Iraque, os curdos constituem a minoria mais numerosa dentro do país, representando cerca de 20% da população. A maior parte habita o norte do Iraque, onde são maioria nessa região iraquiana. Durante a Guerra Irã-Iraque (1980-88) os iraquianos atacaram os curdos, chegando até a usar armas químicas, em 1988, contra a população civil curda. Os ataques eram em represália à resistência curda. As forças iraquianas executavam o maior número de homens curdos possível. Num único ano, 1988, tropas iraquianas mataram 200.000 curdos.
Hoje há aproximadamente 30 milhões de curdos. Metade vive na Turquia representando 20% da população turca. Na Turquia foi organizado um movimento separatista sob a liderança do Partido Trabalhista do Curdistão (PKK). O PKK organizou ataques terroristas em Istambul e em outras cidades do país, o que provocou uma forte retaliação do exército turco.
Na Turquia, quase 14 milhões de curdos estão proibidos, sob pena de prisão, de falar a língua curda ou de se descrever como curdos. Os curdos são oficialmente chamados de "Turcos das Montanhas".
As forças curdas ajudaram a coalizão internacional, liderada pelos Estados Unidos, que invadiu o Iraque em 2003. Os curdos se juntaram às tropas norte-americanas e britânicas para capturar as cidades de Kirkuk e Mosul, tradicionalmente habitadas pela população curda do Iraque. Após o ditador iraquiano, Saddam Hussein, ter sido deposto, foi dado aos curdos iraquianos um poder limitado de veto sobre mudanças na nova Constituição iraquiana de 2004; isto foi considerado inaceitável pelos xiitas iraquianos.
As dificuldades para a criação de um Estado nacional curdo são tantas que a tendência é que o "status quo" seja mantido. Resta saber se os curdos iraquianos vão se conformar em renunciar à independência agora que o regime de Saddam Hussein, que os perseguiu implacavelmente, caiu.
Os curdos atualmente se fazem representar no novo parlamento iraquiano, juntamente com os sunitas e xiitas.
A comunidade internacional reluta em apoiar a fundação de um Estado nacional independente curdo, pois isto poderia causar instabilidade numa região do mundo já turbulenta. Sem dúvida, a emergência de um país curdo afetaria outros países do Oriente Médio, entre eles, a Turquia, que é considerada um importante aliado dos Estados Unidos e do Ocidente.
Os Curdos contra o Estado Islâmico
Os curdos exercem um papel fundamental na luta contra o Estado Islâmico (EI ou ISIS) no Iraque e na Síria.
No decorrer da guerra, o Estados Islâmico atacou regiões curdas. O governo da região semiautônoma enviou seus soldados, conhecidos como os peshmerga (guerrilheiros curdos), para proteger suas cidades. Com o apoio das forças aliadas, os peshmergas conseguiram conter o avanço do Estado Islâmico em seu território e retomar várias cidades.

Soldado curdo (peshmerga) permanece em guarda em Arbil, Iraque, Curdistão.
Parte do exército dos peshmerga é composto por mulheres. As tropas femininas, que lutam na frente de batalha, aterrorizam o Estado Islâmico, pois os integrantes desse grupo extremista acreditam que se um soldado for morto por uma mulher, não poderá adentrar o “paraíso”.
Vale ressaltar que as mulheres sofreram terríveis atrocidades perpetradas pelo Estado Islâmico. Foram sujeitas à tortura e a estupros e são tratadas pelos integrantes da organização como escravas sexuais.
Os curdos têm sido um grande aliado na luta contra o EI. Os Estados Unidos os consideram um dos poucos parceiros eficazes na guerra civil que ocorre presentemente na Síria.
Os Curdos na Síria
Os curdos representam cerca de 10% da população da Síria. Há décadas que os curdos sírios têm seus direitos negados e centenas de milhares deles tiveram a cidadania negada.
Antes da Guerra Civil na Síria, a maioria dos curdos sírios vivia em cidades como Damasco e Alepo ou em três enclaves ao norte do país.
No início do conflito, os partidos políticos curdos evitaram se posicionar. Em 2012, as forças do governo deixaram o norte da Síria para se concentrar na luta contra rebeldes em outras partes do país. Os grupos curdos tomaram o controle de seus três enclaves ao norte do país e passaram a combater o Estado Islâmico.
Em janeiro de 2014, os partidos curdos se reuniram para declarar a criação de um governo democrático autônomo. A liderança curda declarou que não está buscando independência da Síria, mas sim, uma administração local dentro da federação.
O líder curdo, Salih Muslim, reitera que qualquer acordo de paz na Síria deve incluir a garantia de direitos e de autonomia dos curdos sírios.
Curdos no Iraque
Os curdos no Iraque representam cerca de 20% da população. Historicamente, os curdos no Iraque sofreram abusos terríveis, tendo sido perseguidos pelo governo de Saddam Hussein.
Depois que o Estado Islâmico capturou uma grande parte do norte do Iraque em 2014, a liderança curda enviou os peshmergas para lutar e libertar as áreas curdas.

Vista de Alqosh, Curdistão iraquiano
Os Curdos na Turquia
O governo turco lançou uma “guerra ao terrorismo” simultaneamente contra o Partido Trabalhista do Curdistão (PKK) – grupo insurgente curdo – e contra o Estado Islâmico. Contudo, o PKK constitui uma força curda que tem sido muito eficaz e de importância fundamental na luta contra o Estado Islâmico.
O exército turco bombardeou milhares de pessoas no sudeste da Turquia e em campos do PKK no norte do Iraque e no norte da Síria.
O PKK é o maior aliado do Ocidente na luta contra o Estado Islâmico. As Nações Unidas, os Estados Unidos e a União Europeia têm pedido para a Turquia cessar os bombardeios contra os curdos.

PRIMAVERA ÁRABE 

Primavera Árabe foi marcada por ondas de revoluções e protestos pró-democracia que se espalharam por diversos países árabes do norte da África e do Oriente Médio. O termo Primavera Árabe representava um desejo de que a população árabe do Oriente deixasse de ser oprimida e explorada por seus governantes. A Primeira Árabe visou a ser um movimento em prol da democracia, da liberdade e da justiça. O movimento, desprovido de conotações religiosas, foi marcado pela presença de lideranças jovens que se revoltaram contra regimes autoritários.
A Primavera Árabe se iniciou com manifestações na Tunísia, país do norte da África, em dezembro de 2010, depois que um vendedor de rua, Mohamed Bouazizi, de 27 anos, ateou fogo ao próprio corpo, em um ato de protesto contra o despotismo do governo e contra as péssimas condições de vida no país. O ato de Mohamed Bouazizi foi o estopim dos levantes que se seguiram pelos países da região: Egito, Líbia, Síria, Iêmen, Bahrein, Marrocos, Argélia, Jordânia e Sudão.
As reações dos governos onde ocorreram tais manifestações – e as consequências desses levantes populares – foram diversas. Alguns regimes ditatoriais foram destituídos, alguns governos rapidamente adotaram medidas mais democráticas e alguns países árabes conseguiram reprimir os protestos.  Na Síria, manifestações que se iniciaram de forma pacífica se transformaram em uma guerra civil, que já resultou em quase 200.000 mortos.
O ano de 2011 trouxe grandes mudanças para o mundo árabe. A Tunísia, o Egito, a Líbia e o Iêmen conseguiram derrubar regimes que estavam no poder há décadas. Em janeiro de 2011, Ben Ali foi deposto na Tunísia; em fevereiro, Hosni Mubarak renunciou o poder no Egito; em outubro, Muamar Kadafi morreu baleado na Líbia, tendo sido executado por rebeldes líbios; e em novembro, o líder do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, renunciou depois de 33 anos no poder.
Já se passaram alguns anos desde o início da Primavera Árabe. O movimento que deveria trazer democracia ao Oriente Médio gerou conflitos e guerras. O termo "Primavera Árabe" remete a experiências desastrosas em alguns países, levando alguns analistas a mudar a expressão para o "Inverno Árabe Prolongado". 
A Tunísia
Em 17 de dezembro de 2010, um fiscal de impostos do governo tunisiano apreendeu os legumes de Mohamed Bouazizi. Este pediu que a mercadoria fosse devolvida. Em vez de devolver a mercadoria, o fiscal deu um tapa no rosto do jovem vendedor. Tendo sido humilhado, Bouazizi se imolou. Ele morreu alguns dias mais tarde.
A morte de Mohamed Bouazizi foi o estopim de uma onda de manifestações na Tunísia. Estas protestavam os altos preços de alimentos, o desemprego, que havia atingido níveis alarmantes, a corrupção e a falta de direitos civis. Os manifestantes exigiam uma qualidade de vida melhor. A população também clamava pela renúncia do presidente Zine al-Abidine Ben Ali, que estava no poder há 23 anos.
Cerca de 300 pessoas foram mortas durante os protestos. Em janeiro de 2011, Ben Ali foi forçado a renunciar. Ele fugiu para a Arábia Saudita e foi sentenciado, na sua ausência, à prisão perpétua.
Após a queda de seu presidente, a Tunísia encontrou certa estabilidade em relação aos países vizinhos. Em outubro de 2011, realizaram-se as primeiras eleições democráticas na história do país. O partido moderado islâmico Al-Nahda venceu as eleições com 41% dos votos. No início de dezembro, o país aprovou uma nova Constituição e Moncef Marzouki, do partido Islamist Al-Nahda se tornou presidente.
Em outubro de 2014, houve novas eleições – a segunda eleição parlamentar democrática desde a queda de Ben Ali. As novas eleições fecharam o ciclo da transição democrática em um país que teve o privilégio de dar início à Primavera Árabe. O país conseguiu administrar a Primavera Árabe de forma responsável: um partido islamita chegou ao poder, mas foi posteriormente derrotado por meios democráticos. O partido vencedor foi o Nida Tunis ("O Chamado da Tunísia"), que inclui candidatos ligados ao regime de Ben Ali e que defende a separação entre política e religião.
A Tunísia foi um caso de sucesso na Primavera Árabe. Contudo, ainda enfrenta grandes desafios.  A economia do país permanece frágil. Além disso, muitos jovens tunisianos se juntaram ao Estado Islâmico (EI), tanto na Síria como no Iraque. O fato da sociedade tunisiana estar gerando tantos jovens radicais é uma ameaça aos avanços que o país conquistou.
No Egito
O Egito foi o segundo país árabe a derrubar seu ditador durante a Primavera Árabe. Com efeito, o país destituiu não apenas um, mas dois presidentes desde o início de tal movimento. 
No dia 25 de janeiro de 2011, a população egípcia – inspirada pelo levante que derrubou o regime do ditador da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali – tomou as ruas do país para protestar contra o regime de seu presidente, Hosni Mubarak. Este, que sucedeu Anuar el-Sadat – que fora assassinado pela Irmandade Muçulmana em outubro de 1981 – estava no poder há 30 anos e era aliado dos Estados Unidos. As manifestações no Egito foram convocadas por vários meios, inclusive por sites de mídia social, como o Facebook e o Twitter, apesar de o governo egípcio ter cortado a rede de celulares e bloqueado o Twitter. “Abaixo Hosni Mubarak”, gritavam os manifestantes em frente a um complexo judicial no centro da capital.
Os protestos contra o presidente egípcio se iniciaram de forma pacífica, mas a situação se tornou violenta a partir do momento em que os policiais egípcios passaram a utilizaram gás lacrimogêneo, canhões de água e até golpes de cassetete. Os manifestantes revidaram: atiraram pedras e garrafas nos policiais e invadiram veículos usados pela polícia. Muitas pessoas morreram.
Os protestos contra o governo de Mubarak duraram vários dias e chegaram a contar com a participação de cerca de um milhão de egípcios. Assim como na Tunísia, o povo egípcio protestava contra a falta de liberdade, a repressão, o desemprego, a pobreza e a corrupção.
Dezoito dias de protesto forçaram Mubarak a renunciar. A renúncia ocorreu em fevereiro de 2011. O ditador egípcio foi julgado e condenado por ter sido cúmplice na morte de 846 pessoas durante o levante. Contudo, o veredito foi posteriormente anulado. Mubarak, que continua preso, aguarda um novo julgamento.
Em junho de 2012, Mohammed Morsi, membro da Irmandade Muçulmana e líder do “Partido da Liberdade e da Justiça” foi democraticamente eleito, tornando-se presidente do Egito. O objetivo da Irmandade Muçulmana era o de substituir as leis seculares pelas leis islâmicas. A Irmandade Muçulmana havia sido banida no Egito em 1954, quando teve início o regime militar no país. Com a queda de Mubarak, a organização não apenas saiu da ilegalidade, mas tomou o poder no Egito.
Contudo, a presidência de Morsi não durou muito. Ele ficou no poder até julho de 2013, tendo sido deposto pelas forças armadas egípcias. Apesar de ele ter sido eleito, grandes manifestações foram realizadas no país para exigir a sua remoção do poder. O povo egípcio estava profundamente insatisfeito com o governo de Morsi: com a Irmandade Muçulmana à frente do governo, o país sofreu uma crescente influência islâmica nas políticas públicas. Além disso, a economia egípcia entrou em colapso, a democracia e o direito à livre expressão foram restringidos e a criminalidade, especialmente a violência contra mulheres, aumentou exponencialmente.
Durante o breve regime de Mohamed Morsi, o Egito elaborou uma Constituição considerada pró-Islã. O novo presidente, que deveria representar um Egito democrático, publicou um decreto concedendo a si mesmo amplos poderes. As ações de Morsi despertaram o temor em grupos seculares e na minoria cristã de que o país estava se tornando uma teocracia governada por fundamentalistas islâmicos. Milhões de egípcios foram às ruas protestar.
Morsi foi derrubado pelas forças armadas, sob comando do atual presidente, Abdel Fattah al-Sisi. As imensas manifestações populares de grupos contrários à interferência religiosa na política levaram as forças armadas a derrubar Morsi. Este é mantido preso desde sua deposição.
Irmandade Muçulmana
Fundada no Egito em 1928, a Irmandade Muçulmana é um grupo político e religioso de caráter fundamentalista. O movimento, que atua em cerca de 70 países no Oriente Médio, na Ásia e na África, luta pela adoção da Sharia(Lei Islâmica) nos estados árabes. Isso significa que o objetivo central da Irmandade Muçulmana é que a religião islâmica sirva não apenas para determinar a vida cotidiana do povo, mas também como a fonte das leis do Estado.
A Irmandade Muçulmana também objetiva criar um califado, isto é, unificar os países de população muçulmana em um único país.
Muitos analistas afirmam que a Irmandade Muçulmana é a precursora do islamismo militante moderno, pois essa organização tem origem na mesma seita islâmica radical wahabita, sunita, que é a base da sociedade da Arábia Saudita e que inspirou a milícia islâmica do Talibã (que atua no Afeganistão e Paquistão) e a rede terrorista Al-Qaeda.
A derrubada do presidente egípcio Mohammed Morsi, que pertence à Irmandade Muçulmana, pode significar uma perda de poder para o movimento nos demais países onde atua.
Em setembro de 2013, a Irmandade Muçulmana foi novamente banida no Egito. Em agosto de 2014, a justiça do Egito dissolveu o PLJ (“Partido da Liberdade e da Justiça”, criado em 2011), braço político da Irmandade Muçulmana.
Após a queda de Morsi, um governo interino foi formado e uma nova Constituição foi redigida. Em seguida, as forças de segurança lançaram uma ofensiva contra a Irmandade Muçulmana. Mataram quase 1000 pessoas durante dois atos pró-Morsi.

Fonte: Getty Images
Abdel Fattah al-Sisi, ex-comandante do exército e Ministro da Defesa durante o governo interino, é visto como homem forte do Egito. Em 2014, Al-Sisi concorreu e venceu a eleição presidencial, obtendo 96,9% dos votos. Ele tomou posse em junho.
Desde sua posse, o Egito avançou, política e militarmente, e a situação política do país se estabilizou. Contudo, a ascensão ao poder do presidente Al-Sisi foi controversa. Milhares de partidários da Irmandade Muçulmana foram presos desde que ele assumiu a liderança do país. O novo governo do Egito impôs restrições ao direito de protesto, à mídia, a organizações não governamentais e a grupos em prol dos direitos humanos.
Alguns críticos afirmam que o novo regime egípcio é tão repressivo quanto o governo ditatorial de Hosni Mubarak.
A Líbia      
Após a queda de Ben Ali na Tunísia e de Mubarak no Egito, a pressão para que Muamar Kadafi, ditador da Líbia desde 1969, deixasse o poder, aumentou.
A revolta na Líbia se iniciou em fevereiro de 2011, após as forças de segurança abrirem fogo contra pessoas protestando na cidade oriental de Benghazi. Em seguida, manifestações contra o governo entraram em erupção em outras cidades do país até chegar à Trípoli. As manifestações se tornaram uma revolta armada cujo objetivo era a derrubada de Muamar Kadafi.
O país se envolveu em uma violenta guerra civil entre os rebeldes e as forças do governo. Em março de 2011, as forças da OTAN, junto com diversos países árabes, se envolveram no conflito, auxiliando os rebeldes: bombardearam o território líbio e impuseram uma zona de exclusão aérea.
Os rebeldes avançaram lentamente sobre as cidades ainda dominadas pelo regime de Kadafi. Trípoli, a capital da Líbia, caiu em agosto, após seis meses de conflito armado e milhares de mortos.
Após 42 anos no poder, em outubro de 2011, Muamar Kadafi, que havia fugido, foi encontrado, escondido em um buraco de esgoto em Sirte, sua cidade natal. Ele foi capturado e morto.
As milícias armadas impõem sua lei na Líbia. Cerca de 300 milícias lutam entre si, disputando o controle de diferentes cidades e províncias. Quando há protestos populares exigindo a saída das milícias, estas retaliam violentamente contra o povo. Há muita tensão e violência no país devido às disputas tribais e étnicas.
O ditador Muamar Kadafi não mais oprime e aterroriza o povo líbio, mas a Primavera Árabe nunca chegou à Líbia. O país afunda cada vez mais no caos e corre o risco de ser tomado por grupos terroristas internacionais.

O ESTADO ISLÂMICO E A GUERRA CIVIL NA SÍRIA

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o Oriente Médio tem sido uma região de conflitos e guerras – entre árabes e israelenses, muçulmanos e cristãos, xiitas e sunitas – e uma fonte de terrorismo internacional.
Apesar de a maioria dos países do Oriente Médio compartilhar a mesma língua, as diferenças culturais e religiosas entre os povos que habitam essa região turbulenta são uma constante fonte de conflitos. Mesmo entre os árabes há divisões – por exemplo, entre sunitas e xiitas.
Alguns países árabes são governados por um governo secular (não religioso). Já outros são governados de acordo com a lei islâmica. Alguns países do Oriente Médio são monarquias conservadoras, enquanto outros são regidos por presidentes e primeiros-ministros.
Para entender os conflitos na Síria e no Iraque, é fundamental conhecer as divisões étnicas religiosas da região.
Etnias e Religiões
O atual conflito no Oriente Médio se deve, em grande parte, ao antagonismo histórico entre sunitas e xiitas. Os sunitas representam o grupo majoritário da religião islâmica: aproximadamente 85% de todos os muçulmanos são sunitas e apenas 15% são xiitas. Os sunitas a maioria da população nos países árabes, com exceção de Iraque, Líbano e Bahrain. Os xiitas, apesar de constituir uma minoria entre os muçulmanos, nunca abriram mão do desejo de se tornarem os líderes do mundo islamismo.
Outro grupo muçulmano de destaque no Oriente Médio é o povo curdo. Os curdos, que constituem uma população de 30 milhões de pessoas, são a maior nação do mundo sem um Estado nacional próprio. A maioria dos curdos é muçulmana sunita (o restante dos curdos segue a religião yazidi). É importante ressaltar que o que mais pesa na identidade de quase todos os curdos é a etnia curda, não a religião.
Curdistão, região habitada pelos curdos, abrange partes do leste da Turquia, do nordeste do Iraque, do noroeste do Irã, e, em menor escala, de partes do nordeste da Síria e da Armênia.
Os cristãos são uma minoria no Oriente Médio. Representam aproximadamente 4% da população no Iraque, 10% na Síria e 40% no Líbano. É importante saber que os cristãos do Iraque, diferentemente dos que vivem no Líbano e na Síria, não são árabes. São assírios e armênios.
O Iraque
A população iraquiana é segmentada por diversas etnias: árabes, curdos e minorias armênia, turcomana e assíria. No âmbito religioso, há sunitas e xiitas e minorias cristãs e yazidis.
Durante muitos anos, o Iraque foi governado pelo ditador Saddam Hussein, que subiu ao poder em 1979. Esse ditador era sunita e, ao tomar o poder, causou com a elite do país passasse a ser sunita. Os xiitas, que constituíam a maioria da população no país, viviam na pobreza e eram oprimidos pelo governo. Os curdos, que representavam 21% da população do Iraque, nem sequer eram representados pelo governo e viviam em um conflito quase contínuo com o regime ditatorial de Saddam Hussein. Este líder genocida utilizou até armas químicas para erradicar os curdos do Iraque.
Em 2003, os Estados Unidos, sob a liderança do presidente George W. Bush, invadiram o Iraque e depuserem Saddam Hussein, que foi capturado, condenado à morte por um tribunal e enforcado. Mas na ausência do ditador iraquiano, iniciou-se uma guerra civil entre os sunitas e os xiitas do país. Os curdos, apesar de serem quase todos sunitas, apoiaram os xiitas, pois foram muito perseguidos e massacrados pelo governo sunita de Saddam Hussein. Após a queda de Saddam Hussein, os xiitas se aliaram aos curdos para criar uma nova Constituição, que excluía os sunitas.
Os sunitas, que até então representavam a elite do Iraque, foram tirados do poder e alienados pelo novo governo. Decidiram, portanto, lutar contra as forças norte-americanas presentes em solo iraquiano e contra o novo governo do Iraque. Os sunitas iraquianos afirmavam que os xiitas, apoiados pelos Estados Unidos e pelo Irã, objetivavam fazer com que o Iraque se tornasse uma teocracia absolutista, como o Irã. Inegavelmente, o Irã, um país quase inteiramente xiita, ajudava os xiitas do Iraque em sua guerra contra os sunitas.
Os sunitas se consideram alvo de perseguição do Iraque desde que os Estados Unidos invadiram o país. As forças sunitas iraquianas eram constituídas tanto por grupos seculares ligados a Saddam Hussein como por facções ligadas à organização terrorista Al Qaeda (que perpetrou o ataque às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001), até então inexistente em território iraquiano.
Os países árabes, que são predominantemente sunitas, apoiam e sustentam os sunitas que lutam contra os xiitas no Iraque.
No final de 2010, o presidente norte-americano, Barack Obama, que sucedeu George W. Bush, retirou as tropas norte-americanas do Iraque e declarou que a missão dos Estados Unidos em território iraquiano havia sido encerrada.
EI, EIIL ou ISIS
O Estado Islâmico (EI) nasceu no Iraque em 2004. Esse grupo islâmico extremista surgiu como um braço do grupo terrorista Al-Queda. Contudo, devido aos métodos violentos empregados e às atrocidades cometidas pelo EI, essa organização passou a ser considerada radical pelo próprio Al Queda. Houve uma ruptura: o EI se tornou uma organização independente. O EI é liderado por Abu Bakr al-Baghdadi, que está à frente dessa organização terrorista desde 2010.
Até recentemente, o grupo era conhecido como Estado Islâmico do Iraque e Levante (EIIL, ou ISIS, em inglês), pois o grupo controla partes do Iraque e da Síria (também chamada de Levante). O grupo alterou sua denominação para Estado Islâmico (EI), pois seu líder, Al Baghdadi, não deseja apenas conquistar a Síria e o Iraque. O grupo ambicionar tomar outros países árabes, como a Jordânia e a Arábia Saudita.
O objetivo do EI era de criar um califado: eliminar as fronteiras nacionais entre os países árabes e criar um único Estado, governado por um líder político e religioso e regido pela lei islâmica, a Sharia.
O EI, além de extremamente violento e cruel, era muito bem armado e contava com um enorme poderio econômico. O grupo é financiado por sunitas radicais. O EI, que conquistou e controlou campos de exploração de petróleo e gás no Iraque, vendia fontes energéticas no mercado negro a preços mais baixos que os de mercado. Estimava-se que o EI faturava de um a três milhões de dólares ao dia com a venda de petróleo. Paralelamente, o EI obtinha recursos financeiros por meio de sequestros, roubos a bancos e contrabando, inclusive o de objetos arqueológicos. O grupo também instituiu um sistema de impostos em áreas conquistadas. O objetivo era utilizar essa enorme receita para financiar e expandir a organização e construir o califado.
O EI utilizava a enorme quantia de dinheiro que adquiria para comprar armas e para pagar altos salários para seus combatentes. Além disso, o grupo havia apreendido grandes quantidades de armas do Exército iraquiano. O EI também contrabandeava armas da Líbia – onde os rebeldes líbios foram armados pela OTAN – e de grupos rebeldes da Síria, que foram armados pelo Ocidente e por países do Golfo.
O EI considera que os xiitas, que constituem a maioria da população iraquiana, são infiéis que merecem ser mortos. Ao mesmo tempo, afirmam que os cristãos têm de se converter ao Islã, pagar uma taxa religiosa ou serem executados.
O grupo persegue ativamente os “infiéis”. Por exemplo, durante o “califado”, no Iraque, o EI fez um cerco, massacrou e capturou milhares de cristãs yazidis. O destino das mulheres capturadas pelo EI é sempre terrível: aquelas que cedem às pressões pela conversão ao islamismo podem ser vendidas como esposas. Já as que recusam a se converter ao islamismo são executadas ou mantidas como escravas sexuais.
O EI é uma organização sanguinária e cruel que pratica atos de barbárie: crucifica minorias religiosas, decapita jornalistas, escraviza pessoas, estupra mulheres, meninas e meninos, mata crianças e organiza, incentiva e pratica atos de terrorismo pelo mundo. Em sua estratégia de expansão, o EI utilizava a barbárie – decapitações, crucificações, crimes sexuais e execuções sumárias – como arma de propaganda. Dessa forma, aterrorizava os inimigos e garantia a obediência das populações das cidades conquistadas. Ao mesmo tempo, recrutava mais e mais pessoas, particularmente radicais sunitas – recém-convertidos ou não, de diversas nacionalidades.
O EI recruta pessoas que desejem lutar pelo califado ou praticarem atos de terrorismo. Há pessoas, homens e mulheres, inclusive dos Estados Unidos e da Europa, que se juntaram a esse grupo terrorista. Muitas dessas pessoas nem sequer falam árabe: são ocidentais, de origem islâmica ou não. Esse fenômeno fez com que os países ocidentais lançassem ofensivas em seus territórios para evitar que seus cidadãos conseguissem chegar até a fronteira da Turquia com a Síria, que é o principal portal para o EI. Com a perda territorial, o foco se volta para que essas pessoas radicalizadas cometam atos de terrorismo dentro de seus países.
O Estado Islâmico utiliza a Internet – promove uma agressiva estratégia nas redes sociais – para ganhar aderentes de todas as idades e origens. Há membros do EI que são especialistas em recrutar combatentes em países ocidentais, como os Estados e a França. A organização até publica uma revista em inglês e francês.
Uma das maiores ameaças aos países ocidentais, como os Estados Unidos, a França e a Inglaterra, é a possibilidade de que os estrangeiros que adentraram o Estado Islâmico retornem aos seus países para perpetrar ataques terroristas.
Outra grande ameaça aos países ocidentais é que os próprios cidadãos, dentro de seus próprios países, se radicalizem e cometam atentados terroristas – como “lobos solitários” ou a serviço do EI ou de outros grupos fundamentalistas.
O termo “lobo solitário” se refere àquele que comete um atentado terrorista sem ter havido planejamento coletivo ou assistência de um grupo terrorista. O “lobo solitário” é incentivado e inspirado pela propaganda terrorista. Atos de terrorismo promovidos por “lobos solitários” são muito difíceis de prevenir, pois costumam ser espontâneos.
O avanço do Estado Islâmico
O EI capturou territórios no Iraque e na Síria. O califado atingiu o auge durante os anos 2014 a 2017. O mapa abaixo exibe a extensão do território conquistado e controlado pelo EI até 2017.

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/subcultura-jihadista-engrossa-fileiras-do-terror-do-estado-islamico
Apesar de ter surgido no Iraque, o Estado Islâmico se fortaleceu durante a guerra civil na Síria. O EI é um dos vários grupos armados sunitas que lutam na guerra civil desse país contra o regime de Bashar al-Assad.
Enquanto os Estados Unidos permaneciam no Iraque, o crescimento do EI no país era limitado. Contudo, a retirada das tropas norte-americanas do Iraque eliminou a resistência à entrada do Estado Islâmico nos territórios majoritariamente sunitas do oeste do país, próximos da fronteira com o território sírio.
Em 2014, o Estado Islâmico (EI) passou a tomar importantes cidades do Iraque e anunciou que pretendia tomar a capital do país, Bagdá. O avanço dos rebeldes causou reação internacional: os Estados Unidos e seus aliados decidiram retornar ao Iraque e bombardear os combater os militantes do EI para conter o crescimento e a expansão da organização.
Uma coalizão liderada pelos Estados Unidos e formada por mais de 40 países se mobilizou para destruir o Estado Islâmico (EI). Contudo, o governo dos Estados Unidos declarou repetidamente que soldados norte-americanos não voltariam a lutar em solo iraquiano.
A estratégia dos Estados Unidos e da coalizão para derrotar o Estado Islâmico consiste em bombardeios, apoio aos Peshmerga (guerrilheiros curdos) e a formação de um governo iraquiano que inclua a presença de sunitas, curdos e cristãos, diferenciando-se do governo anterior, que era controlado por xiitas. Com os sunitas no Iraque fazendo parte do novo governo e, portanto, se sentindo representados, as forças armadas do Iraque, com apoio dos Estados Unidos, enfrentaram menos resistência nas áreas controladas pelo Estado Islâmico e obtiveram apoio dos líderes tribais.
O Estado Islâmico chegou a controlar 40% do território iraquiano. O exército do Iraque, com o apoio de seus aliados, conseguiu libertar os territórios que estavam sob o controle do EI. Em dezembro em 2017, o governo iraquiano declarou que havia vencido a guerra contra o EI.
Combater o Estado Islâmico na Síria é um desafio mais complexo do que fazê-lo no Iraque, pois lutar contra o EI na Síria significa perseverar o atual ditador do país, Bashar al-Assad – considerado um criminoso de guerra pelo Ocidente.

O IRÃ - AMBIÇÕES NUCLEARES IRANIANAS

O Início do Fundamentalismo do Irã
Durante a Segunda Guerra Mundial,  o líder iraniano Reza Xá Pahlavi recusou-se a apoiar os Aliados na Segunda Guerra Mundial. Em 1941, ele foi forçado por tropas britânicas e soviéticas a abdicar o trono. O controle do Irã foi passado para seu filho, Mohammad Reza Pahlavi, que apoiava os Aliados.
Na década de 1950, o novo xá tornou sua prioridade máxima a criação de um Irã moderno e industrializado. Contudo, suas políticas rompiam com antigas tradições iranianas. Ele dividiu grandes propriedades de terra e doou terras aos camponeses. Seu governo incentivou o uso de métodos modernos de agricultura. Em 1963, as mulheres receberam o direito de voto e de servir como membros do parlamento iraniano.
Os muçulmanos conservadores do Irã condenaram os atos do xá de modernizar o país e adotar costumes ocidentais. Eles exigiram a retomada dos costumes tradicionais islâmicos. Os liberais acusaram o xá de gastar bilhões em armamentos, enquanto muitos iranianos continuavam pobres. Eles também o criticaram por sua política severa em relação a seus opositores políticos. Como o xá não permitia uma oposição política, mais e mais iranianos uniam-se aos grupos religiosos para expressar seu descontentamento com o governo.
A crescente violência política forçou o xá a deixar o Irã em 1979. O novo governo, chefiado pelo líder religioso xiita Aiatolá Ruhollah Khomeini afastou o Irã dos ideais do Ocidente e aproximou-o do fundamentalismo islâmico, instaurando um regime teocrático. Assim como o xá, contudo, Khomeini não permitiria qualquer oposição a seu governo; ele aprisionou e executou milhares de iranianos.
Em outubro de 1979, o xá viajou para os Estados Unidos para receber tratamento médico. No mês seguinte, uma multidão tomou a embaixada norte-americana na capital iraniana, Teerã. Eles exigiam que o xá retornasse ao país para ser julgado, mas o governo dos Estados Unidos recusou. Durante mais de um ano, o governo Khomeini recusou-se a libertar mais de 50 norte-americanos mantidos como reféns na embaixada. Irã e Estados Unidos tornaram-se inimigos durante esta época, e a tensão entre os dois países permaneceu por muito tempo, mesmo após a libertação dos reféns.
Seguindo a revolução islâmica no Irã, o fundamentalismo - um movimento para observância severa da lei religiosa - espalhou-se por muitos países islâmicos do Oriente Médio. Os fundamentalistas islâmicos acreditavam que a influência ocidental era prejudicial ao islamismo. Movimentos fundamentalistas irromperam em muitos países do Oriente Médio na década de 1980. Os grupos fundamentalistas também perpetraram atos de terrorismo contra Israel e contra o Ocidente, incluindo bombardeios, sequestros de pessoas e de aviões.
A Guerra Irã-Iraque
Em 1980, Saddam Hussein, o ditador do Iraque, ordenou a invasão do Irã. Hussein pretendia conquistar regiões disputadas nas fronteiras, além de ilhas no Golfo Pérsico. Ele também desejava proteger seu regime contra o fundamentalismo islâmico, liderado pelo governo Khomeini.
Temendo a expansão do fundamentalismo islâmico, a maioria dos estados árabes deu ao Iraque dinheiro e armamentos.
A guerra continuou até o final da década de 1980. Saddam Hussein tornou-se ainda mais notório por ordenar o uso de armas químicas de destruição em massa contra tropas iranianas.
Em 1988, Irã e Iraque, exaustos da terrível luta, concordaram em um cessar-fogo mediado pelas Nações Unidas. Os custos da guerra haviam sido tremendos: mais de um milhão de pessoas morreram, e valiosas fontes de petróleo haviam sido destruídas.
Um Irã Nuclear
O programa nuclear iraniano teve início na década de 1950, sob o xá Mohammed Reza Pahlavi, que fez um acordo com o governo norte-americano. Segundo o acordo, os Estados Unidos – que eram aliados do Irã na época – concordavam em fornecer um reator nuclear ao país visando a incentivar a pesquisa e à construção de uma usina nuclear.
Em 1968, o Irã assinou o Tratado de Não Proliferação Nuclear.
Tratado de Não Proliferação Nuclear
O Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares entrou em vigor em 1970. Atualmente, há 190 países que aderiram a ele. Ao assinar tal tratado, esses países se comprometeram a seguir certas regras: não podem desenvolver ou adquirir armas nucleares, mas podem fazer pesquisas nucleares e até mesmo produzir energia nuclear, contanto que seja para fins pacíficos. Contanto, mesmo as pesquisas nucleares precisam ser monitoradas por inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) – órgão das Nações Unidas sediada em Viena, Áustria.
O Brasil é um dos 190 países que assinou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.
O Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares de certa forma dividiu o mundo em dois: os países que possuem armas nucleares e os que não as possuem. O Tratado reconhece cinco países como sendo “Estados com armas nucleares” (EAN). Esses países são os Estados Unidos, a Rússia, o Reino Unido, a França e a China. Desde que o Tratado entrou em vigor, três países que não o assinaram, realizaram testes nucleares: Índia, Paquistão e Coreia do Norte.
Em 2005, o Conselho de Governadores da AIEA classificou o Irã como um país que não agia em conformidade com o TNP. O Conselho de Segurança das Nações Unidas impôs sanções contra o Irã devido à recusa do governo iraniano de suspender o enriquecimento de urânio não declarado.
Em 1979, com a queda do xá, os Estados Unidos pararam de fornecer material nuclear para o Irã e cancelam a construção de duas instalações nucleares. Já no final da década em 1970, os norte-americanos passaram a suspeitar que o governo iraniano ambicionava obter armas nucleares.
Em 1984, a guerra Irã-Iraque levou Teerã a retomar a questão nuclear. Acreditava-se que o Iraque de Saddam Hussein estava desenvolvendo um programa nuclear. Isso levou o Ayatolá Khomeini a reiniciar o programa iraniano.
Em 1996, as ambições nucleares iranianas levaram o presidente norte-americano Bill Clinton a impor sanções contra o regime de Teerã.
O conflito gerado pelo programa nuclear do Irã recomeça no final de 2002, quando uma emissora de televisão norte-americana divulgou fotos de duas instalações nucleares iranianas, até então desconhecidas: Arak e Natanz. Inicialmente, o governo iraniano aceitou as inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Em fevereiro de 2004, diferentes fontes afirmaram que o pai da bomba atômica paquistanesa, Abdul Qadeer Khan, havia entregado tecnologia nuclear ao Irã. Em novembro do mesmo ano, Alemanha, França e Reino Unido conseguiram que o Irã aceitasse suspender o enriquecimento de urânio. Porém, em abril de 2005, o Irã anunciou que colocaria em funcionamento a conversão de urânio na central de Isfahan. Em setembro do mesmo ano, a AIEA constatou que o Irã havia violado suas obrigações.
Eleito em 2005, o ex-presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, subiu ao poder liderando um governo extremamente conservador e nacionalista, considerado por muitos uma ameaça à paz internacional. Ahmadinejad promoveu o desenvolvimento de um programa nuclear em seu país.
O líder iraniano, como seus precursores desde a Revolução Islâmica ocorrida no país, defendeu a rejeição de valores ocidentais e a manutenção de um estado islâmico - teocrático e absolutista.

Presidente Ahmadinejad
Ahmadinejad mostrou-se profundamente antissemita: negando o Holocausto e declarando que o Estado de Israel deve ser "apagado do mapa".
A pretensão do Irã de Ahmadinejad de desenvolver um programa nuclear suscitou enormes apreensões por parte da comunidade internacional. O discurso de Ahmadinejad era assustador.
Durante vários anos, o Irã desafiou e refutou as recomendações da Agência Internacional de Energia Nuclear, violando o Tratado sobre Não Proliferação Nuclear (TNP). Em 2005, o Conselho de Governadores da AIEA classificou o Irã como um país que não agia em conformidade com o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. O Conselho de Segurança das Nações Unidas impôs sanções contra o Irã devido à recusa do governo iraniano de suspender o enriquecimento de urânio não declarado.
Foi a partir de 2006 que o conflito se agravou. Em fevereiro, o Irã anunciou que limitaria o acesso da AIEA e que retomaria seu programa de enriquecimento de urânio. Mahmud Ahmadinejad afirmou que o combustível produzido nas centrais iranianas tinha 3,5% de enriquecimento.
Em julho de 2006, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução exigindo que o Irã suspendesse as atividades de enriquecimento de urânio. O Conselho de Segurança deu um ultimato. Em resposta, Ahmadinejad declarou que o Irã continuaria a enriquecer urânio e que não se curvaria à pressão internacional.
Temendo uma possível guerra nuclear, no dia 23 de dezembro de 2006, os 15 membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovaram por unanimidade uma resolução proposta por países europeus impondo sanções contra o Irã até que o país suspendesse seu programa nuclear. A resolução, proposta por Alemanha, França e Reino Unido, proibiu todos os membros da ONU de fornecer ao Irã materiais e tecnologia que pudessem contribuir para seu programa nuclear. O governo iraniano reagiu à resolução da ONU ao classificá-la como "ilegal". O embaixador iraniano na ONU declarou que a resolução é "prova de que o Irã é tratado injustamente".
Nos anos seguintes, o programa nuclear iraniano avançou e mais sanções foram impostas contra o país. O Irã se encontrou isolado, sofrendo uma crise econômica e fortes pressões diplomáticas.
Em junho de 2013, Hassan Rouhani foi eleito o novo presidente do Irã. Rouhani sinalizou ao mundo e aos Estados Unidos que estava disposto a negociar. Rouhani é considerado mais moderado que seu antecessor. Contudo, perdura o medo de que a postura menos bélica de Rouhani seja apenas um artifício para que sejam removidas as sanções econômicas contra o Irã e que o governo iraniano continue com seu programa nuclear. Muitos países temem que ocorra no Irã o que ocorreu na Coreia do Norte: apesar das negociações, dos acordos e das promessas, o governo acabou desenvolvendo uma arma nuclear quando o mundo não estava “olhando”.
Desde 2003, quando se tornou público o programa nuclear iraniano, o programa de enriquecimento de urânio no país cresceu drasticamente: em 2003, era apenas algumas dezenas de centrífugas. Quando foi assinado o acordo, eram mais de 18 mil instalações e mais de 10 mil em operação. As máquinas produziram toneladas de urânio pouco enriquecido. Esse urânio pode ser transformado em material para a construção de armas nucleares.
O Irã insiste que seu programa nuclear tem um único propósito: assegurar o abastecimento de energia a longo prazo para o país. Porém, a comunidade internacional suspeita que ambições bélicas são o real motivo por trás desse programa. Vale lembrar que o Irã possui a quarta maior reserva mundial de petróleo.
É importante ressaltar que como o reator nuclear e a bomba nuclear seguem o mesmo princípio, o fato do Irã se interessar em desenvolver energia nuclear causa preocupação. O enriquecimento de urânio pode ser feito em diferentes concentrações do isótopo U-235. De 3,5 – 5% é usado para combustível nuclear, de 20% para uso médico e de 90% para uma bomba atômica. É importante ressaltar que a última etapa, que é a mais crucial, é também a mais rápida a produzir.
Desejos geopolíticos da obtenção de uma bomba atômica sempre agravam conflitos regionais.
A comunidade internacional teme que se o Irã desenvolver armas nucleares, estas poderão ser usadas contra Israel, os Estados Unidos, a Europa, e mesmo países árabes. (É importante ressaltar que os iranianos, apesar de serem muçulmanos xiitas, são persas, e não árabes).

Urias Rocha - Professor
Jornalista
Professor Urias Rocha
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